segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A exposição realizada para substituir o encontro presencial de miolos contou com a participação de mais de 4 mil visitantes durante o mês de julho

SÃO LUÍS – A Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) por meio do Serviço Social da Indústria (SESI) realizou a doação de 150 cestas de alimentos na última sexta-feira (30/07) para os miolos dos bumba meu boi durante o encerramento da exposição “Boi Brinquedo - carcaça, bordado e miolo”, na sede da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (FUMPH). 

A FIEMA/SESI, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (SINDUSCON), a Prefeitura de São Luís, além da SECULT e da Associação Folclórica Flor do Sertão, foram os parceiros da exposição. 

A mostra esteve aberta ao público desde 1º de julho e reuniu 16 grupos de Bumba meu boi que, por causa da pandemia, não puderam se reunir a multidão cultural que tradicionalmente reverencia o encontro junino, que marcou o 16º Encontro de Miolos do Maranhão.  

Pela manhã da última sexta (30/07), o superintendente da FIEMA, César Miranda fez a entrega das cestas de alimentos à presidente da FUMPH, Kátia Bogéa e parabenizou o projeto. “É essencial que num momento como esse possamos realizar essa atitude que ameniza o sofrimento de quem sempre leva alegria ao público no São João.”  

No encerramento da exposição o superintendente do SESI, Diogo Lima se fez presente e disse que é gratificante participar do projeto. “Para nós do sistema FIEMA, SENAI e do SESI, estar aqui com a Kátia Bogéa que é uma grande incentivadora da cultura maranhense e organizadora dessa exposição, é recompensador. Já somos parceiros do encontro de miolos e, mais uma vez, o sistema entra apoiando esse evento importante para a comunidades folclórica, principalmente em um período de pandemia”, apontou Diogo. 

Só em 2019, o evento presencial contou com a participação de mais de 200 miolos de boi, segundo a técnica da FUMPH e pesquisadora da exposição, Lilian Brito Alves. Para superar os dois anos sem as brincadeiras, devido às medidas sanitárias, o coordenador do encontro de miolos, José Reis, em conjunto com a Fundação Municipal de Patrimônio, pensaram na mostra com artefatos e brinquedos de 30 grupos de Bumba meu boi durante o mês de julho. 

A presidente da FUMPH, Kátia Bogéa, ressaltou que a exposição foi criada em função da pandemia. “Esse 16º ano aconteceu de forma diferente. Fizemos uma exposição onde mostramos os 3 ofícios superimportantes do complexo cultural do bumba meu boi: os miolos, os bordadores e os fazedores de carcaça.” Apesar das restrições sociais, a participação do público foi positiva. “Nós tivemos durante 1 mês, mais de 4 mil visitantes que demonstraram um interesse muito grande por essa manifestação tão importante da identidade cultural do povo maranhense”, avaliou Kátia. 

A vice-prefeita de São Luís, Esmênia Miranda da Silva, comemorou o número de visitantes da feira cultural. “Nós tivermos mais de 4 mil pessoas na exposição, o que deixa a gente muito feliz. O projeto trouxe essa lembrança de que a nossa cultura e nossa identidade também podem ser marcadas em nosso coração e na nossa mente de outra maneira, ainda que a forma presencial seja a preferida”, considera Esmênia. 

A ALMA DO BUMBA MEU BOI: O MIOLO - O Encontro dos Miolos de Bumba meu boi, idealizado pelo produtor cultural José de Ribamar Sousa Reis, surgiu em 2002 como uma proposta de valorizar a figura do miolo: o brincante que encarna o espírito do boi brinquedo que é o personagem central da manifestação. Também é conhecido como alma, tripa, fato, dentre outras expressões que se relacionam ao seu posicionamento no interior do brinquedo para a devida manipulação. 

Todos os anos, na segunda sexta-feira de julho, cerca de 200 miolos dos variados sotaques se reúnem nas Ruas Portugal e Estrela, que recebem em suas calçadas as carcaças com seus deslumbrantes couros bordados em exposição. O ponto alto da festa é o cortejo que percorre as ruas da Praia Grande, quando os miolos bailam sob o ritmo de toadas de bumba meu boi de sotaque da baixada tocadas ao vivo com matracas e pandeirões. Ao longo do dia, milhares de pessoas entre boieiros, comunidade ludovicense e turistas se deleitam com os bordados, a musicalidade e as danças que compõem a riqueza e diversidade do bumba meu boi maranhense. 

Se é do miolo a responsabilidade de encarnar a alma do personagem central da brincadeira e bumbar com toda a sua beleza e requinte, antes, o boi brinquedo conta com a destreza de detentores de conhecimentos específicos na confecção do brilhante couro esticado sobre a carcaça. Deste modo, a confecção do boi artefato repousa sobre um conjunto de atividades e saberes que fazem com que o boi elemento se torne corpóreo, palpável, consistente. 

Os bordados no couro dos bois brinquedos sempre ganham grande evidência dada a sua engenhosa beleza. Nele, veludo, canutilhos, miçangas, lantejoulas, paetês vão ganhando contornos sobre os decalques que transmitem histórias, memórias, crenças e simbolismos que refletem identidades culturais coletivas. Destacam-se as figuras de desenhistas e bordadores, cujas técnicas empregadas são muito subjetivas, traduzindo conceitos e estilos próprios de cada artista. 

Carcaça, capoeira, cangalha, cavername e quadro são alguns dos nomes pelos quais é denominada a armação de madeira do boi boneco. Sua estrutura é composta por cabeça, chifres, corpo e rabo e preparada com madeiras leves, metal, varas e chifres. Dos ofícios envolvidos na sua confecção podemos citar o armador de boi que molda e monta a estrutura; e o magarefe, responsável em serrar e polir os chifres naturais do boi-animal. 

Informação: Fiema

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