sexta-feira, 17 de agosto de 2018

*Gianfranco Muncinelli*

Um plano de negócio é uma ferramenta que auxilia na tomada de decisão. Um empreendedor, frente à uma oportunidade identificada, precisa tomar a decisão de aproveitar (ou não) aquela oportunidade – decisão esta que nem sempre recebe indicações de que o negócio vai dar certo, ou está logicamente estruturada.

O plano de negócios deve conter uma série de raciocínios, baseada em estudos robustos de mercado que apresentem a possibilidade de ganhos – e sob quais condições estes ganhos virão. Este raciocínio é composto por indicadores que apresentam o ganho (ou a mitigação das perdas).

Dentro da estrutura do plano, há uma parte dedicada às operações, ou seja, aos recursos necessários para atender a demanda do produto/serviço que se está analisando. Os nomes podem variar conforme o autor: dimensionamento de operações (Cecconello, 2008) ou planejamento operacional (Deutscher, 2012) – chamaremos aqui de plano operacional.

Este item é composto de informações relacionadas à estrutura física, tecnologia, logística, fornecedores, recursos humanos (política de RH, benefícios, salários) e até o curriculum vitae das pessoas consideradas como chave para o sucesso do negócio. Lembro sempre aos meus alunos e clientes que realizamos os objetivos através das pessoas.

Neste momento muitos dos meus alunos, orientados de TCC que fazem plano de negócio me perguntam: qual é a necessidade de colocar os CVs dos sócios, administradores e funcionários do empreendimento no plano de negócio? Na edição de 26 de abril de 2017 a Revista Exame traz uma matéria muito interessante sobre o êxodo de funcionários de empresas de tecnologia para transformarem-se em empresários.

O artigo chama a atenção que “a vivência profissional em grandes empresas de tecnologia também pode ser a senha para receber investimentos”. A matéria ainda aponta uma pesquisa da FGV que mostra que as principais razões para se recusar a investir em uma startup são: 93% - equipe inexperiente; 51% baixa demanda para o produto ou pouca capacidade para crescer; 35% falta de inovação; 12% falha no modelo de negócios; 12% outros fatores.

O conteúdo foi feito para empresas de tecnologia, porém, o raciocínio pode ser extrapolado para outras empresas – startups ou não: independentemente de o empreendedor haver trabalhado anteriormente em grande empresa, a ideia é mostrar que existe capacidade técnica e comportamental para tocar o novo negócio.

No livro do Deutscher está bem explícito: “relatar as características profissionais e pessoais dos envolvidos, deixando explícitos os papéis de cada um e como os mesmos serão úteis na execução do plano de negócios. Apresente as pessoas chave, que já estejam sendo buscadas no mercado para fazer parte da equipe, e seus respectivos currículos” (Deutscher, 2012). Ou seja, o empreendedor pode (e deve) cercar-se de profissionais que possam executar o plano de negócio e leva-lo ao êxito.

Quero finalizar com uma frase do livro do Cecconello, onde ele nos lembra que a decisão pelo não (negativa ao plano de negócio ou negativo ao investimento) é tão importante quanto a decisão pelo sim (aprovação do plano de negócio) – de repente o empreendedor não está tão pronto e precisa se desenvolver antes de iniciar o empreendimento.

Gianfranco Muncinelli é engenheiro, consultor, coach, empresário e professor do ISAE – Escola de Negócios.

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