A ação, que combina artes visuais e literatura, passará por São Luís e Alcântara e terá três oficinas e uma exposição.
MARANHÃO – Neste mês de outubro, o Maranhão contará com a realização de uma ação cultural especial voltada para a combinação entre as artes visuais e a literatura. O projeto Pular N’Água, que propõe um mergulho e um trânsito artístico entre artistas nacionais e maranhenses, será realizado em São Luís e Alcântara. A estreia será neste sábado (19), no Chão SLZ, na Rua do Giz, 167, no Centro Histórico da capital.
O Pular N’Água realizará diversas ações nas duas cidades, como oficinas, residências artísticas e uma exposição, que ocorrerão, paralelamente, tanto em São Luís quanto em Alcântara. Além do Chão SLZ (em São Luís), em Alcântara, as atividades serão realizadas no Museu de Alcântara, localizado na Praça da Matriz, no Centro da cidade; e também no Centro de Produção Cerâmica de Itamatatiua, na Estrada de Pinheiro.
O corpo de residentes é formado por um artista visual e um escritor brasileiros, convidados a viajarem para o Maranhão, além de um artista e um escritor residente do território maranhense. São eles: Sophia Pinheiro (GO) e Romildo Rocha (MA), ambos artistas visuais; e Josoaldo Lima Rêgo (MA) e Geovani Martins (RJ), ambos escritores.
Durante o projeto, os artistas locais participam das ações também como anfitriões, apresentando referências e expressões culturais locais a todos os participantes do programa, potencializando o intercâmbio. Ou seja, uma forma de fortalecer a construção de redes colaborativas entre instituições, artistas e comunidade, potencializando a valorização de conhecimentos, práticas e saberes locais do território maranhense.
Com a promoção de ações educativas e artísticas que valorizam a cultura maranhense e viabilizam encontros e intercâmbios com agentes da cultura nacional, o projeto Pular N’Água possibilita que o público possa compartilhar a História, conquistas, traumas, tradições, saberes ancestrais e muitas celebrações.
Desta forma, as atividades buscam contemplar principalmente a população maranhense, tanto artistas como comunidades, mas também criar pontes com novos criadores, artistas e autores brasileiros de uma nova geração, cujas pesquisas e práticas criativas poderão ser conhecidas e repercutidas pelos artistas locais.
O projeto Pular N’Água tem patrocínio do Banco do Nordeste Cultural, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Com concepção e produção geral do Chão SLZ e da Organik Produções, o projeto conta com curadoria e coordenação geral de Paula Signorelli e Samantha Moreira, além de produção executiva da Mariana Cronemberger e apoio da Casa do Sereio, Centro de Produção Cerâmica de Itamatatiua, Museu de Alcântara e Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Oficinas gratuitas
Uma das principais atividades do projeto em sua passagem pelo Maranhão será a realização de três oficinas gratuitas oferecidas ao público em geral. A primeira delas será a de Escrita Criativa, com Geovani Martins, que ocorrerá no Chão SLZ, nos dias 19 e 26 de outubro (sábados), das 15h às 17h (as inscrições estão encerradas).
A oficina propõe um espaço dedicado à escrita criativa ao longo de dois encontros e focará em destacar os principais fundamentos do texto literário: o argumento, a estrutura e a linguagem. A partir de alguns contos do livro “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins, serão investigados caminhos possíveis para escrever uma história.
Já no dia 23 de outubro (quarta-feira), das 17h às 21h, o escritor maranhense Josoaldo Lima Rêgo oferece a oficina de Poesia/ Escrever a Paisagem para o público de Alcântara – as inscrições são gratuitas e podem ser feitas no link: https://bit.ly/4065bnS.
A oficina propõe construir um espaço de criação baseado na escrita e na observação dos lugares e da paisagem de Alcântara. Nas quatro horas de encontro, que acontecerão no Museu de Alcântara e em caminhadas no seu entorno, os poemas de Maria Firmina dos Reis (“Itaculumim”) e Manuel Bandeira (“A Onda”) serão os guias para pensar o poema e a cidade.
Também em Alcântara, a artista goiana Sophia Pinheiro apresentará uma oficina artística com ênfase na troca de práticas artísticas, pedagógicas e saberes ancestrais junto às ceramistas da comunidade de Itamatatiua.
