segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
A exposição 'Viagem', de Babula Rosana, reúne 30 obras das artes plásticas, resultado de três anos de pesquisas e vivências por diversas terras indígenas do Maranhão e casarões históricos de São Luís. A mostra fica em cartaz até janeiro de 2018, fechando o ciclo de exposições que a Galeria Trapiche promoveu este ano. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.

"A Chamada Pública Nacional de Ocupação Artística da Galeria Trapiche, lançada em janeiro deste ano, atraiu a participação de artistas de todo o país com interesse em expor trabalhos em qualquer categoria do campo das artes visuais. Tivemos, ao todo, 12 exposições selecionadas, destas conseguimos expor 10 e já entramos o ano de 2018 com duas exposições agendadas. Para nós é de grande importância fechar o ano de uma forma tão positiva e expondo uma artista com 20 anos de carreira. Suas obras são uma viagem pela sua própria história, por ser muito ligada a povos indígenas e expressar isso através da colorterapia", enfatizou a diretora da galeria, Camila Grimaldi.

Ainda segundo a diretora, a próxima exposição está prevista para ser aberta no dia 15 de janeiro e também faz parte do edital de ocupação. "O principal objetivo da ocupação é o de atender à política cultural municipal que incentiva o fomento às artes visuais por meio de atividades de circulação de obras e intercâmbio do trabalho de artistas de diferentes regiões", completou.

OBRAS


As paredes da galeria estão ocupadas por um mapa de terras Indígenas que identificam onde elas estão localizadas em todo país e, de modo especial, no Maranhão. O público pode conferir as pinturas que traduzem relatos de viagens feitas por Babula pelas terras dos Tenharin, no estado do Amazonas; e Gavião, Guajajara, Awá-guajá, Kanela e Kaapor, no Maranhão. Nestes caminhos, o grafismo indígena tatuado no braço da artista também virou fonte de inspiração para padrão de azulejos confeccionados com técnicas de reciclagem de papel. Nas terras indígenas Rio Pindaré, a artista já tem oficina marcada com os índios para que eles produzam peças inspiradas nas suas pinturas e montem futuramente uma exposição.

Ela utiliza tinta acrílica para as pinturas abstratas e papel reciclado para formar os azulejos. "Eu faço as viagens e depois pinto, tento passar uma impressão minha daquilo que vejo nas diferentes aldeias e povos indígenas. Montar uma exposição demanda tempo, porque você produz e precisa guardar, sem comercializar, até que tenham obras suficientes para expor, então acaba sendo um processo lento. Das telas que estão aqui 15 são mais recentes, as outras é a junção da exposição 'Ser Transparente', de 2011, e os azulejos da exposição 'Azulejos de Papel', de 2007 e 2008. Alguns foram doados para o Museu Histórico e Artístico do Maranhão", disse a artista.

Babula apresenta nove conjuntos de azulejos coloniais, encontrados em São Luís e interior do Maranhão, confeccionados em alto relevo na técnica de reciclagem de papel. Já as pinturas, possuem suporte de papel de fibra de bananeira. Babaula explicou que faz o papel do tronco da árvore e utiliza para compor suas obras. "Eu faço este papel, mas estes que estão nas obras vieram de Alcântara, de uma oficina que realizei e depois comprei para fazer as molduras e etiquetas". A exposição é uma coletânea que inclui trabalhos premiados no Maranhão e nacionalmente.

Dentro das atividades da exposição 'Viagem', no dia 20 de dezembro acontecerá o workshop 'Azulejos com Papel Reciclado', ministrado por Babula Rosana, às 15h, na Galeria. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail galeriatrapicheslz@gmail.com. O investimento é de R$ 10,00. A Galeria Trapiche Santo Ângelo está localizada na Avenida Vitorino Freire, na Praia Grande, em frente ao Terminal de Integração.

A ARTISTA

Babula é o nome artístico de Rosana Carvalhal Martins. Nascida em São Luís, a artista plástica e produtora cultural fez sua primeira exposição em 1991, em Haia, na Holanda. Desde lá, vem expondo seu trabalho no Brasil e no exterior, com exposições individuais e coletivas. Já realizou os Cursos 'Pintura do Êxtase' (1990), no Rio de Janeiro, e 'Pintura Zen - Osho Ashram' (1988/89), em Poona, na Índia, além de oficinas e trabalhos em São Luís e Brasília, com comunidades carentes, usuários do sistema público de saúde, pessoas em situação de rua e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Também se dedicou a transformar ambientes e restaurar móveis e objetos.

Ingressou no teatro aos 16 anos, em São Luís, e mais tarde se profissionalizou no Rio de Janeiro, através da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), onde estudou com consagrados artistas da dramaturgia nacional. Descobriu a arte de lapidar e se especializou em ourivessaria, criando peças em ouro, prata e cristais. Em Munique, na Alemanha, tem seu primeiro contato com a pintura. Inicialmente pintava com aquarela em papel. Experimentou diferentes processos de criação, utilizando materiais, técnicas e conteúdos dos mais distintos em viagens pela Índia, Amsterdã, Munique, Berlin, Amazonas, Goiás (Alto Paraíso) e Brasília.

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