terça-feira, 8 de setembro de 2015
Por: Beatrice Borges

Em 2010, publiquei um texto falando das minhas saudades de São Luís. Era um tempo difícil. Estava morando há apenas dois meses em São Paulo e o coração ainda não sabia lidar com aquela situação. O texto falava de nove saudades.

Cinco anos se passaram e a saudade continua, mas com novas intensidades, diferentes posições no ranking e algumas que aprendi a superar.

Em primeiro lugar, sem dúvida continua sendo a família e os amigos. Nesse quesito não tem concorrente à altura e vai ser sempre uma lacuna impossível de preencher. Não fiz em cinco anos nenhuma BFF*. Fiz sim amigos no trabalho, companheiros de boteco e colegas de cumprimentos. Amigos com história, momentos e marcas no coração ainda não. Esse é realmente um item demasiado sensível para o meu pobre coraçãozinho. Em contrapartida, a família paulistana é a melhor que eu poderia ter e são eles que preenchem os espaços e as carências que sinto, mas a verdade é uma só: mãe, irmãos e pai são únicos e vão estar sempre no topo da pirâmide das minhas enormes saudades.

Também sinto falta de poder ir à praia quando o corpo pedir. Acordo várias vezes com vontade de por roupa de praia e sair pra ver o mar, mas aprendi o principal: o que importa é sair com o espírito liberto para a diversão, não importando seu destino. Morar numa cidade com o melhor acervo cultural que um cidadão de bem pode desejar é por demais compensador!

No antigo texto falei de detalhes como manicure e saber “onde tem cada coisa”, referindo-me à possibilidade de entender a cidade a ponto de saber onde achar qualquer item rapidamente. Bom, essas saudades já foram superadas após vários anos de pesquisas e descobertas. Ao lado do marido que me acompanha, me ensina e me ensinou absolutamente tudo que eu sei sobre São Paulo, pude registrar o que há de melhor por aqui. A vivência dele continua a me surpreender nos mínimos detalhes. Hoje em dia sei de coisas que muitos paulistanos não são capazes de imaginar, lembrando claro, que falo de aspectos culturais antigos, lugares tradicionais, detalhes históricos e ambientes com um “quê” a mais. Não venham me perguntar das modinhas de agora. Essas pouco nos interessam e raramente frequentamos.  Sobre a minha antiga manicure, sinto saudade dos nossos papos e do carinho que sinto por ela, mas consegui encontrar manicures igualmente queridas e amigas que me deixam à vontade e que também escolhem meus esmaltes. 

E como não poderia deixar de fora, desabafei sobre as minhas saudades das comidas de família. Esse é um tema delicado atualmente. Hoje reconheço as raízes culturais que mapeiam a nossa alimentação e adoro tudo, mas aprendi a comer de forma diferente e aboli de vez alguns exageros comuns da minha terra (deliciosos, por sinal). Isso não significa que ao por os meus pés em terras maranhenses eu não enfie o pé na jaca e coma tudo o que tenho direito. Significa apenas que não sinto saudade de comer mocotó, por exemplo. 

A saudade das comidas permanece e em especial a do temperinho da minha mãe e de comidinhas sentimentais muito específicas (vai aí um arroz de toucinho com camarão seco?), mas elas estão sob medida e explodem apenas quando chego lá!
Parabéns São Luís. 403 anos de luta e de uma história linda!
*BFF (Best friend forever) – palavrinha da moda que quer dizer, grosso modo, melhor amiga de infância. 

(Texto original, publicado no Jornal Cazumbá/Foto/imagem ilustrativa-Internet/Rede social)

Um comentário:

  1. Sei mto bem o que é isso, sentir exatamente toda essa falta durante uma longa estadia no Norte, acabamos realmente nos adaptando a cultura local. No entanto, fora a família o que nunca me acostumei foi aquela ida rapidinho à praia👙👒 Nossa Ilha do Amor tem seus encantos apesar de tudo!! Parabéns São Luís.

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