quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2022 como o Ano Internacional do Desenvolvimento Sustentável das Montanhas. A resolução, votada no início de dezembro, visa aumentar o conhecimento sobre a importância de preservação e incentivar ações que reduzam o descarte de resíduos poluentes nestes ecossistemas.

Uma pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), revelou que 99,7% dos turistas de áreas montanhosas já viram lixo e resíduos descartados incorretamente. Foram ouvidas 1.750 pessoas de 74 países. A maioria disse ter encontrado plástico, lixo orgânico e papel ou papelão, especialmente em trilhas, perto de estacionamentos e locais de descanso. 

Ainda de acordo com a pesquisa, seis em cada dez turistas notaram um aumento no lixo nos últimos cinco anos, enquanto mais de 75% identificaram máscaras ou frascos de desinfetante para as mãos em seus trajetos– um reflexo de como subiu o número de turistas em montanhas e locais remotos durante a pandemia de COVID-19.

Ação - Para conscientizar os viajantes, o PNUMA nomeou o alpinista nepalês Nirmal Purja como embaixador das montanhas.  Uma das primeiras ações do novo embaixador foi promover uma limpeza no Monte Manaslu, no Nepal, a oitava montanha mais alta do mundo. Purja e sua equipe recolheram 500 quilos de lixo, incluindo cordas e recipientes de oxigênio, deixados por outros alpinistas.  

Agora eles buscam fazer o mesmo em outro local: o Monte Everest. O grupo ainda deve passar pelo K2, no Paquistão, e Ama Dablam, também no Nepal.

Em 2019, Purja já chamava atenção para a causa. Naquele ano, ele tirou uma foto do excesso de pessoas no topo do Monte Everest e disse que o lixo estava se tornando tão comum que estava esmagando a montanha.  Segundo ele, durante uma escalada os alpinistas deixam, em média, oito quilos de lixo - incluindo barracas, tanques de oxigênio, cordas e dejetos humanos.

Para reverter esse cenário, o alpinista espera usar o título de embaixador para aumentar a conscientização sobre os danos que o turismo insustentável está causando às montanhas do mundo e promover ações para protegê-las da poluição.

Frágil - O especialista em ecossistemas de montanha do PNUMA, Matthias Jurek, afirma que a pandemia é uma oportunidade para repensar o turismo de montanha e seus impactos. Embora pareçam imponentes, os ecossistemas das montanhas são frágeis. O lixo é uma ameaça para a vida selvagem e polui a água, representando um risco para a saúde das comunidades.  

Jurek acredita que é preciso promover um turismo mais sustentável nas regiões montanhosas para prevenir, travar e reverter sua degradação. Quando feito corretamente, o turismo de montanha pode ajudar as comunidades próximas a levar vidas mais sustentáveis. 

Entre as medidas defendidas por ele estão a proibição do uso de plásticos descartáveis nestes locais e o incentivo ao desenvolvimento de alternativas de consumo que envolvam reciclagem e economia circular, levando em consideração que, de acordo com dados do PNUMA, a poluição por plástico deve dobrar na próxima década. 

Herói - Em parceria com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e federações de esportes de montanha, o PNUMA lançou um guia prático com 10 dicas para visitantes reduzirem suas pegadas ambientais e tornarem-se heróis e heroínas da montanha. Confira:

Escolha hospedagens ecológicas – pesquise locais que respeitem políticas ambientais;

Escolha roupas e equipamentos adequados – adquira itens sustentáveis e que possam ser reparados em caso de dano;

Reuse – tente fazer sua viagem sem plásticos descartáveis;

Diminua sua pegada de carbono no transporte – prefira transporte público, ofereça e peça carona;

Fique na trilha – mantenha o trajeto desenhado e respeite a vida selvagem; 

Leve apenas fotos – a natureza é mais bonita na montanha que em casa; 

Não deixe vestígios – leve toda sua comida e lixo embora; 

Mantenha a água limpa – não use detergente e xampu em lagos e rios; 

Compre localmente – apoie comércios locais; 

Defenda as montanhas – use sua voz para encorajar a mudança. 


Informação: Nações Unidas 

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