quarta-feira, 23 de março de 2022

Hoje, mais de 80% da população brasileira vive em grandes cidades. Em menos de 70 anos o Brasil deixou de ser um país rural para se tornar um país urbano. E qual o papel que as florestas desempenham na vida de toda essa população que mora em grandes centros?

Poderia iniciar este texto, escrevendo inúmeras linhas sobre o valor imensurável das florestas em termos de riquezas intangíveis ou de todo o seu valor social, como por exemplo, quem nunca vivenciou a agradável experiência do contato com a natureza? Mas vamos focar em temas mais ecológicos e econômicos e descrever um pouco do valor utilitário das florestas.

As florestas produzem uma série de benefícios que chamamos de serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos, que são oferecidos por qualquer cobertura florestal, estando ela em estado de integridade ou não. Um dos serviços essenciais que nós recebemos das florestas é a Água, que é produzida graças às áreas de recarga nas florestas. E quanto maior e mais preservada a área de cobertura florestal, maior será a capacidade de recarga de água. Recentemente tivemos em discussão no Zoneamento Ecológico-Econômico do Maranhão a questão da redução das áreas protegidas no nosso Estado, especificamente da reserva legal – e esse é um tema central que todos deveriam discutir. Pois, afinal nós vivemos em grandes cidades, mas dependemos diretamente dos serviços ambientais fornecidos pela cobertura florestal do nosso Estado, principalmente do serviço água.

Quando analisamos a matriz energética nacional verificamos que 80% de todo o país produz energia por meio das hidroelétricas e que apenas 20% vêm de outras fontes. Isso confirma que nós somos um país essencialmente dependente da água e percebemos isso muito bem quando os reservatórios estão em zona crítica de abastecimento e vivenciamos o racionamento de energia. Nós que vivemos nas cidades devemos nos preocupar com as florestas, pois, a manutenção da existência da cobertura florestal pode garantir a permanência do ciclo hidrológico que é essencial na manutenção do fornecimento de água e energia para todo o país. 

Dia 21 de março é comemorado o dia Mundial das Florestas e um dia após, 22, o dia Mundial da Água, um período ímpar para refletirmos principalmente sobre a origem da água que usamos e todo o seu valor para o desenvolvimento da economia do nosso Estado. De onde vêm boa parte da água que abastece nossa capital, São Luís? Mais de 80% vêm do sistema ITALUÍS que é abastecido pela Bacia do Rio Itapecuru, este possui suas nascentes no coração do cerrado maranhense, que ocupa 65% do nosso território estadual – e a maior parte dos grandes rios maranhenses nascem no cerrado – nas florestas do cerrado! E são estas as águas que abastecem os grandes centros urbanos do Estado. Somente a bacia do rio Itapecuru perpassa 52 municípios maranhenses e abastece cerca de 3 milhões de pessoas. Se nós não trabalharmos e cuidarmos destas florestas, nós teremos uma grande possibilidade de perdermos para a teia do desmatamento, com acentuada redução de toda a nossa cobertura florestal. E a cada perda de área florestal, nós perdemos uma área de recarga hídrica e consequentemente, uma área de nascente.

O que vai acontecer com o abastecimento de água potável para mais de 3 milhões de habitantes que recebem diariamente água deste rio? O que vai acontecer com a nossa economia nas atividades de pecuária, agricultura e indústria que dependem diretamente deste recurso? A água é essencial não só para manutenção da vida, mas para todos os processos econômicos. 

Sem água não existe desenvolvimento!

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) no planeta mais de 2 bilhões de pessoas não possuem acesso a água potável, ou seja, 1 em cada 3 pessoas não tem acesso a esse recurso. Além disso, a redução da cobertura florestal implica diretamente no aquecimento global e nas mudanças climáticas. Todo o estoque de carbono armazenado nas florestas são emitidos para o ar no momento do desmatamento e das queimadas. E quanto mais gás carbônico (CO2) nós emitimos, mais calor teremos no planeta. 

Portanto, nós temos muitos desafios e uma grande responsabilidade ambiental, pois o Brasil abriga 20 % de toda a biodiversidade do mundo e possui 30% das florestas tropicais (FAO). Neste sentido, precisamos alinhar o conhecimento disponível, com a tecnologia e a inovação em prol de construir um caminho em que o desenvolvimento econômico avance junto com a manutenção das florestas para que possamos garantir acesso a água para todos os envolvidos, sobrevivência da nossa biodiversidade e redução do aquecimento global.

Informação: Sema MA 

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