segunda-feira, 10 de maio de 2021

As emissões de metano causadas pela atividade humana podem ser reduzidas em até 45% nesta década, ajudando assim a manter o aumento da temperatura global em 1,5ºC, alinhado com o Acordo de Paris sobre mudança climática, de acordo com um relatório apoiado pela ONU publicado na quinta-feira (6).

A Avaliação Global de Metano descreve os benefícios da diminuição do metano, um ingrediente chave na poluição atmosférica, que inclui a prevenção de cerca de 260 mil mortes prematuras e 775 mil visitas hospitalares relacionadas à asma anualmente, assim como 25 milhões de toneladas em perdas de safra.

No Brasil, 276 mortes por doenças respiratórias e cardíacas são registradas a cada 10 milhões de toneladas de metano. O país é também perdeu de 4.900 horas trabalho devido à exposição ao calor extremo. A produção de grãos é outro setor afetado pela emissão de metano, com perdas na produção de milho e soja.

O estudo é trabalho da Coalizão do Clima e Ar Limpo (CCAC), uma parceria global de governos, de parceiros não-estatais e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

“Alavanca mais forte” - “Cortar o metano é a alavanca mais forte que temos para desacelerar as mudanças climáticas nos próximos 25 anos e isso complementa os esforços necessários para reduzir o dióxido de carbono. Os benefícios para a sociedade, as economias e o meio ambiente são numerosos e superam em muito o custo”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Inger Andersen.

O metano é um gás de efeito estufa extremamente poderoso, responsável por cerca de 30% do aquecimento desde a era pré-industrial.

A maioria das emissões de metano causadas pelo ser humano vem de três setores: combustíveis fósseis, como processamento de petróleo e gás; aterros e resíduos;  agricultura, principalmente relacionada à pecuária.

Emissões sempre aumentando - O relatório ressalta o porque a ação internacional é urgentemente necessária, já que as emissões de metano causadas pelo ser humano estão aumentando mais rápido do que em qualquer momento desde o início dos registros na década de 1980.

Mesmo com a pandemia da COVID-19 causando uma desaceleração econômica em 2020, o que impediu outro ano recorde de emissões de dióxido de carbono (CO2), dados da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) mostram que a quantidade de metano na atmosfera atingiu recorde níveis no ano passado.

As boas notícias - No entanto, ao contrário do CO2, que permanece na atmosfera por séculos, o metano se decompõe rapidamente e a maior parte desaparece depois de uma década, o que significa que a ação pode reduzir rapidamente a taxa de aquecimento global no curto prazo.

O metano é responsável por quase um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com Rick Duke, conselheiro sênior de John Kerry, Enviado Presidencial Especial dos EUA para o clima.

“Os Estados Unidos estão empenhados em reduzir as emissões de metano tanto em casa quanto globalmente - por meio de medidas como pesquisa e desenvolvimento, de padrões para controlar o metano fóssil, de aterros sanitários e de incentivos para lidar com o metano agrícola”, disse ele.

Soluções prontamente disponíveis - A avaliação identifica soluções prontamente disponíveis que reduziriam as emissões de metano em 30% até 2030, principalmente no setor de combustíveis fósseis. A maioria, ou cerca de 60%, tem custo baixo e metade tem “custos negativos”, o que significa que as empresas ganharão dinheiro tomando medidas. 

O chamado “potencial de mitigação” varia entre países e regiões, de acordo com o relatório. Por exemplo, enquanto o maior potencial na Europa e na Índia está no setor de resíduos, na China ele vem da produção de carvão e pecuária, enquanto na África é da pecuária, seguido de petróleo e gás. 

“Mas medidas direcionadas por si só não são suficientes”, alertaram os parceiros. “Medidas adicionais que não visam especificamente o metano, como uma mudança para energia renovável, eficiência energética residencial e comercial e uma redução na perda e desperdício de alimentos, podem reduzir as emissões de metano em mais 15% até 2030”. 

O professor de Ciência do Clima na Universidade de Duke, nos EUA, Drew Shindell, que presidiu a avaliação da CCAC, disse que passos urgentes devem ser tomados para reduzir as emissões de metano nesta década.   

“Para atingir as metas climáticas globais, devemos reduzir as emissões de metano e, ao mesmo tempo, reduzir urgentemente as emissões de dióxido de carbono”, disse Shindell. “A boa notícia é que a maioria das ações necessárias trazem benefícios não apenas para o clima, mas também para a saúde e financeiramente, e toda a tecnologia necessária já está disponível”.

Informação: Nações Unidas 

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