segunda-feira, 28 de junho de 2021

Às 5h da manhã, Sirley Lima já está de pé. Às 7h, está sentada à máquina de costura. Entre tecidos, agulhas, e muitas mãos que trabalham juntas, ela e outras 12 pessoas no bairro Cidade Operária e bairros adjacentes, em São Luís, no Maranhão, compõem uma força-tarefa com uma missão especial: produzir máscaras de proteção contra a COVID-19. Contratados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), eles agora são parte de uma rede de solidariedade, trabalhando para produzir máscaras que serão doadas a famílias ribeirinhas no Pará e no Maranhão.

Sirley faz parte do projeto "Uma mão ajuda a outra", do UNICEF com o apoio da B3 Social, que, além de gerar renda para as famílias envolvidas em toda a produção em São Luís, recebe as máscaras produzidas para compor kits de higiene que serão doados a famílias ribeirinhas no Pará e no Maranhão. Serão 15.820 máscaras produzidas até junho de 2021. 

Sirley aceitou a missão, animada, e ficou feliz por ver aonde seu trabalho vai chegar. “Eu estou me sentindo grata por estar fazendo parte deste trabalho que vai beneficiar tantas pessoas que estão precisando”, fala. O projeto também chegou em boa hora para a sua família, que pôde voltar a ter uma renda estável neste período.

Costureira há 20 anos, antes da pandemia, Sirley fazia de tudo, especialmente roupas encomendadas. Foram mais de dez anos costurando uniformes, até que começou a confeccionar roupas para clientes. Trabalhando de casa, recebia sempre a freguesia para tirar as medidas e produzir as peças. Mas então, de repente, a pandemia chegou para revirar o modelo de negócio que já havia construído.

“Eu achei que não voltaria mais, eu não podia mais receber nenhum cliente. Ficou fechado e foi difícil, porque não dava para fazer por telefone. Eu tenho que ter contato com a pessoa para provar, tirar medida”, lembra Sirley. Então, as encomendas de roupa, sua principal fonte de renda, pararam. Seu marido, Eliseu Lima, que trabalhava de forma autônoma como personal trainer, também não pôde mais seguir trabalhando. A família ficou sem saber o que fazer.

A situação começou a mudar quando uma amiga convidou Sirley para confeccionar algumas máscaras para doação. Mesmo sem nunca ter feito, ela aceitou o desafio e começou a produção. Foi aí que encontrou essa nova forma de aplicar sua experiência em costura na pandemia. “No começo da pandemia, eu cheguei a perder as esperanças, achar que tinha acabado tudo. Hoje, as costureiras só têm as máscaras, algumas estão se reinventando, fazendo panos de prato, porque roupa mesmo está difícil”, diz a costureira.

A união faz a força - Depois que entrou para o projeto, a família de Sirley decidiu ajudar. Seu marido, Eliseu, também começou a trabalhar na equipe do projeto como responsável pela parte de cortes dos tecidos para as máscaras. Na sua mesa de trabalho, um grande rolo de tecido e a ferramenta para corte estão na mão. “O tecido do forro tinha 2 mil metros, mas já está pela metade, porque eu já cortei 10 mil máscaras”, conta. Além disso, ele fica responsável por realizar as entregas e receber ou buscar os materiais necessários para confecção das máscaras.

Carla Mariana Ribeiro, também moradora da Cidade Operária e coordenadora do projeto, foi quem convidou Sirley para participar da produção. Ela é responsável por coordenar os 10 profissionais que realizam a confecção, além dos outros dois que realizam os cortes dos materiais. Semanalmente, a meta de cada membro da equipe é produzir 200 máscaras, mas a própria Sirley conta que consegue fazer até 150 em um dia só. “Existem algumas pessoas que conseguem produzir mais e acabam batendo a meta mais rápido, e elas acabam ajudando o outro profissional que está com dificuldade”, conta Carla.

Carla também é responsável por recolher as máscaras nas casas dos profissionais de costura, reuni-las e entregá-las para que sejam encaminhadas para doação. Ela se sente feliz por, além de poder ajudar outras famílias que estão em situação de vulnerabilidade durante a pandemia com as máscaras, servir de exemplo para a comunidade em que vive e as famílias de cada um dos colaboradores do projeto.

“Essas pessoas receberão esse material que está sendo confeccionado com tanto carinho por famílias que precisam, e que estão construindo o amor por meio das máscaras”, diz. “Eu tenho percebido que isso tem realizado sonhos na casa de muitas pessoas que fazem parte do projeto, além de muitas outras pessoas que estão nos vendo participar”, completa, contente.

Informação: Nações Unidas 

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