Com mais de 1 milhão de espécies em risco de extinção, os países devem trabalhar agora para alcançar um futuro sustentável para as pessoas e o planeta, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a líderes presentes na Conferência da ONU sobre Biodiversidade, que começou nesta segunda-feira (11) em Kunming, China.
“Estamos perdendo nossa guerra suicida contra a natureza”, disse Guterres em uma mensagem de vídeo para a reunião, que está sendo realizada virtualmente.
O chefe da ONU alertou que “a interferência imprudente da humanidade na natureza” terá consequências permanentes.
“A taxa de perda de espécies é dezenas a centenas de vezes maior do que a média dos últimos 10 milhões de anos – e está acelerando. Mais de 1 milhão de espécies de plantas, mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados estão em risco – muitos deles em apenas décadas”, disse.
“O colapso do ecossistema pode custar quase 3 trilhões de dólares anualmente até 2030. Seu maior impacto será sobre alguns dos países mais pobres e altamente endividados”, acrescentou.
‘Cessar-fogo’ com a natureza - A conferência, conhecida como COP15, desenvolverá um roteiro global para a conservação, proteção, restauração e gestão sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas para a próxima década.
“A COP15 é a nossa chance de pedir um cessar-fogo”, disse o secretário-geral. “Junto com a COP26 sobre o clima, deve lançar as bases para um acordo de paz permanente.”
Um novo acordo global sobre a biodiversidade pode colocar a natureza e as pessoas de volta nos trilhos, acrescentou Guterres, enfatizando que este deve funcionar em sinergia com o Acordo de Paris sobre a mudança climática e outros acordos internacionais sobre florestas, desertificação e oceanos.
O chefe da ONU destacou cinco áreas de ação na conferência, começando com o apoio ao direito legal de todos a um ambiente saudável. Isso inclui os direitos dos povos indígenas, que ele descreveu como “gestores da biodiversidade”.
A estrutura também deve apoiar políticas e programas nacionais que enfrentem as causas da perda de biodiversidade, especialmente consumo e produção insustentáveis.
Deve trabalhar para transformar os sistemas de contabilidade nacionais e globais, de modo que reflitam o verdadeiro custo das atividades econômicas, incluindo seu impacto sobre a natureza e sobre o clima.
“Entregar a estrutura pós-2020 exigirá um pacote de apoio aos países em desenvolvimento, incluindo recursos financeiros significativos e transferência de tecnologia”, disse.
“E quinto, deve acabar com os subsídios perversos, inclusive para a agricultura, que tornam lucrativo atacar a natureza e poluir nosso meio ambiente. Esses recursos devem ser redirecionados para a reparação dos danos causados.”
Além da biodiversidade - António Guterres disse que as ações nessas cinco áreas irão muito além da biodiversidade, pois vão contribuir para os esforços globais para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Ele apontou para o futuro, exortando os delegados a serem ousados e ambiciosos, para o benefício das gerações vindouras.
“Os jovens têm mais a perder com a devastação de ambientes naturais e a perda de espécies. Eles estão clamando por mudanças. E estão se mobilizando por um futuro sustentável para todos. Eles, e nós, contamos com você.”
A Conferência da ONU sobre Biodiversidade consiste em três reuniões simultâneas. Além da COP15, também estão ocorrendo reuniões das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança e do Protocolo de Nagoya sobre acesso e compartilhamento de recursos genéticos.
A conferência está sendo realizada em duas fases. O segmento atual vai até esta sexta-feira (15) e será seguido por reuniões presenciais em Kunming de 25 de abril a 8 de maio de 2022.
Informação: Nações Unidas
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