quinta-feira, 17 de março de 2022

A cada segundo uma criança torna-se refugiada da guerra na Ucrânia. Nesta terça-feira (15), o número de pessoas que fugiram dos ataques buscando proteção em países vizinhos ultrapassou a marca de três milhões, sendo que as crianças são metade deste total. Outras 157 mil são nacionais de outros países que viviam na Ucrânia.

“Todos os dias, nos últimos 20 dias, mais de 70 mil crianças se tornaram refugiadas na Ucrânia. Isso quer dizer que a cada minuto 55 crianças fogem do país”, disse o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Elder.

Ele também falou do risco de tráfico associado ao conflito, destacando que nove em cada 10 dos que fogem da violência na Ucrânia são mulheres e crianças. O porta-voz do UNICEF lembrou que as crianças, assim que chegam em países vizinhos, “têm risco significativo de se perderem de suas famílias” ou de serem vítimas de “violência, exploração sexual e tráfico humano”. 

“Para se ter uma ideia, na fronteira que eu costumava visitar – em Medyka, divisa entre Polônia e Ucrânia – pelo menos até a semana passada dezenas de pessoas ficavam em volta de ônibus e minivans gritando nomes de capitais e os recém-chegados iam entrando neles”, disse ele. “A grande maioria, é claro, são pessoas com intenções maravilhosas e grande generosidade, mas não há dúvida, dado o que sabemos sobre tráfico na Europa, que essa é uma questão muito, muito preocupante”, contou. “Os menores de idade precisam, desesperadamente, de segurança, estabilidade e serviços de proteção social, especialmente os que estão desacompanhados”. 

O porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Ewan Watson, uniu-se ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ao pedir paz imediata na região. Na última segunda-feira (14), Guterres disse que a ofensiva militar da Rússia contra civis estava “atingindo proporções terríveis” e que a Ucrânia está sendo “dizimada diante dos olhos do mundo”. 

Horror - Em toda a região, onde conseguem ter acesso, as agências humanitárias das Nações Unidas e parceiros estão entregando suprimentos cruciais. No último final de semana, um novo comboio do UNICEF chegou ao país, com 22 caminhões carregados com 168 toneladas de suprimentos, incluindo kits para partos e cirurgias, material obstétrico, oxigênio, cobertores, roupas de inverno, água, material de higiene e kits de educação infantil.  As equipes de proteção para as crianças também estão sendo ampliadas de nove para 47.

No entanto, de acordo com porta-voz do UNICEF, a infraestrutura crítica de algumas cidades, como a rede de abastecimento de água, tem sido alvo de repetidos e indiscriminados ataques. “Para ilustrar, sabemos por colegas de lá, que famílias estão desmontando os aquecedores para tirar o líquido refrigerante e ter isto para beber, como um último recurso”, contou.

Na cidade portuária de Mariupol, uma das áreas mais castigadas pelo conflito, as organizações de ajuda humanitária alertam que a situação se deteriorou ainda mais, após mais bombardeios russos. Centenas de milhares de pessoas estão sendo “sufocadas” pela falta de suprimentos e não conseguem fugir da cidade, sitiada pelas forças russas.  

Em um novo comunicado liberado nesta terça-feira (15), o CICV descreveu a situação na cidade como "terrível e desesperadora". 

“A conclusão aqui hoje é que centenas de milhares de pessoas permanecem sem ajuda. Elas não conseguem deixar a cidade e estão basicamente sendo sufocadas”, disse o porta-voz da instituição.

Ajuda - O porta-voz também confirmou as notícias de que veículos conseguiram deixar a cidade na segunda-feira (14). “O CICV não esteve envolvido nessa evacuação de pessoas. Mas o que eu diria é que isto foi, de verdade, uma gota no oceano”.

Sobre os relatos de que famílias estão sendo forçadas a buscar água em córregos e que brigas começaram por causa de comida, o porta-voz do CICV pediu às autoridades ucranianas e russas que encontrem uma solução para que a ajuda possa chegar à população da cidade.

Ele também anunciou que a organização pretende evacuar em breve as pessoas da cidade sitiada de Sumy, no nordeste, usando 30 ônibus.

Informação: Nações Unidas 

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