sexta-feira, 7 de julho de 2017
Com o objetivo de promover saúde apoiando a cultura dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana, o Governo do Estado, por meio das Secretarias de Igualdade Racial e da Saúde realiza o lançamento do Projeto Minha Folha, Minha Cura, neste sábado, 8, no Terreiro de Mamãe Oxum e Pai Oxalá, na rua Boa Esperança, número 23, bairro Vila Nova, com a presença de lideranças de comunidades tradicionais de matriz africana no eixo Itaqui-Bacanga.

O ‘Minha folha, Minha cura’ está inserido dentro do bojo de ações do Plano de desenvolvimento sustentável para povos e comunidades de matriz africana e busca aproveitar os conhecimentos sobre a medicina tradicional e uso de plantas medicinais e rituais pelas famílias em suas comunidades tradicionais e visa a criação de um processo produtivo com base no cultivo e beneficiamento de plantas utilizadas tradicionalmente por comunidades de matriz africana no Maranhão.

O assessor de matriz africana da SEIR, Sebastião Cardoso esclarece como o plano irá acontecer na prática. “Inicialmente em parceria com a Secretaria de Agricultura Familiar serão implantados alguns hortos de plantas medicinais e rituais nos terreiros da região Itaqui-Bacanga, iniciando com a casa de pai Joãozinho da Vila Nova, na casa de pai Lindomar e no terreiro pai Mariano, com extensão a outras casas da região e posterior cultivo em área a ser cedida por empréstimo pela Vale”.

Os beneficiários pelo projeto receberão capacitação envolvendo educação ambiental, cooperativismo e agroecologia, formando uma cooperativa que vai beneficiar e comercializar essas plantas, seja na parte fitoterápica, cosmética e até mesmo na alimentação.

“Em um segundo momento teremos a parceria da UFMA, através do Departamento de Farmácia e Fitoterapia, com oficinas de manuseio e processamento de ervas medicinais e rituais produzindo pomadas, tinturas, lambedores, chás e banhos aromáticos e rituais”, reforça Cardoso.

O babalorixá Pai Mariano descreve a importância das ervas medicinais e rituais para o povo de matriz africana. “As ervas medicinais e rituais encontradas nos terreiros tem um grande significado para o povo de matriz africana, pois elas detêm um poder de cuidar desde o pé ao fio de cabelo. São importantíssimas para os rituais e para buscar o equilíbrio para o corpo.”

Pai Mariano esclarece ainda a necessidade de cuidar e preservar o acervo das plantas usadas nos terreiros. “Dentro do espaço do terreiro, elas estão protegidas da ação do homem, longe da poluição e da contaminação do solo; muitas vezes, vamos buscar essas ervas nas feiras e lá não sabemos a situação da planta, do solo onde estava e da condição do corpo de quem colheu. Pra nós é importante o estado físico e psíquico de quem vai apanhar a erva: é necessário estar purificado e com o corpo fisicamente bem. Por isso nossa preocupação de cuidar bem dessas plantas no terreiro”.

O ‘Minha folha, minha cura’ prevê ainda a realização de oficinas de cooperativismo e empreendedorismo em parceria com a Sedes, Setres e o Sebrae, e a formação de multiplicadores para  estender as ações para a região metropolitana e todas as comunidades assistidas pelo plano de matriz africana. 

Para ampliar o alcance dos objetivos do ‘Minha folha, minha cura’, o governo estadual integrou o projeto ao programa da SES ‘Farmácia Viva’, passando a contar ainda com o apoio da SAF e da Agerp. “São vários parceiros e atores sociais nessa articulação para manter viva essa cultura dos povos tradicionais”, confirmou Cardoso. 

Dentre os parceiros, o assessor Cardoso enumera as Secretarias de Estado da Igualdade Racial, Saúde, Direitos Humanos, Meio Ambiente, Cultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Social, Trabalho e economia solidária, Educação, Turismo, Vale, Sebrae, UEMA, UFMA, Vale, Renafro, Feucabma, Fecoma, Conselho de Igualdade Racial, Ministério Público e Defensoria Pública.

No evento de lançamento do ‘Minha folha, minha cura’ acontecerão duas oficinas voltadas para o público envolvido no projeto. A oficina de Farmácia viva - uso correto das plantas medicinais, como produzir um canteiro, e a oficina de Educação popular em saúde e serão ministradas por técnicos da Secretaria de Estado da Saúde.

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