segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

1. Deixar claro

Um dos assuntos da gramática que deixa muita gente confusa é a concordância, tanto a verbal quanto a nominal. Hoje vamos abordar uma regra específica de concordância nominal que a maioria transgride, que acontece com a expressão “deixar claro”. Observe o exemplo abaixo:

                Quero deixar claro duas coisas: não trabalho e não pretendo arrumar emprego.

Essa frase acima não suscita suspeitas de conter infração gramatical, uma vez que é muito comum. Mas, analisando cuidadosamente, veremos o erro cometido. Vamos às explicações:

Todos sabem que um adjetivo deve sempre concordar com o substantivo a que se refere. Por isso é que dizemos:

                Bela casa

                Belo jardim

                Belas casas

                Belos jardins

Na frase-exemplo, temos o adjetivo “claro”, que, por ser adjetivo, deve se referir a um elemento de natureza substantiva, e deve concordar com esse elemento, que, no caso, é o substantivo “coisas”. Como “coisas” é feminino plural, o adjetivo deve concordar com ele, portanto a frase correta é:

                Quero deixar claras duas coisas: não trabalho e não pretendo arrumar emprego.

Esse erro passa despercebido porque, na maioria das vezes, o que vem após a expressão “deixar claro” é uma oração iniciada pelas conjunções “que” ou “se”:

                Eu deixei claro que não estava ali para brincadeira.

                Ela não deixou claro se concordava com a proposta de venda do piano.

                Quero deixar claro que não fui eu quem escreveu essa carta.

                Por favor deixe claro se quer ou não participar da equipe.


Outros exemplos:

                Preciso deixar bem clara minha opinião sobre esse assunto.

                Quero deixar claros meus motivos para desistir do negócio.


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Informação: UFMA 

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