sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O município maranhense de Cajari (MA) produziu 125 toneladas de amêndoa de babaçu em 2020, totalizando R$ 251 mil em valor de produção. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em 2019, a cidade produziu 116 toneladas, totalizando R$ 238 mil. Isso significa que a receita com a extração da amêndoa de babaçu aumentou 5,4% no último ano. O resultado é um alívio para as quebradeiras de coco locais, que tiram o próprio sustento da exploração do fruto do babaçu. Como é o caso de Maria Antônia dos Santos, de 68 anos. Ela mora no quilombo do Camaputiua, conta que trabalha como quebradeira de coco desde os 5 anos de idade.

“Tiramos nosso sustento do coco. Lutamos muito por esse coco e não podemos deixar de lutar, porque sabemos o valor desse recurso. Com essa renda a partir do coco é que a gente sobrevive. Por isso lutamos, para que nunca se acabe o palmeiral na nossa comunidade”, afirma. 

Óleo de babaçu X Óleo de palmiste 

Nos últimos anos, o óleo de babaçu, que é extraído das amêndoas, vem perdendo espaço para o óleo de palmiste (originário da África), principalmente como insumo na fabricação de sabão e sabonete, o que tem prejudicado as famílias tradicionais que têm no babaçu uma fonte de renda. 

Diante deste cenário, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen), do Ministério do Meio Ambiente, criou a Câmara Temática do Óleo de Babaçu, instituída com o intuito de resgatar a competitividade do óleo de babaçu. 

Na avaliação do deputado federal Pastor Gil (PL-MA), as autoridades, assim como o setor produtivo, devem implementar programas que revertam a queda na produção do insumo em Cajari e em outros municípios como Anajatuba, Conceição do Lago-Açu e Matinha. Isso, segundo o parlamentar, contribuirá para a expansão das áreas de plantio e melhora na qualidade de vida das famílias que dependem dessas atividades. 

“Nossa luta no interior do estado vem sendo garantir o acesso das quebradeiras de coco babaçu, que mantêm uma tradição econômica no local, e conseguem o sustento tanto com a extração quanto com a produção em cooperativa de sabão, sabonete, azeite e até carvão”, destaca. 

Competição

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), a produção do óleo de babaçu caiu de 53 mil toneladas em 2010 para 22 mil toneladas em 2019, no Brasil. Já a produção do óleo de palmiste, no mundo, saltou de 5,75 milhões de toneladas para 8,9 milhões de toneladas no mesmo período, aponta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. 

Para o pesquisador da Embrapa Cocais, José Frazão, o óleo de palmiste tem se sobressaído ao óleo de babaçu porque tem custos de produção inferiores. “O óleo de babaçu é mais caro porque é um produto do extrativismo. O extrativismo tem, normalmente, baixa produtividade. O custo do óleo de palmiste é muito mais baixo. Se o Brasil começar a importar óleo de palmiste, a consequência é a queda de preço imediata do óleo de babaçu, o que traz consequências para as quebradeiras de coco”, avalia. 

De acordo com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, mais de 300 mil mulheres extrativistas trabalham com o babaçu no Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará. 

Fonte: Brasil 61 

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