quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Vilarejo de Santo André, no sul da Bahia, é o novo “oásis” dos mineiros

Calmaria, beleza e natureza. Um verdadeiro “oásis”. Essas palavras definem a Vila de Santo André, que fica na Costa do Descobrimento, sul da Bahia. Localizado a 30 km ao norte de Porto Seguro, o vilarejo, que pertence à cidade de Santa Cruz Cabrália, é um paraíso natural ainda pouco explorado. Com aproximadamente mil habitantes, o local tem se tornado uma rota turística atrativa para brasileiros, em especial, mineiros, paulistas e para estrangeiros, principalmente depois que a seleção alemã de futebol escolheu a vila para se concentrar antes da Copa do Mundo de 2014.

Diferentemente de outros “points” baianos famosos pela badalação e pelo lazer, Santo André oferece atrativos únicos, ideais para o turismo de experiência, ou seja, para quem busca “viver o lugar e o que ele oferece”, e respeitando o meio ambiente. Por exemplo, o visitante pode fazer um passeio pela Costa do Descobrimento, com uma lancha luxuosa (modelo Phantom 400). Ao embarcar, ele escolhe o menu que deseja saborear e o cardápio é preparado em alto mar por um chef que está à bordo.

Quem quiser também pode fazer um trajeto de escuna pela Ilha dos Doces, e aproveitar para degustar os sabores da região e tomar banho de lama no mangue. Na vila há vários roteiros de escunas, tanto pelo Oceano Atlântico quanto pelo Rio João de Tiba, já que Santo André é cercada por ambos.

Outro percurso que oferece uma experiência especial é a pesca oceânica “Levamos o visitante para pescar em alto mar com todo o equipamento necessário, e depois ele saboreia sua pesca. Em geral, as pessoas comem o peixe em casa e não vivem a experiência da pesca. Aqui, nós proporcionamos essa sensação,” explica Geovson Magno, diretor da Coconut, empresa de turismo receptivo que fica em Santo André.

Ele comenta que a pesca é realizada a cerca de 32 milhas náuticas da vila, onde fica a Royal Charlotte Bank, uma plataforma continental que atrai cardumes de peixes de grande porte. Por isso, o lugar é considerado um dos melhores do mundo para a pesca do peixe Marlin Azul, que chega a medir até quatro metros. “Pescadores de vários locais vem à Santo André apenas para pescar o Marlin Azul e a vários habitantes da vila são pescadores”, diz Geovson.

Segundo ele, a receptividade dos moradores e a beleza do lugar têm atraído muitos turistas, especialmente mineiros: “O mineiro é um desbravador, é nosso principal cliente. Tem uma paixão pela região. Na baixa temporada, cerca de 350 turistas visitam a Costa do Descobrimento por semana, número que costuma dobrar no período de alta temporada e grande parte são mineiros”. Na região também já tem comunidade de franceses, alemães e suíços.

A baiana Anete Caldas de Souza, mora em Santo André há três anos. Ela, que é turismóloga, descobriu a região em função de seu trabalho. É a responsável pela área de serviços da Katz Construções, que vai lançar um empreendimento na Praia de Araripe nos próximos meses. “Aqui é um paraíso. Santo André é uma experiência sensorial. É preciso vir para entender com os próprios olhos, para sentir e vivenciar. É sem dúvida, minha residência definitiva”.

Segundo ela, o sossego da vila é um atrativo para quem quer fugir da correria das grandes cidades, pois não há música alta nem muito agito. A região também tem sol durante o ano todo e água quente. “Há um grupo de praticantes de yoga aqui, que vem para o local em busca tranquilidade e ar puro. Também é possível fazer ciclismo, passeios no manguezal e esportes náuticos”.

Lazer na água e outros prazeres da região

Pegando um barco em Vila Santo André, é possível chegar até a região de Araripe, formada por recifes de corais. Nessa área, o turista pode mergulhar e encontrar vários animais marinhos, como tartarugas, peixes e até mesmo baleias Jubarte (essas últimas podem ser encontradas de julho a outubro). Outros esportes como surf, vela, caiaque, snorkeling, kitesurf e stand-up paddle podem ser praticados lá.

A gastronomia, recheada de tempero baiano e frutos do mar, é outro ponto forte desse paraíso. Alguns dos destaques da região são os restaurantes Maria Nilza, na Praia do Guaiú, famoso pelos pratos com polvo, o Ponta de Santo André, El Floridita, Vila Araticum, Victor Hugo, Santannas, Gaivota, Paralelo 16 e o Caju, que fica no hotel onde a seleção alemã ficou hospedada.

Além disso, tem pequenos pontos de encontro para um bate papo para comer um bolinho de lagosta, acarajé, açaí e sorvetes. Os amantes de lagosta podem aproveitar o “Festival da Lagosta da Costa do Descobrimento”, que acontece em setembro. No evento, que está na segunda edição, os principais restaurantes servem pratos com o crustáceo durante uma semana.

Como chegar

Para conhecer a região, quem desembarca em Porto Seguro, deve seguir a BR 367 até Santa Cruz do Cabrália. De lá, o visitante pega uma balsa e segue para Santo André, o trajeto dura aproximadamente dez minutos. Assim quem chega ao vilarejo já pode vislumbrar o Rio João de Tiba, que passa pelo local.

Além de Santo André, há outros destinos próximos, como a Vila Santo Antônio, a Praia de Guaiú e a cidade de Belmonte. Barcos conectam esses lugares, proporcionando ao turista uma experiência inesquecível, tanto pelas paisagens quanto pelo artesanato indígena e ribeirinho (um dos destaques é o trabalho de cerâmica da artesã Dona Dagmar, responsável pela maior panela de barro do mundo).

Rumo ao norte

Belmonte, fica a 37 km a norte de Santo André, está entre o oceano Atlântico e o Rio Jequitinhonha. O município tem pouco mais de vinte mil habitantes. Praias, gastronomia regional e casarões históricos compõe o cenário da cidade, cujo nome é uma homenagem à terra natal do português Pedro Álvares Cabral.

O secretário de Turismo e Cultura de Belmonte, Herculano Assis ressalta a importância do turismo e da história para a cidade: “É um local onde nos propomos a viver de turismo rural e a conservar nossos expoentes. Aqui é possível voltar para o século XIX. Não apenas no jeito de ser, nos costumes das pessoas, mas nos lugares, na arquitetura, na literatura, na beleza e na comida. As receitas são tradicionais, de casa, passadas de geração a geração, os temperos são de família”, diz.

Herculano conta que a região sempre foi famosa pelo cacau, mas também é conhecida pelas poesias de Sosígenes Rocha e pelo arquiteto e mestre da madeira, José Zanine Caldas, ambos nasceram em Belmonte.

“A cidade sempre girou em torno do cacau e ele em torno dela. E nosso plano é atrair os amantes desse fruto e seus derivados. Hoje existem verdadeiros memoriais e fazendas de cacau na cidade. Em breve vamos oferecer roteiros turísticos nesses espaços. Os visitantes vão conhecer o cacau desde o plantio, colheita, manufatura e vão poder consumir os produtos do cacau, como o suco e o chocolate, por exemplo”, adianta.

Em Belmonte, também é possível praticar esportes como o bodyboarding e o surfe, fazer caminhadas, passeios de barco, bicicleta e a cavalo.

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