segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Artigo do secretário da Educação do Maranhão, Felipe Camarão

Os tempos adversos nos fazem crescer e superar limites que nem nós mesmos acreditamos que conseguimos. Essa crença pessoal nunca foi tão verdadeira neste período pandêmico. Na educação, temos experimentado algo jamais visto na história do Maranhão, que foi revelado no processo de Busca Ativa Escolar, que está em curso em todas as escolas da rede estadual.

Quero narrar a história do professor Jean Pierre, do município de Coroatá. Um esportista, assim como eu, que utilizou sua paixão pelo ciclismo para ir ao encontro de seus alunos na zona rural daquela cidade. Pierre leciona Física e Química, no Centro de Ensino Luiz Montenegro Tavares e, certo dia, pediu permissão à gestora da escola para se deslocar até os povoados Bento e Laranjeiras, em sua bicicleta, para avisar os estudantes sobre as provas: “professora, eu pedalo, será que posso ir para a zona rural de bicicleta? Daí eu disse: meu filho, se você topar, pode ir. Até eu, se tivesse uma bicicleta, iria junto”, contou-me a gestora. Observem, o professor foi pessoalmente até os povoados, que não possuem internet, para avisar seus estudantes sobre as provas.  

Esse é apenas um dos inúmeros relatos que nossa equipe tem recebido de diferentes regiões do Maranhão. No último mês, fizemos uma pesquisa para obter uma ‘radiografia’ das ações da Busca Ativa Escolar, na rede estadual, incluindo todas as escolas da rede (integral, regulares, militares e demais modalidades).

Segundo o levantamento, até o último dia 1º deste mês, 91% das escolas da rede adotaram, como estratégia para a realização da Busca Ativa, o uso de aplicativo de mensagens e redes sociais para contatar estudantes, pais e responsáveis; 82% delas fizeram contato por telefone com os estudantes que não estavam realizando as atividades escolares; 84% utilizaram material impresso para distribuir aos seus alunos; 80% contaram com a mobilização dos professores para acompanhar a frequência e entrar em contato com os estudantes; 73% fizeram visitas à casa dos alunos, e 61% dos centros de ensino responderam que a mobilização do Busca Ativa foi feita pelos próprios estudantes que fizeram contatos com o colegas.

Outro dado importante é que 59% das escolas promoveram um dia de mobilização; 31% utilizaram veículos de som (carros / bicicletas, etc.) e 27% utilizaram veículos de comunicação, tradicionais, como rádio e televisão para fazer o chamamento dos estudantes. Quanto ao envolvimento dos profissionais da educação, os professores lideraram com 95%; em seguida, gestores escolares, com 94%; estudantes (69%); apoio pedagógico (41%); e supervisores (31%).

O resultado parcial da pesquisa demonstra que, ao menos, 43.997 estudantes voltaram a participar das atividades realizadas pelas escolas estaduais, em média 72 alunos por escola. Mas cabe ressaltar que esse número é bem maior, tendo em vista que há escolas, ainda, por responder à pesquisa. Destaco que esse resultado vem do trabalho de todos que fazem a educação escolar, na rede estadual, uma equipe aguerrida que me orgulha pelo comprometimento para garantir o direito constitucional com acesso e permanência dos estudantes na escola.

Somado a tudo isso, no governo Flávio Dino, o Maranhão tem como parceiro potencial, para a Busca Ativa Escolar dos estudantes, o Unicef, a quem, em nome de todas as famílias maranhenses, agradeço pelo trabalho, junto com o Governo do Estado, com a campanha “Fora da Escola, Não Pode!”, adaptando-a para a realidade educacional da rede estadual, em meio à suspensão das aulas presenciais, em virtude da Covid-19.

Reitero o compromisso de toda a equipe da Seduc, incluindo a administração central, unidades regionais e escolas, com as medidas necessárias para combater o abandono e possibilitar que cada menina e cada menino persistam na busca de realizar seu projeto de vida na escola.      

Felipe Costa Camarão - Professor / Secretário de Estado da Educação e Reitor IEMA / Membro Titular do Fórum Nacional de Educação – FNEMembro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

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