terça-feira, 11 de julho de 2017
“Não se pode mais alegar que ‘aquela foi a maior chuva dos últimos 10 anos’”, afirma especialista.

Chuvas intensas mais frequentes no Sul do país, secas cada vez mais severas no Nordeste, tempestades inesperadas no Sudeste. Perceptíveis em todo o planeta, as mudanças climáticas afetam também o território nacional, de norte a sul. “Os habitantes das cidades que não foram planejadas para enfrentar tais fenômenos sofrem os efeitos destas mudanças, principalmente nas áreas periféricas”, ressalta o engenheiro Luiz Antonio Bressani, professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Membro da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), Bressani será um dos painelistas da VII Conferência sobre Estabilidade de Encostas (COBRAE), que acontecerá em Florianópolis nos dias 2 a 4 de novembro.

Em seu artigo “Como proteger as cidades das mudanças climáticas”, divulgado pela ABMS, Bressani, que é especialista em mecânica dos solos, defende que “o cenário futuro exige intervenções estruturais e não-estruturais profundas para que as cidades se adaptem às mudanças climáticas e possam conviver com elas sem que maiores desastres aconteçam”.

“São intervenções importantes, que variam para cada situação urbana e regional, muitas vezes com magnitude maior do que a população e o Poder Público atual gostariam”, esclarece no artigo. “Em muitos casos será necessário, por exemplo, remover populações de áreas mais suscetíveis a inundação ou escorregamentos, estabilizar encostas antes mais estáveis,  abrir canais de maior largura, retomando antigas áreas alagadiças, e segurar água a montante. Prédios precisarão ter depósitos para reter água de telhado. O que antes era apenas uma ideia interessante para os novos empreendimentos, terá daqui por diante efeito mandatório, mesmo para construções antigas existentes. O custo disto terá que ser repartido para não repartirmos os prejuízos de inundações. E a sociedade terá que entender o custo do lixo nas drenagens ou da ocupação, sem critérios, de nossos morros urbanos”.

Para que as intervenções ocorram de forma correta e eficaz, de acordo com o professor, é necessário “investigar as principais causas do que está acontecendo e, com base nas conclusões, definir as mudanças mais adequadas para cada cidade”.

“O que não podemos mais fazer é “varrer a sujeira para baixo do tapete”, ignorar as mudanças climáticas, as deficiências da infraestrutura, e alegar que aquela foi a maior chuva dos últimos 10 anos e que não deve acontecer novamente nos próximos 10 (com sorte 15) anos”, afirma Bressani. “Esses eventos “atípicos” estão se tornando cada vez mais corriqueiros. E pelo seu próprio crescimento, as cidades estão ficando cada vez mais frágeis diante de uma mudança tão importante do clima. Precisamos estar preparados para lidar com tudo isso”.

Confira a íntegra do artigo “Como proteger as cidades das mudanças climáticas”, publicado pela ABMS, acessando aqui.

0 comentários:

Postar um comentário