sábado, 20 de abril de 2019
Empreendedorismo foi tema de painel durante seminário que discutiu a utilização comercial do Centro de Lançamento de Alcântara.


Um município com pouco mais de 100 pequenos negócios formalizados e 208 microempreendedores individuais (MEIs) poderá, em pouco tempo, se transformar em um lugar de muitas oportunidades para quem quer empreender. Um município que tem na atividade aeroespacial um potencial exponencial e que poderá gerar para o Brasil uma rentabilidade crescente, chegando aos US$ 10 bilhões/ano em 2040.

A perspectiva de uma economia local mais aquecida e novas oportunidades para os alcantarenses e demais maranhenses, foi um dos pontos de discussão do seminário Base de Alcântara: Próximos Passos, realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), nesta segunda-feira, 15, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, em São Luís.

 As oportunidades de negócios advindas do início de atividades comerciais do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), foram destacadas no painel “A cadeia produtiva aeroespacial: perspectivas e desafios para o desenvolvimento socioeconômico local", que teve a mediação de Ted Lago, presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap). Dentre os painelistas e debatedores, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae estadual, Raimundo Coelho, ressaltou que o entorno de grandes empreendimentos sempre é um celeiro para o aparecimento de novos negócios.


“Oportunidades em comércio, prestação de serviços e pequenas indústrias, por exemplo, surgem à medida das necessidades de quem está envolvido com o negócio principal da cadeia de valor em questão que, nesse caso, será o lançamento de foguetes e satélites na Base de Alcântara. O Sebrae possui um vasto portfólio de soluções para ajudar esses empreendedores desde o nascedouro do negócio, passando pela gestão, atendimento, competividade, acesso a mercado e sua sustentabilidade empresarial. Estamos prontos e aptos a contribuir caso se concretize o que tem sido discutindo neste importante seminário”, colocou Raimundo Coelho.

 Discussão principal

O evento desta segunda-feira teve o objetivo de discutir a temática espacial no Maranhão a partir dos eixos da geopolítica, desenvolvimento regional e o papel da academia a partir de uma possibilidade que abrirá o CLA a países interessados em lançar foguetes e satélites – sendo os Estados Unidos o principal, já que detém 80% de peças do planeta colocadas nesses equipamentos.

Além do governador do Maranhão, Flávio Dino, de parlamentares federais e estaduais, demais autoridades, representantes da Academia, especialistas na temática aeroespacial, empresários e alunos, o seminário contou com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro e sul-americano que, em 2006, foi ao espaço – na chamada Missão Centenário, em comemoração aos cem anos do voo de Santos Dumont no 14 Bis.

Somado ao conteúdo mais técnico de sua palestra sobre o Acordo de Salvaguarda Tecnológica (AST) com os Estados Unidos, Pontes destacou sua história de superação de vida, emocionou a plateia de mais de 500 pessoas e falou de gente. “Não podemos pensar em tecnologia e inovação sem pensarmos nas pessoas. É para elas que devemos reverter todos os investimentos que fazemos enquanto esfera pública; é para elas o que poderá advir desse AST; é para fazê-las acreditar que podem ir além, em busca de seus sonhos, que nos esforçamos para melhorar o seu entorno, dando-lhes condições de exercerem uma cidadania plena e viverem com mais dignidade”, afirmou.

O evento, que contou com mais dois painéis, foi pautado na discussão desse acordo de cooperação científica e tecnológica com os Estados Unidos, fruto de negociações do Governo Federal e que, hoje, precisa ser aprovado no Congresso Nacional. O AST será o primeiro de vários acordos que serão firmados com outros países detentores de tecnologia espacial, como o Japão, para a exploração comercial da Base de Alcântara no lançamento de foguetes e satélites.

Mais oportunidades

“Sem sombra de dúvidas é um acordo interessante e que trará dividendos não apenas econômicos, mas sociais para o Brasil e, especialmente, ao Maranhão, na medida em que as comunidades do entorno participem deste processo e recebam os benefícios revertidos em mais saúde, educação, melhor infraestrutura e ambiente de negócios favorável que trará a reboque mais emprego e renda, enfim, mais oportunidades. O seminário, com a presença do ministro Marcos Pontes, é uma prova de que os governos federal e estadual querem transparência no diálogo e o apoio da coletividade. Por isso, nós do Sebrae buscaremos, dentro de nossa expertise, contribuir da melhor maneira possível neste processo”, reforçou o diretor superintendente da instituição no estado, Albertino Leal de Barros Filho.  

O governador Flávio Dino declarou que há todo interesse do Maranhão em tornar possível a exploração comercial com resultados positivos para a população maranhense, em especial, Alcântara. “Acreditamos que mediante este diálogo interfederativo, podemos encontrar melhores termos para que esse investimento do povo brasileiro possa produzir resultados positivos. Consideramos que essa exploração comercial é necessária e bem-vinda e é nosso papel facilitar as condições para estes investimentos privados, com fins a trazer benefícios ao povo do Maranhão”, reforçou.

Participaram do evento, também, cientistas, pesquisadores e técnicos de instituições como o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Defesa, Agência Espacial Brasileira (AEB), Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), Parque Tecnológico de São José dos Campos e Visiona Tecnologia Espacial.

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