terça-feira, 12 de novembro de 2019


Em entrevista ao Jornal Cazumbá, o secretário de Estado da Cultura, Anderson Lindoso, fala das ações desenvolvidas pela Secretaria de Cultura do Maranhão (SECMA), bem como os desafios do setor, Lei de Incentivo à Cultura, as parcerias culturais, a preparação para as festividades natalinas, Reveillón, Carnaval, e muito mais. Veja!

JORNAL CAZUMBÁ - Qual é a sua visão sobre o cenário cultural maranhense atual? 

ANDERSON LINDOSO - Nós estamos passando por uma valorização muito grande. A nossa cultura tem sido valorizada no geral, principalmente, pelo próprio maranhense. E é um trabalho que nós precisamos continuar constantemente. Nesse mundo em que vivemos, globalizado, com as redes sociais em tempo real, tendo contato com as diversas culturas, temos que ter um cuidado para não perdermos as nossas tradições. Precisamos manter esse trabalho de salvaguarda, de continuidade de valorização da cultura maranhense. 

JC - O Senhor assumiu a SECMA há pouco tempo. Qual a sua primeira missão ao ser nomeado secretário?

AL - Assumi faz quatro meses. Nossa missão é manter o padrão que foi instalado pelos secretários anteriores, desde a Ester, passando pelo Felipe e pelo Diego.  Sempre tendo essa ideia de atender os dois públicos principais na cultura: que são os artistas, executores de todas as linguagens; e o nosso público, que consome, participa da cultura.

JC - Houve alguma alteração do que vinha sendo feito pela gestão anterior? 

AL - Na verdade, desde 2015, estamos experimentando vários avanços. Cada ano com uma novidade diferente. Então, a ideia é manter o planejamento feito pelo secretário Diego Galdino e continuar a desenvolvê-lo. Claro, que haverá algumas mudanças, mas elas não acontecem de uma hora pra outra. Precisamos de tempo, experimentação, pegando as experiências do que foi feito anteriormente, como forma de melhorar futuramente. 

JC - Então, o cenário encontrado era satisfatório? 

AL - Sim. Um cenário de uma evolução administrativa grande. E conseguimos democratizar mais, por meio dos credenciamentos, das licitações, da forma de fazer os eventos. De modo que, hoje, todos os grupos maranhenses tem condições, tem oportunidades de participar, basta que estejam regularizados para que possam ser contratados pelo serviço público, mas todos os grupos têm condições de participar de toda a nossa programação, porque são diversos editais durante o ano para que possamos fazer a ocupação no geral.

JC - Tem como melhorar esse cenário?

AL – Com certeza. Nada e nem ninguém é perfeito, temos muito a melhorar. Temos um Maranhão inteiro, são 217 municípios e todos com uma rica cultura, com festividades que precisam ser apoiadas. E precisamos garantir cada vez mais que essas pessoas do continente, também, tenham acesso à produção cultural. Precisamos resgatar e salvaguardar todas as manifestações culturais.

JC – A cultura maranhense tem como seu maior incentivado a Lei de Incentivo à Cultura, que para muitos fazedores ainda é restrita, no que tange aos investidores. O que o Estado precisaria fazer para ampliar essa rede? 

AL – A Lei de Incentivo à Cultura funciona desta forma: O valor investido na lei é praticamente feito pelo Estado. Ao citar um certificado de R$ 100 mil reais, a empresa que patrocina não arca com um centavo, é um incentivo fiscal que o Estado dá para o investidor. Então, o que precisamos fazer, na verdade, é continuar esse trabalho de divulgação da Lei, da sua importância, fazer com que os investidores vejam a grande relevância que isso tem. Como eu falei, não é um dinheiro que eles vão tirar diretamente do bolso e será investido na cultura. Precisamos, ainda, continuar sendo resistência ao que está sendo feito no cenário nacional, pois vemos uma criminalização da cultura, e isso afasta os investidores. Então, precisamos continuar valorizando a nossa cultura, resgatando o sentimento de pertencimento do maranhense pela sua cultura, de modo que possamos atingir cada vez mais apoiadores.

JC - Como estão as parcerias com instituições privadas e associações culturais? 

