terça-feira, 30 de novembro de 2021

Dificuldades para recompor um equilíbrio econômico e social são maiores desafios a superar no caminho do desenvolvimento no pós-pandemia 

SÃO LUÍS – Conforme o dia a dia da economia se reaproxima da normalidade, com o avanço da vacinação, fica evidente que o Brasil terá que lidar com problemas que já atrapalhavam a economia antes da pandemia e paralelamente com novos desafios trazidos pelo Covid-19. 

A pandemia afetou diretamente o ciclo de recuperação da atividade industrial no Brasil e no Maranhão. O fato das medidas de isolamento social e o “fique em casa” adotados para o controle do vírus promoveram a desaceleração econômica, colapso na produção industrial de não essenciais, paralização de atividades e fechamento de empresas industriais, comerciais e de serviços, além da queda da renda, da arrecadação e de demandas por parte dos consumidores. 

Segundo o coordenador de Ações Estratégicas da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), o economista José Henrique Braga Polary, “nos Estados onde a indústria é frágil são maiores as dificuldades para recompor um equilíbrio econômico e social e maiores são os desafios a superar no caminho do desenvolvimento no pós-pandemia”. 

Para Polary a saída é trabalhar eixos considerados estratégicos para mudar esse cenário. “O Maranhão, em especial, precisa trabalhar a Educação e Qualificação Profissional como eixo básico e essencial para o desenvolvimento do sistema produtivo e melhorar a capacidade competitiva do estado, para ofertar mão de obra de melhor qualidade para as indústrias e, assim, evitando ir buscar profissionais de outros estados”. Segundo o economista, outros eixos importantes dizem respeito ao desenvolvimento de mercado e tecnologia e inovação (segundo estudo da FIEC Inovação, o Maranhão ocupa o 23º lugar entre unidades federativas e o último do Nordeste nesse quesito), ambiente de negócios com segurança jurídica e convergência da infraestrutura e logística em relação aos mercados reais e potenciais. “Precisamos deixar de olhar o Maranhão pelo retrovisor estender a visão para o futuro”, aponta. 

A INDÚSTRIA MARANHENSE OSCILA INSTABILIDADE - Segundo dados do IBGE, a participação da Indústria no PIB brasileiro caiu em torno de quase 5 pontos percentual. Em 1998, chegava a 25,1% e, em 2020, esse número chegou à casa de 20,4%. De 2010 a 2018, a participação no valor adicionado da indústria no Valor Adicionado Bruto (VAB) total do Maranhão foi de 16,7% em 2010 chegando a 18,5% em 2018, depois de uma queda registrada de mais de 2 pontos de 2015 a 2017. Aproxima-se da participação nacional.  

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria para 2021. A nova previsão é de alta de 6,1% ante 6,9% feita em julho, de acordo com o Informe Conjuntural do 3º trimestre. A economia brasileira, segundo a CNI, deve crescer à taxa de 4,9%, graças às expectativas mais favoráveis do setor de serviços, com o bom desempenho de tecnologia da informação, logística e serviços técnico-profissionais e com a expectativa de recuperação dos serviços prestados às famílias.  

A revisão para baixo do PIB industrial ocorreu pelo desempenho negativo da indústria de transformação no primeiro semestre. A previsão é de que esse segmento cresça 7,9%, um ponto percentual a menos que os 8,9% previstos na versão anterior do Informe Conjuntural.  

Na avaliação do gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, no segundo semestre de 2021 a indústria continua a ser impactada pela falta e encarecimento dos insumos e pela elevação do custo da energia elétrica. Além disso, a elevação dos juros para conter a inflação vai afetar de forma negativa os custos financeiros e o financiamento das empresas industriais. “O aumento acumulado de custos compromete a competitividade dos produtos brasileiros e prejudica, em especial, a indústria de transformação, que concorre com produtos importados no mercado doméstico e enfrenta concorrência de outros países em suas exportações”, explica. 

Inflação é, atualmente, o maior destaque entre os desafios imediatos da economia - A inflação é, atualmente, o maior problema, surpreendendo negativamente mês após mês e provocando elevação da taxa de juros. São vários os fatores afetando a inflação como a desorganização das cadeias de suprimentos gera pressão sobre os preços de bens industriais; a crise hídrica eleva os custos com energia e alta nos preços das commodities e a desvalorização da taxa de câmbio elevam os preços de alimentos e combustíveis, além da progressiva normalização do consumo de serviços pelas famílias eleva, aos poucos, os preços de serviços. 

Em suma, todos os componentes do IPCA estão contribuindo pela alta da inflação, que recentemente chegou a dois dígitos em 12 meses. Assim, a inflação deve manter-se em nível elevado até o final do ano e superar o teto da meta para 2021. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2021 em 8,9%, acima do teto da meta de inflação para 2021 (5,25%). 

CONTAS EXTERNAS CONTRIBUEM POSITIVAMENTE PARA O PIB EM 2021 - A previsão é de saldo comercial positivo em US$ 78,1 bilhões em 2021. Há uma tendência de aumento no saldo da balança comercial em curso desde 2015. O saldo positivo da balança comercial em 2021 é resultado de um crescimento expressivo das exportações, que vai superar o registrado pelas importações.   

A SEGUNDA ONDA DA PANDEMIA FOI UM ENTRAVE À RETOMADA DA ATIVIDADE ECONÔMICA - O setor de serviços vem se recuperando a uma taxa superior à esperada, segundo o Informe Econômico da CNI e já se encontra em patamar superior ao verificado antes da pandemia.  

Os dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, mostram, em julho de 2021, uma atividade 3,9% maior que a de fevereiro de 2020.  O desempenho dos subsetores, no entanto, não é uniforme. Os serviços de tecnologia da informação têm o melhor desempenho em relação a antes da pandemia, seguidos dos serviços técnico-profissionais. Também se destacam positivamente o transporte aquaviário e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio. Os serviços de tecnologia da informação se beneficiaram com as mudanças implementadas pelas famílias e pelos negócios em direção ao comércio online e ao atendimento à distância.  

“À medida que os efeitos da vacinação se consolidam, com queda nas internações e nas mortes relacionadas à covid-19, espera-se uma normalização gradual da economia, com retomada dos serviços prestados às famílias, e do transporte aéreo e toda a cadeia do turismo”, destaca o presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves.   

Caso o nível de atividade desses subsetores retorne ao nível anterior à pandemia, esse fator implicará em um crescimento adicional de 2,7% no setor de serviços de forma agregada e de 1,6% no PIB, dadas as suas participações na economia. Não está claro se toda essa recuperação ocorrerá ainda em 2021 ou se estenderá para os primeiros meses de 2022. 

Informação: Fiema

0 comentários:

Postar um comentário