De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, neste período, as chances de acidentes aumentam em 25% e os casos mais comuns são quedas, queimaduras e afogamentos
Com o início das férias escolares e as crianças mais tempo em casa, as famílias precisam redobrar os cuidados, já que neste período aumentam em 25% as chances de acidentes domésticos com os pequenos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A SBP apresenta ainda outro dado: a cada ano, ocorrem cerca de 200 mil acidentes domésticos envolvendo crianças no país. Entre os casos mais incidentes estão quedas, queimaduras, afogamentos e intoxicações, sendo o primeiro o responsável por mais de 33 mil internações de crianças menores de 10 anos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023.
Sendo este o período de maior risco de incidência de acidentes, a médica pediatra Pâmella Nowaski Lugon destaca que as crianças que mais frequentemente sofrem acidentes domésticos são aquelas entre 2 e 5 anos, já que, nesta idade, elas desconhecem os perigos e, a isso, ainda se soma o fato de estarem na fase de exploração e curiosidade. “As famílias e cuidadores, neste período de férias, podem minimizar esses riscos com a supervisão cuidadosa e com a preparação do ambiente onde essa criança ficará. Eles devem ficar atentos às fases de desenvolvimento das crianças: se já estão engatinhando, é importante proteger as tomadas e as janelas com telas; não usar móveis abaixo da janela, porque a criança pode entender que aquele móvel é para ela subir e chegar à janela; e ter cuidados com as quinas dos móveis e com os cabos das cortinas, que representam risco de enforcamento”, exemplifica a médica.
Os maiores riscos por cômodos
A professora do Instituto de Educação Médica (IDOMED) ressalta que a cozinha é onde mais ocorre acidente doméstico com crianças, e enfatiza que o acesso dos pequenos deve ser limitado ao local enquanto houver o preparo dos alimentos. “Outras dicas importantes são: sempre colocar os cabos das panelas para a parte de dentro do fogão, evitando que a criança puxe o cabo da panela e se queime; posicionar objetos cortantes nos andares de cima dos armários e não manipular o fogão com crianças no colo”.
O segundo cômodo com mais incidência de acidentes é o banheiro. Segundo a pediatra, nele a atenção deve ser dada aos medicamentos usados pela família, que não podem ter fácil acesso às crianças, evitando risco de intoxicação; usar tapetes antiderrapantes e manter o piso sempre seco; e ter atenção ao vaso sanitário, o mantendo sempre com a tampa abaixada e, se possível, com uma trava, evitando assim risco de afogamento de crianças pequenas.
Pâmella Lugon destaca também o quarto das crianças: nele, os cuidados devem ser com as quedas dos trocadores de fraldas, que normalmente são altos; e com as camas, que devem ser cercadas, sendo que as frestas das cercas devem ter espaço entre 5 e 7 cm, para a criança não se prender. “Nesta fase de férias, normalmente visitamos lugares que não são corriqueiros, então, ao viajar é importante deixar sempre as portas trancadas, para que a criança não as abra e vá para a rua. Outros pontos que merecem atenção são as piscinas, que devem sempre ser gradeadas ou cobertas; e os elevadores, não deixando crianças menores de 10 anos usá-los sem um acompanhante adulto. Crianças crescem e vão ganhando autonomia e aprendendo a lidar com riscos aos poucos, e, até lá, toda supervisão é pouca, então é preciso ficar de olho e ter esses cuidados com o ambiente, principalmente nessa fase de férias escolares”, finaliza a professora do IDOMED.
Prevenção a afogamentos e socorro
Acidentes com afogamento também merecem total atenção: segundo a ONU, 236 mil pessoas morrem por afogamento todos os anos, e os afogamentos causaram mais de 2,5 milhões de mortes na última década. O órgão, que instituiu o dia 25 de julho como o Dia Mundial de Prevenção do Afogamento, alerta ainda que as maiores taxas de afogamento ocorrem entre crianças de 1 a 4 anos, seguidas por crianças de 5 a 9 anos.
Segundo o professor do curso de Enfermagem da Estácio, André Conceição, casos de afogamento entre crianças não ocorrem apenas no mar, piscina, lagos ou rios, mas também em baldes, bacias ou tanques, ressaltando a importância de não deixar água acumulada nestes locais. O profissional ainda dá algumas dicas para as famílias que forem curtir a praia, piscina ou rio com os pequenos nas férias. “Quando for à praia, além de identificar as crianças com pulseiras com nome dos responsáveis, outra questão de extrema importância é nunca deixá-las entrar no mar sozinhas. A supervisão de um adulto é sempre importante também nas piscinas, além de mantê-las o tempo todo com boias de braço ou coletes. Em casos de passeios em regiões com rio e ribeirões, a atenção deve ser redobrada com as correntezas e se o tempo fechar, com nuvens que indicam chuva, o ideal é sair imediatamente do local devido aos riscos de tromba d’água”, alerta o enfermeiro, lembrando que em casos de afogamento a primeira medida é pedir socorro aos salva-vidas ou a alguém que tenha conhecimento de manobras de primeiros socorros, além de chamar pelo Corpo de Bombeiros pelo telefone 193 ou pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo 192.
0 comentários:
Postar um comentário