ALCÂNTARA – No Dia Mundial do Rim 2024, 14 de março, o SESI se aliou à Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em uma iniciativa de cooperação social da indústria na comunidade quilombola de Itamatatiua, no município de Alcântara. A campanha deste ano teve como tema “Saúde dos Rins (& exame de creatinina) Para Todos: porque todos têm o direito ao diagnóstico e acesso ao tratamento”.
O foco da iniciativa foi na importância da equidade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença renal crônica (DRC). Consulta com nefrologista (médico de rim) e realização do exame de creatinina e de urina, usados para avaliar a saúde renal do paciente, foram dois dos serviços oferecidos por uma equipe multidisciplinar do Serviço Social da Indústria (SESI) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que reuniu mais de 80 profissionais.
DOENÇA SILENCIOSA - A Sociedade Brasileira de Nefrologia estima que no Brasil cerca de 50 mil pessoas por ano com doença renal morrem precocemente antes de ter acesso à diálise ou ao transplante. Isso porque não há igualdade na assistência à saúde renal em regiões onde há barreiras no acesso ao diagnóstico e tratamento, especialmente à terapia renal substitutiva.
O médico nefrologista Dyego Brito, que é gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário (HU) Presidente Dutra, explicou que a campanha mundial é realizada no sentido de conscientizar a população sobre a necessidade de fazer o diagnóstico e iniciar um tratamento precoce das doenças renais. “Essas doenças, especialmente a renal crônica, tem caráter assintomático durante boa parte da sua evolução. Atualmente, o Brasil gasta bilhões em terapia renal substantiva, especialmente hemodiálise e transplante”, esclareceu.
No entanto, o diagnóstico tem um custo baixo por meio de exame de sangue (creatinina) e de urina. Por esses dois exames é possível detectar indicadores de doença renal. O HU já realizou em torno de 750 transplantes renais e cerca de 2.500 pacientes estão em tratamento. Mas a grande maioria das pessoas com problemas renais está sem diagnóstico e tratamento adequado.
Pessoas com hipertensão arterial, diabetes, obesas e idosas têm maior risco de desenvolver problema renal. Daí porque avaliar esses indicadores ajuda no controle dessas doenças e a diminuir a mortalidade. Há 10 anos a UFMA iniciou um grande inquérito na comunidade remanescente de quilombo em Itamatatiua, onde tradicionalmente a população tem uma dieta à base de carboidratos como arroz e farinha. Esses hábitos alimentares podem levar a problemas de saúde como diabetes.
Em 2019, foi realizada a primeira ação no Dia Mundial do Rim, que retornou este ano com a parceria com o SESI, que colocou à disposição toda a sua estrutura móvel, logística, materiais e profissionais habituados a atender as populações mais remotas do estado por meio de suas unidades móveis.
SESI ITINERANTE - “A parceria com o SESI oportunizou a essa comunidade ter acesso não só ao diagnóstico da doença renal, mas também a outras ações importantes para o cuidado com a saúde”, frisou Dyego Brito, acrescentando que ações como essa ajudam para que hipertensores e diabéticos possam ser tratados da sua condição de base, da pressão alta e do açúcar alto no sangue, para evitar doenças renais.
0 ex-reitor da UFMA e médico nefrologista, Natalino Salgado, participou da ação. Ele disse que este ano a iniciativa foi diferente pela parceria com o Serviço Social da Indústria, que permitiu uma ação de saúde com maior êxito. “O superintendente do SESI, Diogo Lima, mobilizou toda a equipe de profissionais e colocou à disposição toda a expertise da instituição em logística e isso é fantástico”, disse Salgado. Ana Carolina Bandeira, coordenadora de Saúde e Segurança na Indústria, coordenou a ação pelo SESI. “O SESI, nesta parceria, colocou à disposição serviços de promoção à saúde como vem fazendo com o SESI Itinerante, que já visitou quase 30 municípios e realizou milhares de atendimentos. Para gente é uma honra realizar cooperação social como essa para reforçar a promoção da saúde dos maranhenses”, disse Ana Carolina.
Além das consultas e exames relacionados ao diagnóstico de doenças renais crônicas, a comunidade também teve acesso a eletrocardiograma, consulta oftalmológica e serviços odontológicos, além de dicas de nutricionistas para evitar o consumo exagerado de sal, açúcar e gordura saturada. Diabetes e pressão alta, doenças causadas por uma alimentação pobre em nutrientes, estão entre os fatores de risco para doenças renais crônicas. Zilda Ernestina dos Santos, 56, foi uma das pessoas atendidas em Itamatatiua. A lavradora fez consulta e eletrocardiograma. “Sou hipertensa e durante a palestra com as nutricionistas eu descobri que também não posso tomar café com muito açúcar, como faço hoje, confessou a trabalhadora.Nos dias 19, 20 e 21, a equipe multidisciplinar do SESI Itinerante, que esteve em Itamatatiua, atenderá no município de Icatu e nos dias 26 e 27, na Cidade Operária, em São Luís.SOBRE ITAMATATIUA - No quilombo de Itamatatiua, localizado a 60 km do Centro de Alcântara e a 20 km do Terminal de Passageiros de Cujupe, residem aproximadamente 250 famílias. A comunidade tem no artesanato de cerâmica sua principal fonte de renda. Essa tradição é mantida de geração em geração e acessível ao público no Centro de Produção de Cerâmica de Itamatatiua, criado em meados da década de 90 pela Associação de Mulheres de Itamatatiua, onde são comercializadas peças como pratos, xícaras, potes, panelas, cumbucas, estátuas e chaveiros. A comunidade tem mais de 300 anos de tradição cultural.
Informação: Fiema
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