terça-feira, 19 de setembro de 2017
Além das palestras, os participantes comerciaram produtos como farinha do mesocarpo, sabonete, peças artesanais entre outros


O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco do Maranhão, Pará, Piaui e Tocantins (MIQCB)  marcou presença no VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia,  X Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário de Agroecologia do DF e Entorno, encerrado no último sábado em Brasília. Além de participarem da programação de palestras, os representantes do Movimento apresentaram produtos como a farinha do mesocarpo, sabonete, peças artesanais entre outros para um público de cerca de cinco mil pessoas.

Foram três dias de debates envolvendo a agroecologia, uma ciência integradora, que não existe isoladamente, e alia conhecimentos de outras ciências a saberes populares e tradicionais. Entre os quase cinco mil participantes, estavam representantes de povos e comunidades tradicionais; indígenas, quilombolas, geraizeiros, além de estudantes, cientistas, professores, entre muitos outros segmentos da sociedade brasileira e latino-americana. Do MA, PI, TO e PA, integrantes do MIQCB participam do evento por meio da narração de suas histórias de luta nos babaçuais.

Foi o caso de dona Dijé (Maria de Jesus Ferreira), da comunidade Monte Alegre, quebradeira de coco há 50 anos,  no município de São Luís Gonzaga (MA). De acordo com ela, houve na história recente avanços que permitiram mais qualificação do trabalho das quebradeiras. “Com o nosso conhecimento nós conseguimos produzir para estar nos mercados, para  estar nas feiras, sempre produzindo. E podemos dizer: ‘a gente não sabe só quebrar coco. A gente também sabe processar, fazer produtos de qualidade.”

Um conhecimento adquirido por meio da integração do conhecimento e vivência das mulheres quebradeiras e investimentos em qualificação como aconteceu com o projeto Pindova, patrocinado pela Petrobras. O objetivo do Pindova é promover a geração de renda das quebradeiras de coco babaçu e gerar oportunidades de trabalho para os jovens de comunidades, no Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins.

O projeto proporcionou estruturar seis núcleos da Cooperativa do MIQCB, imprimiu profissionalização à cadeia produtiva, viabilizou certificação sócio participativa, além de atender a critérios sociais, ambientais e econômicos para a comercialização dos produtos. Um investimento que permitiu às  representantes do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco, contempladas pelo projeto, participarem de eventos  com a temática envolvendo Agroecologia, como o realizado em Brasília, expondo também seus produtos e gerando renda para as comunidades envolvidas.

Integração e Diversidade

Foram três dias de debates sobre temas variados; Feminismo, Agroecologia e a luta das mulheres, Meios de produção no século XXI, Inovação na produção tradicional entre outros. Durante o evento foi lançado o prêmio BNDES, que vai proporcionar reconhecimento internacional aos sistemas agrícolas tradicionais brasileiros.  O objetivo é estimular os agricultores do país a manterem seus sistemas de cultivo tradicionais, evitando a perda da diversidade genética. No mundo, os dados atuais são alarmantes e apontam que, nos últimos 100 anos, agricultores de todo o mundo perderam entre 90% e 95% de suas variedades e práticas agrícolas.

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