AL - Estamos indo pessoalmente conversar com as instituições, as organizações culturais. As associações, as federações, fóruns, os diversos meios, para que possamos brigar e batalhar pela continuidade das tradições e incentivo, com intenção de pensarmos alternativas e formas da cultura maranhense render, também, através da economia criativa. A nossa finalidade é que a própria associação/agremiação tenha condições de se manter, e não dependa exclusivamente do cachê pago pelo Estado durante o ano, pois se depender apenas disso, quando chegar momentos de crise, como agora, diminui naturalmente a arrecadação deles. Estamos trabalhando para incentivar, para que eles possam utilizar formas de se manter através da economia criativa.  Outra parceria que estamos fazendo é incentivar a empresa a destinar recursos próprios, não somente pela Lei de Incentivo à Cultura. O Natal, por exemplo, já vai ter investimento direto da iniciativa privada.

JC - O diálogo está presente entre o Governo do Estado, Governo Federal e a Secretaria? Isso se dá de que forma? 

AL - Nós temos dialogado bastante. Passamos por um momento político na cultura complicado, com a mesma sendo colocada em segundo plano no cenário nacional, mas estamos brigando. Porém, isso não impede apesar das nossas diferenças, discordâncias, mantermos um diálogo institucional, no sentido de fortalecer e continuar trazendo investimentos para o Maranhão. 

JC - As festividades natalinas na gestão do governador Flávio Dino ganhou nova visibilidade, com programação variada para as famílias e turistas, com o vídeo mapping que atrai milhares de pessoas. Vai haver alguma inovação para este ano? 

AL - Sim. Teremos. Não posso adiantar muita coisa, porque é uma surpresa. Além do vídeo mapping teremos uma programação diferenciada aos finais de semana para atrair a população, com desfiles natalinos, por exemplo. Faremos intercâmbio com a história do Maranhão, como surgiu no cenário nacional, uma mistura da nossa cultura com a festa natalina. Uma programação teatral da vida da população maranhense. E  fazer uma chamada já para o nosso carnaval e São João. Estamos divulgando, inclusive, em nossas redes algumas coisinhas para a população já ir sentindo o gosto do que vamos oferecer.

JC - Réveillon e Carnaval de São Luís e do interior. Como vai ser? Alguma novidade? 

AL - No carnaval de São Luís também teremos novidades. Estamos fechando uma parceria com a Prefeitura para poder expandir um pouquinho mais o nosso circuito da Beira Mar. Essa programação será lançada em breve. O Réveillon já fechamos a programação e também será lançada dia 30 de novembro.

JC - O senhor é um grande incentivador de novos mecanismos de gestão, como as Organizações Sociais. Quais seriam os pontos positivos gerados, especialmente para o setor cultural?  

AL - Não dá pra fazer política cultural ou qualquer outra sem um contato constante com a sociedade. É importante que a sociedade tenha participação na política pública para poder subsidiar o gestor na tomada de decisão. Não dá para o gestor tomar uma decisão sem conhecer a realidade de quem vive. No caso específico da cultura, sem conhecer o galpão, o terreiro, o local onde a cultura é realmente produzida. A cultura só tem a ganhar, porque quem faz cultura de verdade não é a secretaria, não é o governador ou o secretário, é a sociedade que faz a cultura, por isso que temos esse convívio, esse diálogo constante com o fim de crescer.

JC - Quais foram os investimentos em cultura nesse ano e a previsão para 2020?

AL - Nesse ano fizemos investimentos bons perto do cenário nacional. Tanto que o Governo Flávio Dino tem sido um exemplo, no que tange a investimentos em cultura. Estamos mantendo praticamente sem investimento privado direto. Só pela Lei de Incentivo à Cultura são mais de R$ 30 milhões disponíveis para investimento durante o ano, que é meio por cento (0,5%) do orçamento. Fora isso nós temos também o carnaval, R$ 10 milhões, o São João, mais de R$ 10 milhões. E no Natal teremos mais ou menos uns R$ 3 milhões de investimento público, direto do tesouro. E isso tem um retorno muito grande para a sociedade, é isso que está movimentando a economia. A cada R$ 1,00 que investimos na cultura, temos o retorno de R$ 4,00 em economia, com táxi, aplicativo, comércio formal e informal, que fatura nesses grandes eventos e, principalmente, atrair o turista para que possamos ter um maior fluxo de recursos. O Governo não tem medido esforços para investir na cultura. 

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