A ação, prevista para 21 e 22 de outubro, é aberta ao público (sem inscrição) e será no Centro de Produção de Cerâmica de Itamatatiua. Durante os encontros, será proposta uma criação colaborativa de máscaras de barro, a partir das técnicas desenvolvidas pelas quilombolas, assim como a utilização de pigmentos naturais para tingir o barro, em um intercâmbio de saberes junto às mulheres indígenas Baniwa, mediado pela artista.
Exposição
Além da residência artística e das oficinas, o Pular N’Água também contará com uma exposição inédita em sua programação. A ação, no caso, é resultado do processo artístico proposto na residência em São Luís e Alcântara, um mergulho nas vivências artísticas dos encontros realizados por meio das demais ações.
A exposição estreia no dia 26 de outubro, às 19h30, no Chão SLZ – a visitação poderá ser feita no período de 28 de outubro a 30 de novembro. Produções de Sophia Pinheiro (GO), Romildo Rocha (MA), Josoaldo Lima Rêgo (MA) e Geovani Martins (RJ) estarão em destaque na exposição.
Conheça os residentes
Escritor e roteirista, Geovani Martins (Bangu/ Rio de Janeiro, 1991) participou, em 2013 e 2015, das oficinas da Festa Literária das Periferias, a Flup. Seu primeiro livro, a coletânea de contos “O Sol na Cabeça”, foi vencedor do Prêmio Rio de Literatura (2019) e ganhou edições em dez territórios pelo mundo. A coletânea de contos está sendo adaptada como série e ganhou edições em dez territórios, por casas prestigiosas como Farrar, Straus and Giroux, Faber & Faber, Gallimard, Suhrkamp e Mondadori. Seu segundo livro, “Via Ápia”, é o primeiro romance do autor, e conta a história de cinco jovens durante a chegada da UPP na Rocinha. O livro foi vencedor do prêmio APCA (2023) de melhor romance.
Já Sophia Pinheiro (Goiânia, 1990) é pensadora visual: professora, educadora popular, artista visual e cineasta. Doutora em Cinema e Audiovisual (PPGCine-UFF), mestre em Antropologia Social (PPGAS-UFG) e Licenciada e Bacharel em Artes Visuais (FAV-UFG), é professora Titular do Departamento de Cinema do Centro Universitário Armando Álvares Penteado (Faap) e uma das coordenadoras e conselheiras da Katahirine - Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas. Por meio de pinturas, desenhos, perfomances, fotografias e outros suportes audiovisuais, suas proposições artísticas confluem questões sobre mulheridades e ecologias, sendo atravessadas por seu ativismo feminista e em prol dos direitos indígenas. Desde 2015, desenvolve trabalhos de criação colaborativa junto a diferentes artistas indígenas a partir do cinema comunitário e oficinas de formação audiovisual e política, voltadas especialmente para mulheres indígenas.
Outros destaques da programação são a dupla de artistas maranhenses. Um deles é Josoaldo Lima Rêgo (Maranhão, 1979), geógrafo e poeta. Publicou os livros “Paisagens Possíveis” (2010), “Variações do Mar” (2012, finalista do Prêmio Jabuti), “Máquina de Filmar” (2014), “Carcaça” (2016, finalista do Prêmio Jabuti) e “Sapé” (2019), todos pela editora 7Letras. Participou das Coletâneas “É Agora Como Nunca” (organização de Adriana Calcanhotto, Companhia das Letras, 2017) e “Antologia Poética” (Revista Cult, organização de Alberto Pucheu, 2019). É professor universitário, com doutorado em Geografia pela Universidade de São Paulo e estágio no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Também integra o projeto o artista Romildo Rocha (Maranhão, 1989). Profundamente nordestino, o maranhense revela um Brasil pouco conhecido dos grandes centros em uma linguagem visual própria, manifesta em diferentes expressões artísticas. São xilogravuras (entalhes em madeira), pintura, desenho, aquarela e murais que revelam a magia escondida no cotidiano urbano e rural nordestino, memórias afetivas de um povo e o encanto da cultura popular do Maranhão. Após ganhar notoriedade no cenário do graffiti nacional, o trabalho do maranhense entra em uma nova fase que o torna tão singular: os detalhes das vivências no campo e na cidade; a subjetividade cultural e uma arte que carrega a singularidade e diversidade do povo nordestino.
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