domingo, 14 de maio de 2023
Dia das mães
Amor de mãe arde, é sem limite e não pede nada em troca. aproveite a edição para homenagear quem te deu a vida — e continua vivendo por você.
Rita, Elis e Maria Rita
“Ô, Ovelha Negra, tem uma cantora famosa rodando a baiana, dizendo que vai chamar a imprensa. Ela quer te ver”, disse um carcereiro para Rita Lee.
• O ano era 1976 e a roqueira, grávida de seu primeiro filho, estava há 2 dias presa acusada de porte e uso de maconha.
Rita conta que, depois de revirarem a sua casa, os policiais disseram ter encontrado 300 gramas da droga. Segundo a cantora, aquilo foi armado — “eu tinha parado de fumar por causa da gravidez de Beto Lee”.
A relação turbulenta da Rita com a ditadura — que a enxergava como inimiga da moral e dos bons costumes —, ainda renderia bons capítulos, mas a história aqui é sobre amizade e maternidade.
A tal cantora famosa que deu escândalo na cadeia era Elis Regina. Com pouco mais de 1,50, ela apontava o dedo para os policiais com uma mão, e segurava o seu filho, João Marcelo, com a outra.
• Antes disso, as duas sequer se cumprimentavam. Segundo Rita, Elis fazia parte daquela “passeata contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira”.
Mas, mesmo com as divergências, foi só ver a situação que a rainha da MPB abraçou a roqueira, perguntou se ela estava sendo bem tratada e chegou a ordenar que um dos policiais saísse para comprar comida pra ela.
Depois disso, as duas se tornaram companheiras inseparáveis. Gravaram juntas e a Rita até compôs “Doce Pimenta” em homenagem à amiga. Ah, e adivinha por que a filha da Elis foi batizada como Maria Rita?
Essa é a história de duas das maiores artistas brasileiras, mas esse instinto de proteção poderia vir da sua mãe, da sua avó, ou da sua vizinha. De quem é mãe de sangue — ou de coração.
Usando as palavras de Carlos Drummond de Andrade, “mãe não tem limite, é tempo sem hora e luz que não apaga. Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho”.
Sonho de vida
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL
A história de hoje é sobre a realização de um sonho, mas, pra contar ela direitinho, precisamos falar sobre a Silvana.
• Professora aposentada, completou 62 anos no ano passado e enfrentou várias batalhas na vida para criar os seus 5 filhos.
Ela sempre renunciou a tudo e correu atrás do impossível para dar às suas crianças um ensino de qualidade. Já passou por várias dificuldades financeiras, mas hoje dorme com o coração em paz.
Graças ao seu esforço, todos os seus filhos formaram em universidades públicas e conquistaram bons empregos. Na verdade, mais importante do que isso: são pessoas do bem.
Todo mundo vive dizendo que a Silvana pensa só nos outros, mas ela sabe que não tem como ser de outra forma. Em suas palavras, “ter um filho é como mudar o endereço do coração”.
Acontece que, no meio de todas essas batalhas, ela acabou não se cuidando mais. Como colocava as necessidades de todos na frente das dela, Silvana esqueceu que ainda dava pra sonhar.
• Mas a Giovanna, sua filha, nunca esqueceu. Desde que se entende por gente, sabe que a sua mãe sonhava emconhecer a Itália.
Filha de italianos, a Silvana cresceu escutando como aquele país é lindo, como a comida é gostosa e como a família é importante.
Inclusive, a Giovanna lembra pouco da sua infância, mas tem uma recordação nítida da sua mãe escutando várias músicas italianas, e chorando pela partida de seu avô, pai dela.
Ela é a tia amada por toda a família, conhecida como “manona”. Os primos e tios de longe sempre ficam felizes quando visitam Belo Horizonte — porque irão comer a famosa “lasanha da manona”.
• Fazer essa viagem sempre foi uma ideia sonhada junto com a sua querida irmã Marta, que faleceu de câncer poucos anos atrás.
Depois disso, a Silvana abandonou os planos, mas a Giovanna continuou lembrando. Na verdade, mais do que isso, desde que começou a trabalhar, o sonho passou a ser dela também.
Então, depois de receber o seu primeiro salário, ela deu início a sua “caixinha de viagem”. Juntando um pouquinho aqui e ali, era essa a prioridade de todas as suas economias.
Seu namorado, também descendente de italianos, compartilhou o sonho junto com ela. Também fez a sua caixinha de viagem, para dar o mesmo presente pra sua mãe, também batalhadora e cozinheira de mão cheia como a Silvana.
• Então, depois de muito esforço, em fevereiro desse ano, a Giovanna fez uma surpresa especial pra “manona”.
Chamou ela pra tomar um café, colocou uma música italiana de fundo e entregou uma cartinha. Nas primeiras páginas, ela agradeceu sua mãe por todo amor e empenho dedicado à família.
Em seguida, entregou uma foto do Coliseu e a passagem comprada. Silvana chorou muito e disse que não merecia tanto. Mas, quem conhece a peça, sabe que ela merece muito mais.
Na sexta-feira, chegaram os 4 na Itália: Giovanna, seu namorado e as duas mãezonas. Hoje, o Dia das Mães vai ser comemorado em Roma — regado de vinho e pasta.
• Planejadora nata, ela já cuidou de todos os detalhes, com direito à planilha de Excel e até capacitação com slide pra ninguém cair em golpes de turista.
Além de Roma, o roteiro inclui passeios na Toscana, Veneza, Verona e Milão. A Giovanna espera viver momentos inesquecíveis, mas sabe que isso independe do lugar: com a Silvana, "tutto è festa".
Informação: The Stories
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
0 comentários:
Postar um comentário