terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Não bastassem as lendas que povoam, ainda, a imaginação da população de São Luís, tais como a lenda da Serpente Encantada da Fonte do Ribeirão, a Carruagem de Ana Jansen, puxada por um par de mulas sem cabeça pelo Centro Histórico, a lenda da Manguda no Jenipapeiro, dentre outras, tornou-se comum o surgimento de lendas urbanas, fruto de situações fortuitas e que não escolhem lugar para nascer. Tais lendas aparecem de forma simultânea em vários lugares do mundo, e não apenas em pontos bem específicos. Hoje, com o concurso da internet, da TV e do cinema, espalham-se com grande voracidade e se tornam bastante populares.

Tais lendas são criadas pela própria população, possuem cunho sensacionalista, são repassadas através da oralidade, no entanto, logo ganham foro de verdade, posto que acionam a crendice popular com grande facilidade. Imediatamente ganham o espaço virtual, visitam orkuts e facebooks e se tornam populares nas rodas de conversa para, logo em seguida, caírem no esquecimento, sendo substituídas por outras estórias igualmente espantosas e criativas. Na década de 80 do século passado, uma lenda se tornou bastante popular, a do fuscão preto. O carro, depois de meia noite, sempre nas luas cheias, costumava, segundo as pessoas, a aparecer na estrada de São José de Ribamar.

Contavam que no veículo eram encontradas várias pessoas da mesma família, ensanguentadas, mortas. No carro, havia uma criança sem cabeça, chorando muito, agarrada a um urso de pelúcia; e quem presenciasse a cena também sofreria, futuramente, um acidente de carro, fatal. Uma rápida pesquisa na internet aponta para lendas urbanas semelhantes, em vários países do mundo, o que se explica pela onda das ciberlendas, como são denominadas tais estórias.

Quem não se lembra da loira do banheiro, pronta para atacar jovens impúberes nas escolas? O velho do saco, que passava pelas ruas roubando criancinhas travessas sempre povoava a imaginação de quem está na faixa dos 50 anos. O velho Boi da Cara Preta, que pegava as crianças que tinham medo de careta. Hoje, devemos ter medo de ladrões que não usam máscara e que atacam à luz do dia, e ainda dos ladrões de colarinho branco, que amedrontam o bolso dos trabalhadores.

Uma lenda similar à do fuscão preto era a da mulher da estrada que, vestida de branco, ficava pedindo ajuda para salvar o suposto filho, preso nas ferragens de um carro acidentado. Ao se aproximar da mesma, quem oferecesse ajuda não encontrava nada, e a imagem da mulher se desvanecia no ar.  Dentro de casa, a lenda dos bonecos assassinos ainda é acionada pela imaginação, e apavora crianças até hoje. E ainda tem a estória do Fite, que ficava assoviando o dia todo quando uma criança que iria dar muito trabalho vem ao mundo, lenda mais frequente no interior do estado.

As lendas sempre existiram, e se tornaram mais populares a partir da Idade Média, no contexto da perseguição, pela Igreja Católica, às supostas bruxas, na verdade mulheres detentoras de conhecimentos ancestrais de cura, herança dos povos pagãos europeus. Hoje, maquiadas pela modernidade, ainda sobrevivem, e ainda costumam produzir um arrepio na espinha, mesmo em crianças que não desgrudam de um celular ou de um tablet. Ainda bem!

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