quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Pesquisa mostra que os cuidados vão se intensificar nos próximos anos. SESI tem iniciativas para ajudar os trabalhadores a cuidarem da saúde mental 


SÃO LUÍS – Todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte no mundo para pessoas de todas as idades. Cada vida perdida representa um parceiro, parceira, amigo, amiga, filho, filha, irmão, irmã, pai, mãe, amigo, amiga, parente ou colega de alguém.  

A campanha do Setembro Amarelo, com disseminação de informações e dicas importantes para conscientizar as pessoas sobre como agir e lidar com o assunto é cada vez mais importante, pois de repente você pode precisar usar alguma informação para promover a prevenção do suicídio que requer o esforço de todos e estratégias integrativas que englobem o trabalho no nível individual, de sistemas e da comunidade. 

O suicídio é o resultado de uma convergência de fatores de risco genéticos, psicológicos, sociais e/ou culturais, às vezes combinados com experiências de trauma e perda. Configura-se como morte intencional autoinflingida, ou seja, quando a pessoa decide tirar a própria vida. O comportamento suicida inclui suicídio e engloba ideação suicida e tentativas de suicídio com episódios de automutilação, por exemplo. 

A campanha Setembro Amarelo tem o objetivo de conscientizar sobre a valorização da vida e reforçar como é essencial conversar sobre o assunto, buscar ajuda e, principalmente, oferecer assistência necessária. O diagnóstico precoce, tratamento correto e acompanhamento profissional adequado dos distúrbios mentais são caminhos que impactam diretamente na redução dessas mortes. 

O Setembro Amarelo é marcado por ações que destacam os cuidados com a saúde mental. Desde o início da pandemia de Covid-19, esse tema está ainda mais em evidência. Uma recente pesquisa do Serviço Social da Indústria (SESI), por exemplo, mostra que 65% empresas acreditam que cuidados com a saúde mental dos trabalhadores vão se intensificar nos próximos anos.  

Entre as grandes indústrias, 93% creem no aumento da oferta de serviços psicológicos. “A pandemia acentuou o olhar das empresas sobre a saúde mental dos funcionários, já que este fator impacta significativamente na qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, na produtividade no ambiente laboral”, destaca Katyana Aragão, gerente-executiva de Saúde e Segurança na Indústria do SESI. 

O levantamento do SESI aponta que, das 46% empresas que possuem programas de promoção da saúde, 69% oferecem suporte psicológico aos trabalhadores e 24% oferecem atendimento remoto. Nas grandes empresas, o percentual das que oferecem teleatendimento vai chegar a 38%.  

O SESI tem disponibilizado alguns serviços para incentivar as empresas a ingressarem nessa rede de apoio para os seus funcionários.  

GUIA - Logo no início da pandemia, o SESI lançou um guia para empresas lidarem com a saúde mental dos trabalhadores nesse cenário. O documento traz recomendações para adaptar a gestão de pessoas nos seguintes contextos: trabalho presencial; home office; afastamento compulsório de trabalhadores e isolamento domiciliar de casos suspeitos ou confirmados da doença. 

Entre as principais recomendações às empresas estão a construção de um plano de proteção à saúde mental aos gestores e trabalhadores e criar formas de comunicação de qualidade e eficaz com os trabalhadores. 

TELEATENDIMENTO PSICOLÓGICO - O SESI oferece o serviço de telessaúde em medicina, enfermagem, nutrição e psicologia. A iniciativa, voltada a trabalhadores da indústria, é uma evolução do serviço de telemedicina, que funciona desde o ano passado, voltado a dar encaminhamento a casos de Covid-19. Empresas interessadas devem procurar o SESI no seu estado. 

O serviço auxilia os gestores e contribui para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Nas consultas, feitas via plataforma SESI Viva+, os pacientes interagem com os especialistas que podem solicitar exames, prescrever medicamentos e tratamentos. 

Conforme a coordenadora de saúde e segurança na indústria do SESI-MA, Ana Carolina Bandeira, o SESI segue uma tendência de crescimento de demanda de empresas e trabalhadores por atendimento remoto em saúde e segurança no trabalho.  

“A pandemia acelerou esse processo e, de forma geral, vimos que a telessaúde trouxe vantagens como agilidade, economia de recursos, efetividade na resolução dos casos e melhoria na gestão de saúde dos trabalhadores”, destaca Ana Carolina.  

Durante a pandemia, o SESI realizou 500 atendimentos psicológicos, onde os trabalhadores agendavam o atendimento por dia e horário e a psicóloga do SESI, realizava o atendimento.  

“Nesse período muitos trabalhadores tiveram sentimento de insegurança, medo e incerteza porque ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo e a dimensão dos impactos de uma pandemia. Percebeu-se o aumento de sintomas de transtornos mentais como ansiedade e depressão, especialmente para quem já tinha um histórico dessas doenças. Foi possível perceber também que aqueles que tiveram maiores alterações na rotina, como trabalhar em home office, sentiram mais o impacto”, destaca a psicóloga da Unidade de Promoção da Saúde SESI Araçagi, Bruna Dutra. 

O suicídio pode estar relacionado etiologicamente com uma gama de fatores, que vão desde os de natureza sociológica, ambiental, econômica, política, cultural, incluindo os psicológicos, transtornos mentais, genéticos e biológicos. Outros como desigualdades sociais; crises econômicas; pobreza; desemprego; violências, sobretudo as de gênero; desastres; eventos adversos; barreiras de acesso a saúde e educação; estigma e discriminação interagem como determinantes sociais de pensamentos e comportamentos suicidas. 

