segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

São Luís (MA) – O Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), vinculado à Rede Ebserh, realizou, no mês de janeiro, o primeiro transplante ósseo de membro superior do Maranhão. Desde 2017, o HU-UFMA é credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar esse tipo de transplante, mas as oito cirurgias feitas anteriormente foram todas em membros inferiores. A cirurgia durou cerca de cinco horas.

A paciente de 37 anos, natural de Grajaú (MA), foi submetida ao procedimento por sofrer com uma fratura diafisária de úmero, ou seja, uma fratura no osso do braço. Ela teve esse diagnóstico após sofrer uma queda de moto em 2015. Desde então, foi submetida a cinco cirurgias realizadas no interior do estado, todas sem sucesso. Já são quase quatro anos sem conseguir utilizar o membro superior, pois o osso estava solto e causava muita dor.

“Optamos pelo transplante devido à grande perda óssea decorrente de várias cirurgias que ela já tinha se submetido. A cada procedimento, sempre se retira um pouco da área sem vida até chegar no osso vivo sangrante. E isso fez com que a paciente já apresentasse uma perda óssea muito grande”, afirmou o ortopedista especialista em cirurgia de ombro e cotovelo do Serviço de Traumatologia e Ortopedia do HU-UFMA, Rodrigo Caetano, que contou com a participação do ortopedista Raul Franklin Almeida no procedimento.

Paciente já havia sido submetida a cinco cirurgias realizadas no interior do estado, todas sem sucesso
Havia duas opções: utilizar o osso da própria paciente para enxerto – retirando de outra parte do corpo – ou fazer o transplante ósseo, recebendo tecido de outro doador. “Quando você usa o osso da própria pessoa, tem a desvantagem de deixar uma lesão na área doadora, pois você tira o osso de uma região que, até então, estava bem. Além disso, normalmente consegue-se uma quantidade pequena para o enxerto, sendo que a paciente precisaria de um volume maior de osso. Então, a indicação mais favorável é o transplante ósseo” esclareceu o ortopedista.

Pós-operatório

Caetano explicou que a reabilitação da paciente depende de vários fatores, mas ela já está em casa, retirou os pontos da cirurgia e iniciou a fisioterapia. O tempo de recuperação é de seis a 12 meses, tomando os devidos cuidados, a exemplo da restrição de pegar peso e fazer força.

“Ela tem uma lesão muito grave, que pode gerar uma série de complicações. A principal delas é a não consolidação, quando a parte transplantada não cola no osso. Mas pode haver ainda a absorção do tecido transplantado, isto é, ele não é integrado, e sim, absorvido pelo organismo e desaparece, ficando o buraco novamente. Mas como a paciente é jovem e saudável, a expectativa é que ela recupere o movimento do membro sem dor”, avaliou o médico.

O tecido ósseo foi enviado pelo Banco de Tecidos Músculoesqueléticos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro. O Banco é o responsável pela captação, processamento e distribuição de ossos, tendões e meniscos (cartilagens em forma de C em ambos os lados da articulação do joelho), para a utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia.

Sobre a Ebserh

Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

Criada em dezembro de 2011, a empresa também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

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