domingo, 2 de julho de 2023
Vai dar certo

Suas frustrações te deixam ansioso? em vez de se culpar pelos planos não realizados, experimente focar no presente: o melhor está por vir.

A Pior Pessoa do Mundo


Quando está prestes a completar 30 anos, a protagonista do filme norueguês, “A Pior Pessoa do Mundo”, reflete sobre como a vida de seus antepassados já estava toda arranjada nessa idade.

Em contraponto, sua própria jornada parece ser marcada por indefinições: ela passou pelo curso de medicina, mudou pra psicologia, desistiu pra tentar ser fotógrafa e acabou trabalhando em uma livraria.

No âmbito amoroso, Julie também vive uma onda de incertezas. Privilegiando partes diferentes da sua personalidade, ela vai trocando de parceiros à medida que as dificuldades aparecem.

• “A Pior Pessoa do Mundo”, então, é o que a gente chama de “coming of age movie”. Ou seja, um filme sobre tornar-se adulto.

Tá, mas ela não tem 30 anos? Sim, e esse é exatamente o ponto no qual o diretor quer chegar: com as infinitas possibilidades dos tempos atuais, a adolescência não termina nos 18.

Assim, o filme constata que esse leque de opções não deixa a vida mais fácil. Ao contrário, ele dificulta de forma extrema a aceitação de que toda escolha tem uma renúncia.

No caso da Julie, isso fica escancarado: ao tomar uma decisão concreta, a personagem não consegue parar de pensar nas possibilidades hipotéticas que ela estaria perdendo.

Apesar de mostrar de forma crua essas indecisões, o cineasta as reconhece como partes intrínsecas da protagonista, construindo um retrato sensível e generoso sobre o amadurecimento.

• Dessa forma, a jornada da Julie não é para ser vista como exemplo de certa ou errada. Ela apenas existe, como a de todos nós.

E quem é a pior pessoa do mundo? Ao prejudicar os outros com o seu mar de indecisões, a protagonista usa seus medos e inquietações para se colocar nesse lugar de “vilã”.

Entretanto, uma das mensagens mais poéticas do filme diz justamente o contrário. Ainda que a nossa jornada seja repleta de erros, buscar ser melhor é o que comprova a nossa bondade.

Dois vinhos no copo

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL


De segunda a sexta, o Marcos acorda às 6h da manhã. Dá comida para o seu cachorro, prepara um café coado, toma um banho quente e se arruma para ir trabalhar.

• Hoje, o seu ofício é em uma cafeteria charmosa no bairro Vila Madalena, em São Paulo.

O Marcos admira muito quem é barista por paixão, mas, no seu caso, servir cappuccinos e croissants estava longe dos planos. Inclusive, quais eram os seus planos mesmo?

Na hora de fazer o vestibular, ele decidiu que queria ser engenheiro. Sua nota no ENEM não foi das melhores, mas os seus pais toparam pagar uma faculdade particular.

Marcos nunca gostou de matemática, mas ouviu dizer que os cifrões chegam para quem mexe com números. Então, sonhando com um apartamento próprio e um carro legal, engenharia civil era uma boa opção.

• Durante o curso, ele repetiu algumas matérias, mas o saldo da vida universitária foi positivo: boas amizades e um estágio efetivado depois da formatura.

Nas festas dos finais de semana, Marcos conheceu algumas pessoas legais, mas ninguém que fizesse o seu coração bater mais forte. Então, viveu a juventude do jeito que pede o script: livre, leve e solto.

Nesse meio tempo, ele começou a escrever. Quando terminava de trabalhar, colocava uma playlist de música clássica do Spotify e digitava tudo que vinha na sua cabeça.

Aos finais de semana, Marcos frequentava cafeterias e observava as mesas ao seu redor. Olhava para um casal e já tentava adivinhar se aquele era o primeiro — ou o último — encontro.

• Nessa brincadeira, entrou em universos de adolescentes, adultos e idosos. Criou narrativas de pessoas sendo, simplesmente, pessoas.

Marcos não se lembra muito bem quando foi que percebeu que queria ser escritor, mas sabe que a demissão em massa na construtora em que ele trabalhava foi o pingo de coragem que estava precisando.

Então, como precisava pagar as contas — e voltar pra casa dos pais não era uma opção —, resolveu procurar um emprego no lugar que lhe trazia mais inspiração: a tal da cafeteria.

Contando essa história de forma leve, parece até que foi fácil, mas ele perdeu muita coisa no caminho. Mudou de bairro, escutou dos seus amigos que estava doido e até foi expulso do grupo da família.

• Então, Marcos viveu as dores e delícias da sua mudança de rota sozinho, até conhecer a Maria Clara.

Era um sábado, às 16h da tarde, quando ela sentou e pediu um café com leite. Enquanto seu pedido ficava pronto, ela tirou da bolsa “O Amor nos Tempos do Cólera” esqueceu do mundo ao seu redor.

Marcos já estava acostumado a ver pessoas lendo em cafeterias, mas, dessa vez, foi diferente. Em suas palavras, “era como se Gabriel Garcia Márquez tivesse escrito a história pra Maria Clara”.

Depois de perguntar se ela já tinha lido “Cem Anos de Solidão”, o papo foi rendendo e a cafeteria fechou. Os dois, então, sentaram no bar do lado e trocaram o café com leite por dois copos de vinho — sim, copos.

• Papo vai, papo vem, Marcos contou toda essa história para Maria. Disse que sonhava em ter suas crônicas publicadas e até leu a sua preferida para ela.

Os dois conversaram sobre livros, cinema e até confessaram alguns segredos estranhos. Sabe quando você solta uma coisa sem querer, e depois percebe que nunca tinha contado aquilo a mais ninguém?

Então, um encontro pode parecer pouco, mas foi o suficiente pra Maria Clara escrever esse texto e dizer para o Marcos que ela acredita nele.

Essa história não vai terminar em pedido de namoro, mas é um relato sincero de quem presenciou o milagre de um encontro. Entre tantas conversas banais, quantas vezes realmente nos conectamos com alguém?

Por fim, ainda que o sucesso não tenha chegado, a Maria Clara sonha em ver um livro do Marcos publicado. Ela não sabe se ele lê the stories, mas garante que vai voltar na cafeteria no próximo sábado.

Já separou a pipoca? 🍿


Aproveitando o clima do #MomentoCult, fizemos uma seleção de “coming of age movies” para vocês curtirem o domingo e ainda refletirem sobre a própria jornada. Enjoy!

• Para continuar no clima, vale assistir A Pior Pessoa do Mundo e levar a reflexão para além do que trouxemos aqui. 🧠

• Abordando temas complexos de forma sensível, As Vantagens de Ser Invisível vai muito além do clichê adolescente. 🤓

• Indicado ao Oscar, o filme Educação se passa na década de 1930 e mostra os dilemas de uma jovem que não sabe se vai atrás da sua educação formal ou se rende aos encantos de um bon vivant. 🍾

• Inspirados em fatos reais, o filme Quase Famosos conta a história de um adolescente de 15 anos que virou crítico de música da Rolling Stone. 🎸

• Indo além da temática, aqui está uma seleção de longas leves e gostosos para vocês curtirem o domingo com muita pipoca. 🍿

Informações & Imagens: The stories  / Reprodução 

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