quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Enquanto o mundo enfrenta a pandemia de COVID-19, os pensamentos de muitas pessoas se voltam para as férias. Quantos de nós queremos fazer uma pausa? Mas que tipo de pausa?

Construído em meio a natureza, chalés são opção de turismo rural em Tapiraí, no interior paulista

Meses de confinamento e isolamento, sem falar na morte de entes queridos e no respeito pelos profissionais de saúde, geraram sérias reflexões sobre as formas como o mundo tem funcionado.

Em nenhum lugar isso é mais aparente do que no setor do turismo. Uma indústria de turismo saudável é essencial para a economia, a cultura e o meio ambiente globais.

“Esta pandemia nos alertou sobre a necessidade de mudar a forma como vivemos, viajamos e vemos o mundo. Temos a oportunidade de reconstruir de uma forma mais sustentável e optar por medidas de baixo carbono que protegem a natureza e a biodiversidade, mantendo os benefícios econômicos que a indústria do turismo multimilionária traz para as comunidades locais em todo o mundo ", disse Mark Radka, chefe do Setor de Energia e Clima do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Globalmente, o setor era responsável - direta e indiretamente - por cerca de 330 milhões de empregos em 2019, o equivalente a um em cada 10 empregos no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Setores relacionados, como hospitalidade, hotéis e indústrias de serviços alimentícios, empregaram adicionalmente 144 milhões de trabalhadores em países desenvolvidos e em desenvolvimento. 

Em alguns Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, o turismo é responsável por 30% das receitas de exportação, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT). As pequenas empresas, responsáveis por 80% da indústria, são particularmente vulneráveis, assim como as mulheres, que constituem 54% da força de trabalho do turismo, de acordo com estudos da OIT e da OMT. 

Turismo sustentável - O PNUMA está na vanguarda dos esforços para integrar políticas que transformem a indústria e enfrentem a tripla crise mundial das mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição.

Durante a conferência online Transformando o turismo para um mundo pós-COVID resiliente e sustentável, os especialistas do PNUMA traçaram um plano de seis pontos para avançar do turismo tradicional para o turismo sustentável, construindo comunidades e negócios mais resilientes por meio da inovação, digitalização, circularidade, finanças sustentáveis, sustentabilidade e parcerias.

“Os pacotes de estímulo financeiro e recuperação para COVID-19 são uma oportunidade única - nem um dólar pode ser perdido ou desperdiçado ao transformar o setor do turismo em um futuro tão 'a prova de pandemias e das mudanças climáticas' quanto possível”, disse Radka.

O impacto da pandemia no turismo foi significativo. O número cada vez menor de turistas em áreas protegidas tem ameaçado as espécies e comunidades que vivem ali. O desmatamento e a caça ilegal aumentaram em muitas partes do mundo. A COVID-19 também levou a um aumento de embalagens e produtos plásticos de uso único na hotelaria e no turismo.

“Reduzir o uso de itens e embalagens de plástico pode realmente reduzir os pontos de contato de contaminação cruzada. Por meio de procedimentos de limpeza e sanitização, a indústria do turismo pode trazer modelos de reutilização capazes de aumentar a rastreabilidade e reduzir o risco de contaminação. Isso também garantiria que o turismo reduzisse a carga sobre os sistemas locais de gestão de resíduos e protegeria os ecossistemas locais.”, disse Helena Rey, gerente  do Programa de Turismo e Meio Ambiente do PNUMA.

O PNUMA está aumentando a conscientização sobre essas questões por meio de campanhas e parcerias globais, incluindo a Iniciativa Mundial Sobre Plásticos e Turismo e a campanha Mares Limpos. Esses esforços pedem aos cidadãos, governos e indústria que tomem medidas para reduzir a poluição por plástico. 

Cadeias de valor - O turismo é responsável por 1/10 das emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo. O PNUMA está trabalhando com seus parceiros para reduzir as emissões geradas pelas operações hoteleiras, consumo de alimentos e eventos. O trabalho é apoiado pelo Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha.

O projeto Turismo Transformando Cadeias de Valor enfoca questões ambientais, como redução do desperdício de alimentos, melhoria da origem de produtos e serviços e melhor eficiência dos aparelhos de ar condicionado em quatro países nos quais o turismo ocupa um papel importante na economia nacional: Filipinas, República Dominicana, Ilhas Maurício e Santa Lúcia.

Jake Kheel, vice-presidente do Grupo Punta Cana, um representante do setor privado na República Dominicana, diz que isso faz sentido do pondo de vista empresarial, uma vez que os turistas, principalmente os mais jovens, querem ter a certeza de que estão trazendo valor aos lugares que visitam.

“As pessoas querem saber que seu tempo de lazer não está afetando as comunidades locais e os ecossistemas. Se administrado corretamente, o turismo pode trazer grandes benefícios, criar empregos e aumentar a receita de pessoas que precisam de escolas e serviços de saúde. Tem que ser autossuficiente”, disse ele.

A pandemia também fez avançar a digitalização, a inovação e a integração de novas tecnologias no turismo. Viagens virtuais, menus eletrônicos, check-in sem contato e comportamentos de consumo digital estão aumentando. Desde o surto da COVID-19 este ano, as taxas de compra de ingressos online para locais cênicos da China aumentaram para cerca de 40%, em comparação a 20% em 2019, sinalizando uma rápida adesão da digitalização.

Informação: Nações Unidas 

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