segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Alô pequenos e pequenas. Começo hoje a coluna resgatando a história de Ana Jansen, publicada em “O Imparcial”, assinada por Fernando Costa, a quem agradeço publicamente.

O verdadeiro medo da poderosa Ana Jansen

Ela foi contra todos e todas, quebrou paradigmas e foi julgada por isso. Mas seu poder continua lendário.

Ana Joaquina Jansen Pereira, antes de tudo, era uma mulher à frente do seu tempo. Nos altos e baixos de sua vida, fez fortuna e conseguiu poder – o que incomodou muita gente. Sua lenda é passada de geração em geração a ainda parece muito atual. Mas como ela se tornou a Rainha do Maranhão?

Tudo começa com um desatino: ainda adolescente, na província de São Luís do Maranhão, Ana Jansen engravidou sem saber a paternidade do filho – uma desonra colossal na sociedade do século 19.

Por conta da gravidez, foi expulsa de casa pelo pai. Desamparada e com um recém-nascido a tira colo, Ana Jansen passou dificuldades. Mas isso não a abateu, não.

Em uma sociedade liderada por homens, seu regresso começa quando conheceu o coronel Isidoro Rodrigues Pereira, um homem rico e casado que, depois de viúvo, casou com Ana. Eles tiveram seis filhos.

Malvista pela sociedade desde a adolescência, Ana era alvo de moralistas por seu comportamento liberal para a época – afinal, havia sido mãe solteira e ainda tinha que aturar os boatos de que antes de casar com o coronel Isidoro tinha sido sua amante. Mas após o casamento com um dos homens mais ricos da província, voltou a ser respeitada.

Depois da morte do marido, Ana Jansen, ainda com 38 anos, se mostrou uma excelente comerciante. Alcançou o posto de maior produtora de cana-de-açúcar e algodão da região, monopolizou a distribuição de água na província e foi senhora do maior número de escravos da redondeza. Reativou um partido político e virou voz social importante – algo impensável para o século em que vivia, quando as mulheres não tinham vez nas decisões.

Segundo o livro A Rainha do Maranhão, de Jerônimo de Viveiros, Ana Jansen teve, ainda, outros dois casamentos e mais quatro filhos – outra novidade para seu tempo. Morreu em 1889, aos 82 anos, de morte natural, em meio a especulações de maltrato e atrocidade a escravos – o que, até hoje, não se sabe se era fato verdadeiro ou só intriga da oposição política para sujar seu nome.

O certo é que a mudança de costumes sociais enraizados causa medo – até hoje, inclusive. Ana Jansen é símbolo da resistência e do crescimento da mulher independente na sociedade. O grande medo de Ana Jansen talvez fosse o de não ser autêntica e não lutar a própria batalha. Ela foi contra todos e todas, quebrou paradigmas e foi julgada por isso. Mas seu poder continua lendário e sua história de percalços pode nos ensinar mais que só o terror.

EM TEMPO: Inimigo de Donana Jansen, com quem vivia às turras, o Comendador Meireles tinha mandado preparar na Inglaterra, para vendê-los quase de graça, um milheiro de belos penicos de louça, com a cara da velha no fundo do vaso. Donana Jansen soube do fato e suportou com paciência o riso da cidade. Não reagiu logo: deu tempo ao tempo, enquanto ia mandando comprar, aos dois, aos três, às dezenas, na loja do Comendador, os penicos com seu retrato, até ter a certeza de que, agora, sim, só ela os possuía.

Apenas por perguntar, mal contendo o frouxo de riso, Damião perguntou a um dos negros:

- De quem vocês são escravos?

De Donana Jansen

Um cheiro insuportável de mijo podre desprendia-se de um vaso à parte, por sinal que maior que os outros, quase o triplo, e coberto com uma tampa também de louça.

- E esse aí? - quis saber Damião.

Minha sinhá deu ordem pra despejar o mijo dele na cabeça do Comendador, se ele aparecer pra tomar satisfação.

E sem interromper as pancadas seguras, o negro abriu para Damião a dentadura farta, que lhe encheu a boca feliz, rematando com este comentário, entre um penico e outro:

- Donana Jansen não é gente. T’ou cansado de dizer. Quem se mete com ela tem sarna muita pra se coçar. Ora se tem!

Informação: FaceTubes 

3 comentários:

  1. Amo as histórias de Ana Jansen. Minha idola do século 19. Mulher a frente do seu tempo. E se vivesse hj no Maranhão nosso estado não estaria tão atrasado. Pq ela era guerreira. Em sua época o Maranhão era uma das províncias mais ricas do Brasil.
    At: zil guia de Turismo.

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  2. Amo as histórias de Ana Jansen. Minha idola do século 19. Mulher a frente do seu tempo. E se vivesse hj no Maranhão nosso estado não estaria tão atrasado. Pq ela era guerreira. Em sua época o Maranhão era uma das províncias mais ricas do Brasil.
    At: zil guia de Turismo.

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  3. Verdade Zildenice, Donana era uma mulher muito a frente do seu tempo. excetuando alguns exageros atribuídos a ela,bem que o Maranhão poderia ter mulheres com garras, vontades e atitudes como Ana Jansen

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