quarta-feira, 3 de maio de 2017
A palestra apresentou os resultados positivos obtidos com 18 crianças num período de sete meses

SÃO LUÍS - Ocorreu nesta quinta-feira, 27, às 18h30, no Auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire, a palestra sobre o uso do óleo da Cannabis no tratamento do autismo, com o médico especialista em medicina preventiva e social, Paulo Fleury Teixeira. O médico, pioneiro na pesquisa sobre o uso da Cannabis, apresentou ao público os resultados do seu tratamento experimental para tratar de sinais, sintomas e distúrbios associados ao autismo.

O médico clínico Paulo Fleury Teixeira coordena o tratamento experimental por meio do Óleo de Cannabis (OC), rico em CBD9OC, conhecido como Canabidiol. O produto é um dos 60 componentes farmacologicamente ativos da planta Cannabis Sativa (de onde também deriva a maconha). Caracteriza-se por não ser psicoativo, ou seja, não causa alterações psicossensoriais e ademais contém baixa toxidade e alta tolerabilidade tanto em seres humanos como animais.

Através de um grupo de pesquisa formado, em sua maioria, por meninos com idade de 10 anos, residentes em três estados do país, foram levantados resultados consolidados de sete meses. Todos receberam doação do OC da marca CBDRX Prime Organics, produzido pela empresa norte-americana CBDRX, sediada no Colorado (EUA), que é parceira na pesquisa. Atualmente, o grupo é formado por 40 crianças.

Segundo o médico clínico, a importância maior dessa pesquisa é conseguir amenizar os problemas que esse transtorno causa aos pais e às crianças. Fleury afirma que a epilepsia de difícil controle é uma das principais causas do tratamento. As crianças autistas têm epilepsia numa proporção 20 vezes maior que as pessoas normais, o que provoca níveis de sofrimento extremos às crianças e aos familiares que presenciam de forma impotente. “Às vezes é utilizado cinco medicamentos antiepilépticos associados, se transformando numa bomba química para as crianças, sendo potencialmente letais. A possibilidade de utilizar uma planta fitoterápica, um extrato com toxidade zero e ter mais efetividade é maravilhoso”, contou o professor.

Fleury também conta que a medicina tradicional tem oferecido drogas agressivas para o organismo da criança e sem um resultado efetivamente positivo na sua grande maioria. A pequena experiência do professor vê que os antipsicóticos não atuam com relação à convulsão apenas em alguns aspectos do autismo. Já o Canabidiol atua positivamente no controle das convulsões além de controlar os aspectos mais graves do autismo como os distúrbios do sono, hiperatividade extrema, auto agressividade, déficit de atenção extremo, movimentação aberrante, numa taxa maior que os antipsicoativos, e o mais importante, sem os efeitos colaterais deles.

O uso do Canabidiol também apresentou um desenvolvimento global da criança. “A fala da criança é estimulada e desenvolvida, a melhora da coordenação motora e sua capacidade de andar e manipular as coisas com a mão, a melhora da possibilidade de interação com as outras pessoas e o seu aspecto cognitivo. Isso raramente seria obtido com outros medicamentos”, destacou.

O Canabidiol foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA da lista das substâncias psicotrópicas de uso proibido para a de substâncias controladas. Na prática ainda será necessário importar o componente sempre e quando se comprove necessidade de uso. Ou seja, a Anvisa avaliará cada caso individualmente. O paciente que utiliza tratamento à base de Canabidiol, deve ter receita prescrita pelo médico da especialidade de neurologia (psiquiatra ou neurologista) e o mesmo ter cadastro na plataforma do Conselho Federal de Medicina. Além disso, o paciente deve assinar um termo de consentimento onde conste que optou pelo tratamento com Canabidiol, embora tenha sido informado de outras possibilidades.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFMA, Maria da Piedade de Oliveira Araújo, a eficácia do tratamento é uma oportunidade para os pais de verem resultados satisfatórios para os seus filhos. “A Universidade Federal do Maranhão vem agregar essa pesquisa para que outros estudantes e profissionais se interessem nesse campo que está ajudando várias famílias”, acrescentou.

A epilepsia não é a única doença que está sendo tratada com o Canabidiol. Vários estudos têm sido realizados e sendo usada no tratamento da dor crônica, espasmos musculares, esclerose múltipla e astenia (pacientes sem apetite) causada por HIV e câncer.

Fonte: Portal UFMA

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