quinta-feira, 4 de abril de 2019

Nesta quinta-feira, 04, acontece “Expoentes da Música”, com o set 100% vinil da jornalista e DJ Vanessa Serra, no belo restaurante, recém-inaugurado, Flor de Vinagreira, na Praia Grande. Nesta terceira edição do projeto, haverá destaque a obra de um dos maiores ícones da música brasileira, Cazuza. 

Ele faria sessenta e um anos nesta quinta-feira, 04 de abril, e ganha homenagens em todo o Brasil, inclusive, em São Luís (MA), através desta iniciativa. Com sua discotecagem do vinil; Vanessa fará um set, com faixas que foram grandes sucessos do artista desde a fase inicial de sua carreira junto ao Barão Vermelho até seu último LP, Burguesia, lançado pela Polygram em 1989.

O cantor e compositor, falecido em 1990, não envelheceu e permanece atual em versos de canções como ‘Brasil’, ‘Exagerado’, ‘Pro dia nascer feliz’, que nunca deixaram de ser ouvidas. “O mundo é um moinho” de Cartola na emblemática interpretação de Cazuza, além de hits que somaram na cena dos anos 80, e clássicos de grandes artistas que influenciaram e foram referências para Cazuza como Maysa, Lupicínio Rodrigues, Marina, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Secos & Molhados, Janis Joplin, Gilberto Gil, Gal Costa estarão no repertório da noite.

“Esta será a segunda homenagem que faremos em memória de Cazuza, em São Luís. No ano passado, tivemos a oportunidade de realizar no Bar Velho John. Cazuza nasceu no berço da MPB e se projetou no universo do rock dos anos 80... Essa é uma forma de celebrar todo o legado que ele nos deixou, afinal – o tempo não pára”, acentua Vanessa. 


O restaurante Flor de Vinagreira fica situado no suntuoso casarão, de dois pavimentos, da Rua da Estrela, onde funcionava o Antigamente. Recebeu ampla reforma, e agora com excelentes serviços e atendimento, vem contribuir, consideravelmente, para a valorização do Centro Histórico de São Luís. O “Expoentes da Música”, com set 100% vinil, em homenagem a Cazuza, começa às 19h. 

SERVIÇO:

“Expoentes da Música” – homenagem à Cazuza
Discotecagem 100% vinil da jornalista e DJ Vanessa Serra.
Nesta quintas-feiras, 04, às 19h.
Restaurante Flor de Vinagreira – Rua da Estrela – Praia Grande.
Couvert: R$ 8.
Reservas e mais informações: 98 99177 2593.

Pra saber mais:
(Fonte: G1)

O tempo não para e, no entanto, Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990), o Cazuza, nunca envelhece aos olhos do público. É que Cazuza saiu precocemente de cena, aos 32 anos, deixando cristalizada no universo pop brasileiro uma imagem eternamente jovial, rebelde, de roqueiro indomado pela própria natureza exagerada.
... Mas o fato é que, se 28 anos após a saída de cena de Cazuza ainda se fala dele e ainda se canta a obra dele, é porque Cazuza foi um senhor compositor, dono de obra que tampouco envelhece.
...O Circo Voador (RJ), na cidade natal de Cazuza, foi o primeiro cenário da consagração nacional do astro do pop brasileiro dos anos 1980, para cantar o repertório de Agenor com intervenções de Caetano Veloso (cantor que em 1983 chamou a atenção do público conservador da MPB para a poesia latente no cancioneiro de Cazuza) e de Bebel Gilberto (parceira de safra juvenil de 1986 que rendeu hits como Preciso dizer que te amo).
...
Contudo, se o poeta está vivo, como nunca deixou de estar desde 1990, é por conta da obra gravada ao longo dos anos 1980. Discos póstumos hão de pintar por aí, inclusive um com letra inéditas de Cazuza musicadas por nomes como Leoni e Bebel Gilberto, mas o que Cazuza deixou gravado em vida já é suficiente para que o poeta seja admitido no panteão dos grandes compositores da música do Brasil.

Cazuza se projetou no universo do rock dos anos 1980, mas nasceu no berço da MPB, filho de João Araújo (1935 – 2013) – desde os anos 1960 um dos mais importantes executivos da indústria fonográfica do Brasil – e de Lucinha Araújo, a supermãe que se tornou ativista, zelando na Sociedade Viva Cazuza pela saúde e inclusão social de crianças infectadas com o vírus da Aids.

Essa vivência no seio da MPB, e da música que veio antes dessa MPB, influenciou Cazuza. Tanto que houve inusitado elo entre Cazuza e Maysa (1936 – 1977), cantora e compositora de personalidade igualmente exagerada que quebrou barreiras machistas nos anos 1950. Não por acaso, circula na web, na voz de Cazuza, registro extra-oficial do samba-canção Diplomacia, lançado por Maysa em disco de 1958, no ano em que Cazuza nasceu.

Quando sentenciou que "o banheiro é a igreja de todos os bêbados", em versos do blues Down em mim (1982), Cazuza parecia atualizar o discurso desses mestres da dor-de-cotovelo, como Maysa e o compositor Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974), aludindo ao mesmo tempo a uma música (dos anos 1920) reavivada no repertório da também exagerada Janis Joplin (1943 – 1970), Down on me.

Na alegria ou na tristeza, Cazuza foi fundo, como um poeta beatnik que vagava pelos bares do noturno Baixo Leblon à procura de um algum sentido na vida louca vida. Pode ter pecado por excessos, nunca pela falta, rimando poesia com rebeldia a mil por hora, consciente de que o tempo não para e tampouco espera por alguém. Com lirismo e passionalidade, Cazuza expiou dor de amor e celebrou o prazer do sexo (e da própria vida urbana), mas também tocou nas feridas sociais, como a infância vivida no abandono das ruas, poetizada nos versos de Milagres (1984, em parceria com Roberto Frejat e Denise Barroso).

Ao ver a cara da morte, o poeta pareceu também ter se defrontado também com outras realidades da vida que lhe seria breve. Foi quando aguçou a visão crítica do Brasil (perfilado no homônimo samba roqueiro de 1988 que Cazuza assinou com George Israel e Nilo Romero) e do próprio ser humano, cuja miséria foi impiedosamente retratada nos versos do Blues da piedade (1988, parceria com Frejat).

Enfim, é clichê recorrer ao verso-título da canção-tributo de Frejat e Dulce Quental, O poeta está vivo (1990), mas, sim, Cazuza está tão vivo quanto atual no mês em que festejaria 60 anos de vida breve.

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