sexta-feira, 9 de agosto de 2019
De Filipe Espindola, mostra fica aberta para visitação até o dia 13 de setembro e compõe a nova edição da Ocupação Trapiche


Um universo de fragmentos históricos e ficcionais, coisas colecionadas e selecionadas viram arte nas mãos de Filipe Espindola, artista que abre a nova edição da Ocupação Trapiche, com a exposição 'Inventário do Caos'. A mostra entra em cartaz nesta sexta-feira (9), a partir das 18h30, na Galeria Trapiche Santo Ângelo, equipamento de cultura da Prefeitura de São Luís. A exposição fica aberta para visitação até o dia 13 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h. A abertura conta com a performance 'Disfarce', por Márcia de Aquino e Filipe Espindola. A entrada é gratuita.

As obras trazem uma mistura de ossos, exoesqueletos de insetos, pequenas garrafas de bebida, folhas secas, folhetos de viagem, mapas, carcaças, restos, objetos catados, colecionados e selecionados durante anos, peças avulsas de um jogo de xadrez, anúncios de orelhão, miniaturas, fotografias, memórias. São um universo de pequenas obsessões pela catalogação de objetos, composição de formas, texturas e volumes.

"A Galeria tem a ressalva de convidar artistas a partir da vivência com a cidade e o que percebemos nela, além da relevância das obras. O trabalho de Filipe Espindola é muito meticuloso, rico em detalhes. É um artista que expressa muito bem a sua leitura de mundo, potencializando isso em suas criações. Trazer ele para este equipamento público é um ganho para toda cidade, pois nos leva a apreciar a arte e dialogar com os contextos políticos nos quais se encontram", destacou a diretora da Galeria Trapiche, Camila Grimaldi.

Espindola é paulista, mas reside há dois anos em São Luís. A mostra traz uma perspectiva de expor um recorte de sua trajetória como artista plástico, com destaque para as assemblages e colagens bidimensionais (dos anos 1990 até hoje), mas também apresenta cerâmicas, desenhos, livros de artista, esculturas e resíduos de performances, obras produzidas desde sua graduação em Artes Plásticas na Unicamp bem como no período em que gerenciou o ateliê de modificação corporal Studio Nômade (1999 a 2010). Figuram também alguns detalhes de coleções, uma parte importante de suas referências e modos de criar.

EXPOSIÇÃO

'Inventário do Caos' é um discurso autobiográfico, porém sempre atravessado pela história urgente, pela história que ninguém quer ver: povos originários, populações LGBTIQ+, sexualidade, gênero. Seja pelo lugar de destaque nas colagens, seja pelo tom de denúncia de alguns trabalhos.

Filipe Espindola apresenta uma linguagem cifrada nas colagens e assemblagens, seus principais meios de criação. Reúne numa mesma composição coisas catadas no lixo, coisas desimportantes das ruas das cidades por onde transita; objetos colecionados ao longo de décadas que denunciam os modos de operar das indústrias e da sociedade espetacular (maços de cigarro, caixinhas de fósforo, selos, moedas, cartões telefônicos); objetos orgânicos passíveis de deterioração com o tempo como ossos, galhos, folhas; objetos de valor afetivo; objetos utilizados por seus avós, ou pelos avós de alguém desconhecido, encontrados numa esquina do bairro da Lapa no Rio de janeiro; fotografias próprias; entre outros.

O corpo aparece de forma enfática, uma vez que Espindola trabalha com modificação corporal há cerca de 25 anos atuando como perfurador (piercer) e tatuador. Está também no campo da performance, linguagem que investiga desde os anos 1990, iniciando-se com mestres como Schinke e Renato Cohen, e firmando parcerias com artistas como Ron Athey, coletivo transnacional La Pocha Nostra e SaraElton Panamby. Para organizar uma perspectiva de historicidade, o artista persegue também as coisas em sua decomposição e a morte aparece como um tema recorrente.

Informação: Agência São Luís 

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