Estimular a promoção de roteiros que valorizem a ancestralidade africana e o turismo étnico no Maranhão. Esses foram os pontos focais do I Encontro de Afroturismo, evento realizado nesta quinta-feira (6), na Casa de Negro Cosme, no Centro Histórico de São Luís.
Como o tema "Saberes e Experiências Negras: Afroturismo em Movimento", o encontro foi promovido pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur-MA), em parceria com o Comitê Interinstitucional de Promoção do Afroturismo do Maranhão.
A ideia do evento é fortalecer o movimento do afroturismo no Maranhão por meio de debates, exposições e oficinas, quando foram apresentados exemplos locais de empreendimentos que já atuam no fortalecimento do turismo étnico no estado.
“Iniciamos falando sobre agroturismo em uma roda de conversa, também apresentando casos de sucesso que já estão acontecendo aqui no nosso estado, dentro dessa temática. Seguimos a programação com oficinas que também são relacionadas ao tema do afroturismo”, explicou Samya Campos, assessora do setor de Qualificação Profissional da Setur-MA e coordenadora do Comitê Interinstitucional de Promoção do Afroturismo do Maranhão.
O encontro reuniu representantes de diversas instituições públicas, entre elas, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq) e o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA), que contribuem com debates para articulação e ações para o fortalecimento do afroturismo no Maranhão.
Direto do Rio Grande Sul, onde participa do Festival de Turismo de Gramado (Festuris), onde a Setur-MA atua na promoção dos principais destinos maranhenses, a secretária de Turismo do Maranhão, Socorro Araújo, destacou a relevância de iniciativas que estimulam o turismo étnico, já que cerca de 79% da população maranhense é autodeclarada negra, como aponta Boletim Social divulgado pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc) no início deste ano.
“O Maranhão é o estado que concentra a segunda maior população negra do país. Nossa história é marcada pela forte presença da cultura africana nas nossas danças, na linguagem, na culinária e no nosso folclore. É missão da Setur-MA dialogar com representantes do movimento negro e com os operadores de turismo para impulsionar esse ramo da atividade turística, que tem grante potencial para atraçao de visitantes e para a geração de renda no nosso estado”, afirmou a secretária Socorro Araújo.
Roteiro Sankofa e o legado negro para o turismo
A trancista e arte educadora Alessandra Vieira foi uma das palestrantes do evento e abordou em sua fala o chamado Roteiro Sankofa, projeto que conduz turistas por uma rota que revela histórias da população negra e oferece uma experiência de turismo antirracista.
“Apresentei o Roteiro Sankofa, que é um roteiro ancestral que conta a história do nosso povo preto que foi invisibilizado. É de grande importância eu, como mulher preta militante, estar nesse lugar, falando dos nossos para os nossos”, ressaltou Alessandra Vieira.
O evento também contou com o apoio da Secretaria de Estado Extraordinária da Igualdade Racial (Seir), que tem como sede a Casa de Negro Cosme. Para a secretária de Igualdade Racial, Célia Salazar, o I Encontro de Afroturismo do Maranhão tem uma “carga de representatividade” tanto para a rede de turismo, como para o movimento negro.
“A população negra, escravizada da África, deixou um legado potente, forte, no que diz respeito à questão da cultura, da alimentação e de outros itens que compõem toda a estrutura do turismo. É muito importante quando a gente abre uma discussão sobre igualdade racial e o legado da população negra para o turismo, trabalhando numa perspectiva de renda e fortalecimento da cultura negra”, pontuou a titular da Seir.
Feira MA Preta e oficinas
Em paralelo às palestras e oficinas do evento, foi realizada exposição da Feira MA Preta, com mostras e comercialização de artesanato e produtos que exaltam a identidade ancestral da cultura negra no Maranhão.
Entre as formações, o I Encontro de Afroturismo do Maranhão oportunizou aos participantes duas oficinas: a Oficina de Tranças Irun e a Oficina de Bonecas Abayomi. A superintendente dos Povos Quilombolas da Seir, Iracema Amorim, ministrou a oficina de Boneca Abayomi, símbolo de resistência negra criado pela artesã maranhense Lena Martins no final da década de 1980.
“Abayomi é uma boneca preta e eu trabalho com ela a questão da representatividade, da luta e resistência das mulheres negras. É uma oficina de identidade e pertencimento étnico, porque traz justamente isso: memórias afetivas dos nossos ancestrais. Também ficamos alegres por mostrar que aquilo que a gente faz também pode ser uma peça de empreendedorismo, isso fortalece essa cadeia do turismo”, sublinhou Iracema Amorim.
O I Encontro de Afroturismo também contou com a participação das Secretarias de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Agricultura Familiar (SAF), Mulher (Semu), Monitoramento de Ações Governamentais (Semag), Trabalho e Economia Solidária (Setres) e Infraestrutura (Sinfra), além de operadores, agências de viagens e guias de turismo. O secretário adjunto do Turismo, Ruan Tavares, participou da mesa de abertura do evento representando a secretária Socorro Araújo.
Informação: Turismo MA


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