terça-feira, 24 de agosto de 2021

Como parte do processo de elaboração do Programa de Reeducação Ambiental com Formação em Educação Ambiental do Ministério Público do Estado do Maranhão, foi realizada, na manhã desta segunda-feira, 23, a primeira escuta ativa com o objetivo de construir um plano de trabalho a ser executado. Na discussão, o papel do grafite na paisagem urbana.

A escuta ativa é a segunda etapa da fase de preparação e buscará instituições e organizações da sociedade civil relacionadas com o tema.

Nesta segunda, o grafiteiro Ronald Rabelo conversou com a equipe do programa a respeito desse tipo de arte urbana. O diálogo com representantes de diversas instituições teve o objetivo de conhecer melhor a atividade, suas peculiaridades e dificuldades.

A diretora da Escola Superior do Ministério Público, Karla Adriana Holanda Farias Vieira, afirmou que o Ministério Público quer se apresentar de uma forma mais colaborativa e não tão só repressiva e que esses diálogos com setores da sociedade ajudarão a instituição a entender como chegar a esse objetivo, principalmente quanto a construção da matriz curricular do curso de reeducação ambiental.

O promotor de justiça Luís Fernando Cabral Barreto Júnior, que tem mais de 20 anos de atuação na área do meio ambiente, enfatizou como a cidade precisa ser vista como parte do meio ambiente, um conceito por vezes distante das pessoas. Segundo ele, essa separação está muito presente em discursos autoritários que buscam dar um caráter utilitarista ao ambiente urbano.

Na dinâmica dos trabalhos, Ronald Rabelo falou sobre o grafite e respondeu a questionamentos dos promotores de justiça, do representante da Secretaria de Estado da Educação, Luís Câmara Pedroza; da professora Bárbara Prado, do curso de Arquitetura da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da equipe da ESMP.

Ronald Rabelo falou do tamanho do movimento, que em São Luís tem cerca de 10 coletivos, além de outros artistas que atuam de forma independente. Entidades como o Centro de Cultura Negra (CCN) e o Grupo de Dança Afro Malungos (GDAM) realizavam oficinas de grafite mas, de acordo com o convidado, há muito tempo não existe esse tipo de atividade, que ele considera importante, em especial, para crianças e adolescentes.

Ele também falou sobre o respeito que há entre grafiteiros e pichadores, ressaltando que um grupo não invade o espaço do outro. A mesma relação não existe em relação a publicidades irregulares, que muitas vezes cobrem os painéis de grafite.

Outro tema questionado foi sobre a participação feminina no grafite que, segundo Ronald Rabelo, é pequena. “Temos grafiteiras muito boas em São Luís, mas são poucas”, explicou. Para o grafiteiro, a questão da segurança é um dos complicadores para uma presença feminina mais forte no meio.

Ainda de acordo com o convidado, qualquer tipo de regulamentação sobre o tema precisa passar por um debate com a classe e também com os pichadores, que formam outro grupo que também enxergam a sua produção como arte urbana.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O Programa de Reeducação Ambiental com Formação em Educação Ambiental é uma iniciativa do Ministério Público do Maranhão, por meio da Escola Superior do Ministério Público e das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo de São Luís.

O objetivo do Programa é ampliar os processos de ressocialização por meio de formação para os infratores, buscando mudar hábitos e práticas quanto à utilização dos recursos naturais. Entre os temas a serem abordados nos cursos estão conceitos básicos sobre meio ambiente, legislação, cidadania, comprometimento e responsabilidade ambiental.

Entre os parceiros da iniciativa estão as Secretarias de Estado da Educação, e Meio Ambiente, Universidade Estadual do Maranhão, Conselho Estadual de Educação e Fórum de Educação Ambiental do Maranhão.

Informação: Ministério Público - MA 

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