CONSULTORIAS E AVALIAÇÕES - Além de consultorias, o SESI oferece as empresas avaliação psicossocial de profissionais para trabalho em espaço confinado e altura e programas para prevenção ao uso de álcool e outras drogas, inclusão de pessoa com deficiência e melhoria do clima organizacional. 

O aumento do desemprego e a diminuição de renda também impactaram na dinâmica familiar e na saúde mental, dado o aumento de preocupação decorrentes dessa situação. A preocupação com o contágio e com a situação econômica têm acompanhado boa parte dos trabalhadores desde o início da pandemia. Já o medo e o estresse, embora também sejam manifestações recorrentes, parecem se relacionar com diferentes fatores, e se mostram acentuados agora. 

“O suporte social, seja familiar ou no trabalho têm se mostrado um grande aliado neste momento, que mesmo a distância, é um fator de proteção para o enfrentamento das dificuldades e incertezas que inundam o dia a dia, e que reforçam o sentido da vida em cada um”, reforça Bruna. 

A questão da saúde mental dos trabalhadores já estava no radar de muitas empresas industriais. Com a pandemia, ganhou ainda mais relevância e as empresas começam a ter iniciativas para implementar programa específico, com apoio do SESI, para tratar o assunto. 

EMPRESAS APOSTAM EM PROGRAMAS COM O APOIO DO SESI PARA O PLANEJAMENTO DAS INICIATIVAS – O SESI possui diversas iniciativas de atendimento psicológico e acolhimento de trabalhadores que enfrentam problemas como luto, estresse, burn out; educação e conscientização sobre hábitos saudáveis; preparação das equipes e líderes para lidar com fatores psicossociais; e ações complementares, como reconhecimento e valorização dos funcionários, estímulo ao lazer e outras, conforme a necessidade de cada equipe. 

Neste mês de setembro, o SESI realizou diversas palestras de sensibilização com gestores e trabalhadores de forma geral sobre o tema.  

“Estamos em um ciclo intenso de palestras nas indústrias com o tema Setembro Amarelo. Houve um maior interesse em relação aos anos anteriores. Realizamos ações nas empresas Edeconsil, Construtora Mota Machado, Cimento Bravo, Alumar, Plamont Engenharia, CDA Araguaia e EM Vidros. É notório o interesse dos trabalhadores, que trazem questionamentos e participam, inclusive com depoimentos”, destaca a psicóloga Bruna.  

Nilza Araújo Teixeira, técnica de enfermagem da Plamont destacou a importância de discutir o tema na empresa. “Já tivemos a oportunidade de trabalhar com o SESI outros temas relacionados a saúde e nesse mês de setembro que fala sobre o suicídio nós tivemos uma palestra que teve uma excelente aceitação entre o nosso público que na maioria são trabalhadores do operacional de diversos setores. Toda a palestra gerou um entendimento e foi muito satisfatória para os trabalhadores, que até solicitaram mais ações voltadas para o tema. A gente sabe que nesse período de pandemia os casos de depressão têm se agravado e aqui na indústria, no canteiro de obras não é diferente. Trazer esse assunto é muito importante, proveitoso e valioso porque muitas das vezes a informação não chega.   

“Ainda há muito estigma em relação à questão psicossocial, mas o fato de a empresa inserir esse aspecto em sua estratégia da saúde dos trabalhadores estimula que eles se envolvam e cuidem mais desse aspecto de suas vidas”, ressalta Ana Carolina. 

“Nosso objetivo maior é sensibilizar a população trabalhadora industrial do Maranhão para esse grave problema que pode atingir a qualquer um de nós, seja na nossa família, no nosso ambiente de trabalho e nos demais espaços de socialização que fazermos parte e, ainda, demonstrar que todos podemos participar dessa luta pela prevenção do suicídio”, destacou superintendente do Serviço Social da Indústria do Maranhão, Diogo Lima Diniz. 

NÚMEROS PREOCUPANTES - Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OS), a cada ano, são registrados mais de 800 mil casos de suicídio no mundo. No Brasil, são 11 mil casos anualmente. “A depressão apresenta sinais que podem ser identificados na rotina do trabalho e que vão muito além da tristeza. Identificar estes sinais são muito importantes para o início do tratamento e prevenção do suicídio”, explica Ana Carolina. 

Segundo ela, o diálogo é muito importante no processo. A pessoa que está passando por um sofrimento profundo, precisa saber que tem apoio. “O suicídio é um mal silencioso e um problema de saúde pública, que precisamos combater e nos unir, cada vez mais, para salvar vidas”, ressalta. 

A cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2016. 

O suicídio não ocorre apenas em países de alta renda, sendo um fenômeno em todas as regiões do mundo. De fato, 79% dos suicídios ocorreram em países de baixa e média renda em 2016. 

Trata-se de um grave problema de saúde pública; no entanto, os suicídios podem ser evitados em tempo oportuno, com base em evidências e com intervenções de baixo custo. Para uma efetiva prevenção, as respostas nacionais necessitam de uma ampla estratégia multissetorial. 

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelam que o número de suicídios no Brasil em 2020 foi de 12.895, com variação de apenas 0,4% em relação a 2019, quando foram registrados 12.745 casos. Os estados que apresentaram maior número, repetindo o ano anterior, foram São Paulo, Minas Gerais e Porto Alegre, nessa ordem. A tendência no país é de alta: em 2012, foram 6.905 casos. 

Informação: Fiema

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