segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Delator de Tiradentes teria fugido para São Luís e vivido seus últimos anos na ilha


Em 17 de fevereiro de 2019 foi o bicentenário da morte de Joaquim Silvério dos Reis, o ‘traidor’ da Inconfidência Mineira. Segundo historiadores, o anti-herói veio morar na capital maranhense para fugir de escândalo. Quem passa atualmente pelo Centro Histórico nem imagina que a antiga ‘Praça da Criança’, hoje ‘Praça do Reggae’, na verdade, foi a primeira morada de Joaquim Silvério dos Reis, o delator de Tiradentes.

Nesse mesmo 17 de fevereiro, tinha conversado com historiador e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Euges Lima, que nos apontou os fatos que comprovam a data da verdadeira morte do Coronel de Milícias, e de como a história, dele, assim como o próprio, é cheia de polêmicas e controvérsias.

Existe uma contradição quanto à data real da morte de Joaquim Silvério dos Reis. E este é só um dos pontos em que muitos textos biográficos diferem. Porém, o assento de óbito do mesmo encontra-se no Arquivo Público do Estado do Maranhão. “No referido Assento, está registrado que o Coronel de Milícias Joaquim Silvério dos Reis Montenegro, natural da freguesia da Sé da Cidade de Leiria, Patriarcado de Lisboa, faleceu no dia 17 de fevereiro de 1819, em São Luís, e que foi sepultado na Igreja de São João Batista”, diz o historiador Euges Lima. 

Joaquim Silvério dos Reis, o delator da Inconfidência.


O documento foi lavrado pela Catedral da Sé de São Luís. Porém, o túmulo de Silvério dos Reis que durante muito tempo foi identificado por uma lápide na Igreja de São João, localizada no Centro, devido a sucessivas reformas, acabou desaparecendo.

Segundo o pároco da Igreja de São João, padre Heitor Costa Moraes, os restos mortais dele podem ter sido retirados e enterrados em uma cova coletiva em que não houve identificação, mas também não se sabe onde. O Padre João Rezende, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Vila São Luís, confirma a informação da retirada do túmulo, mas acrescenta que os restos podem ter sido enterrados em ossário comum embaixo do piso da própria igreja, ou no Cemitério do Gavião. Esse mistério permanece. “O fato é que com as reformas ocorridas no Templo em décadas passadas que não observaram a importância histórica desses sepultamentos, o túmulo acabou desaparecendo, sem deixar vestígios e não sabemos atualmente o paradeiro dos seus remanescentes mortais”, aponta Euges Lima.

Silvério dos Reis ficou para a história do Brasil como: o delator, o anti-herói, uma persona non grata, sinônimo de traição, o algoz de Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier, 12 de novembro de 1746/21 de abril de 1792), o mártir da Inconfidência Mineira. Mas, segundo Euges, também é um personagem histórico pouco estudado, carente de biografias e esclarecimentos sobre passagens de sua vida e atuação na Inconfidência Mineira. “Historicamente falando, neste ano de 2019, um bicentenário, pois como foi dito, esse personagem controverso da história do Brasil, teve sua importância também para história do Maranhão. É uma temática ainda tão cheia de sombras e poucas informações, enfim, uma oportunidade de se promover pesquisas que possam aprofundar, esclarecer e divulgar mais sobre sua existência e trajetória em São Luís e no Maranhão, entre 1809 a 1819”, espera Euges que continua em seu afã de pesquisar tudo que se refere a Silveira dos Reis em sua estada e morte no Maranhão.

Euges Lima aponta, ainda,  que não há dúvidas quanto a permanência e residência de Joaquim Silvério dos Reis em São Luís durante os últimos dez anos de sua vida, entre 1809 e 1819, quando faleceu. “Provavelmente, retornou ao Brasil com a vinda da Família Real em 1808, vindo para o Maranhão no ano seguinte, pois, devido sua “delação premiada” ao movimento da Conjuração Mineira, ficou sem ambiente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, nesse sentido, se deslocou para o norte, o Maranhão, região distante de onde ocorreram esses acontecimentos e que tinha uma grande colônia portuguesa que o acolheu. Em "Joaquim Silvério dos Reis: Honra e Prestígio no Maranhão" (1989), Manuel de Jesus Martins quis provocar uma indagação: ele foi delator pra quem?

Professor assistente do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão, Manoel de Jesus Martins dis­se que “Silvério dos Reis veio para o Maranhão em 1809 porque aqui era outra unidade portuguesa, que nada tinha a ver com o Brasil. A vinda dele para cá foi estratégia no sentido de tirá-lo do foco”.

Já em São Luís, Sil­vé­rio dos Reis te­ve uma vi­da de re­ga­li­as, afi­nal, era mais uma au­to­ri­da­de por­tu­gue­sa. “Sua im­por­tân­cia na his­tó­ria do Ma­ra­nhão se dá, na ver­da­de, por con­ta de ter se tor­nan­do um per­so­na­gem his­tó­ri­co cé­le­bre e que pas­sou o res­to de sua vi­da aqui em São Luís. Sil­vé­rio dos Reis foi Co­ro­nel de Mi­lí­ci­as, agra­ci­a­do com o há­bi­to de ca­va­lei­ro da Or­dem de Cris­to, o tí­tu­lo de fi­dal­go da Ca­sa Re­al e vi­veu em São Luís co­mo mem­bro da eli­te por­tu­gue­sa lo­cal”, con­ta Eu­ges Li­ma.

Texto e imagens extraídos da página eletrônica, onde você ller o texto completo: https://www.facetubes.com.br/noticia/782/mulher-babacu-quer-saber-por-que-o-delator-da-inconfidencia-mineira-foi-tratado-como-heroi-no-maranhao- 

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