sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Pesquisadores da Paraíba, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, e dos países Austrália e África do Sul visitaram nesta quinta-feira (23) a Casa de Apoio Ninar, equipamento integrado à rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e que presta assistência especializada a crianças com problemas de neurodesenvolvimento e seus familiares. Eles estão em São Luís participando de um evento de natureza internacional e se interessaram em conhecer a experiência, que deve servir de base para desenvolvimento de pesquisa.

O evento, promovido pelo Laboratório de Processamento da Informação Biológica (PIB-UFMA), o “International school on machine learning for neural disorders caused by zika virus” é focado na Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) e o uso medicinal da Cannabis no tratamento de doenças neurodegenerativas. A SCZV é um conjunto de sintomas, além da microcefalia, presentes nessas crianças que foram atingidas pelo vírus durante a gestação.

“A importância desta visita está na integração, de se poder estudar mais e dar uma devolutiva para essas famílias com relação ao que a ciência pode ajudar. Vamos firmar uma parceria para desenvolvimento de estratégias tanto de diagnóstico, quanto de tratamento e suporte para as famílias”, explicou a neuropediatra e diretora clínica da Casa de Apoio Ninar, Patrícia Sousa, que também desenvolve pesquisa no âmbito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).  

Eduardo Sequerra, do Instituto do Cérebro (ICe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destacou que abordagem realizada na Casa de Apoio Ninar é uma grande novidade. “Esse cuidado e integração da família ao redor da criança são únicos no país. É uma iniciativa incrível e emocionante. É algo para se sentir orgulho, o Estado promovendo um projeto como esse”, comentou.

Segundo o pesquisador, como a rede de atendimento da Casa de Apoio Ninar é grande, bem maior do que a quantidade de pacientes atendidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é promissora a possibilidade de cruzamento de dados e de avanço da pesquisa na área. “Todas as informações que estão sendo levantadas sobre microcefalia estão dentro desta casa. Está tudo muito organizado aqui no Maranhão, só precisamos agora fazer as perguntas corretas para conseguir levantar informações que sejam relevantes para a vida dessas crianças”, disse.

Para a diretora clínica Patrícia Sousa, a Casa de Apoio Ninar é um elo entre as crianças e suas famílias e a ciência. “A pesquisa entra como parceira no cuidado. Não somos apenas um local onde existem dados. O mais importante é fazer uma pesquisa humanizada. É dar um retorno para aquelas famílias e para a sociedade. A Casa de Apoio Ninar cumpre sua missão com o tripé da assistência que o Governo do Estado quer dar: assistência, pesquisa e extensão”, frisou.

O médico do Rio de Janeiro, Ricardo Ferreira, especialista em dor e coluna, ficou encantado com o que conheceu. “Fiquei maravilhado com a infraestrutura e com todo acolhimento que se tem para a família e para a criança, visando o desenvolvimento psicomotor e social delas. A capacitação das mães para produzir renda para sustentar de forma mais eficaz as crianças é algo muito bom também. É um projeto maravilhoso, multidisciplinar, que atua em todos os processos que a síndrome acomete e que deveria ser reproduzido em todas as capitais do país”, afirmou.

Também participaram da visita os pesquisadores Dinesh Kumar (RMIT Universit, Austrália) e Tania Douglas (University of Cape Town, South Africa).

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