quinta-feira, 30 de junho de 2016
Em entrevista, o Secretário adjunto de Cultura e Turismo do Maranhão, Hugo Veiga, traça planos
para o setor e fala ao Jornal Cazumbá sobre relação com o trade, autonomia de trabalho, ações
promocionais, regionalização do Turismo, diálogo com os municípios, entre outros assuntos.

1) Secretário, assuntos espinhosos, como a limitação orçamentário, baixo fluxo de turistas no Estado, especialmente na capital tem gerado insatisfação dos empresários do setor. Como estão sendo tratados esses temas?

Hugo Vieiga – Todos estes temas fazem parte da pauta constantemente. O país passa por um momento de crise e o que dificulta algumas ações / projetos, porém temos foco na solução. A Secretaria Adjunta de Turismo está em fase de planejamento, cooperações técnicas, projetos guarda-chuvas e as PPP’s - Parceiras Público Privadas estão sendo costuradas para driblar a falta de recursos para ações e projetos, bem como reverter o baixo fluxo de turistas em nosso Estado.

2) Você tem experiência e vivência no Turismo, não sabemos se tem alguma expertise no campo político. Quando o tema for politica, como serão esses diálogos?

HV – Minha indicação teve caráter técnico para a atividade fim Turismo. As questões políticas são gerenciadas pelo Secretário Titular da Pasta que é o Secretário Diego Galdino. Todavia, acredito que seja bem mais fácil para um profissional de formação técnica lidar com as questões políticas (por embasamento) do que o inverso. É mais fácil um técnico em turismo entender a política, do que um político entender de turismo.

3) Uma das grandes insatisfações do trade, foi a saída da Sectur do Centro Histórico para o Calhau. Você é a favor de sua permanência fora da Praia Grande?

HV – Anteriormente a minha chegada o Secretário Diego já havia determinado o retorno ao Centro Histórico. Neste momento ele avalia o que será melhor aos cofres do Estado. Sou a favor de estarmos na Praia Grande, mas este é um assunto a ser tratado por ele.

4) Você pretende sair do gabinete e ver a real situação das áreas e municípios turísticos do Estado?

HV – Apesar das inúmeras demandas internas, tenho saído bastante do Gabinete, é preciso estar in loco para observar os por menores, visto que também sou pesquisador e ter perfil de estar sempre em campo. Estava aguardando apenas a nomeação oficial ao cargo. Superada esta etapa e com o apoio – sempre – do Secretário Diego – iremos aos Polos, em uma série de visitas - avaliar de perto as demandas e assim termos subsídios para a tomada de decisões.

5) Em relação a projetos de Turismo. O que tem em mente?

HV – Estamos em fase final de planejamento, com pretensão de trabalharmos com ações/projetos de alto impacto e baixo custo. Um grande projeto de capacitação chamado ‘Mais Qualificação e Turismo’ está sendo desenvolvido no intuito de capacitar os prestadores de serviço do Maranhão, começaremos com área de A&B (um dos calcanhares de Aquiles do Estado), para isso iniciamos uma série de contatos com UFMA, IFMA, UEMA, Sistema S e Secti. Retomaremos a Regionalização prioritariamente com os Polos São Luís, Lençóis e Chapada, mas sem esquecer os demais (seguindo a orientação do MTUR). O mesmo com a expansão do CADASTUR. Na Promoção, definimos como mercados prioritários os Estados vizinhos (Pará, Piauí, Tocantins e Ceará) e os demais mercados ligados por voos diretos (São Paulo, Brasília, Minas Gerais e Rio de Janeiro) onde mesclaremos ações de público intermediário e final, trabalhando sempre com inteligência de mercado mirando turistas de alto poder aquisitivo e maior tempo de permanência. Dois dos segmentos turísticos que mais crescem no mundo são o Turismo de Aventura e Birdwatching (turismo de observação de pássaros) e o Maranhão tem totais de condições de absorver ambos os perfis, por exemplo. Precisamos pensar e agir “fora da caixa”, pra termos resultados diferentes e positivos.

6) Quais as metas e projetos futuros para o setor turístico do Estado?

HV – Estamos pensando em ações e projetos que sejam primeiramente percebidos pelos habitantes dos polos e ai sim possam ser sentidos em maior escala pelos turistas. Segundo Mario Beni: “Um destino só é bom para o turista se for bom anteriormente aos seus moradores”. Eu acredito fortemente neste conceito. Em relação a metas, por historicamente não termos estatísticas que norteiem as políticas públicas, buscaremos as cooperações técnicas com a finalidade de gerarmos dados estatísticos que possam nos nortear em relação a melhor tomada de decisão em relação às políticas públicas de fomento a atividade turísticas e com base nesses futuros dados projetarmos nossas metas em um cenário em que as mesmas sejam exequíveis.

7) O que mais urgentemente precisa ser feito?

HV – Existem muitas demandas, mas a política de planejamento ajuda o gestor a hierarquizá-las. Planejamento e está em fase final de execução. Ações planejadas são mais assertivas, geram menos gastos públicos e otimizam os recursos humanos e financeiros.

8) Alguns destinos maranhenses estão sem estruturação alguma para receber pessoas. Como a Secretaria pretende trabalhar essa questão?

HV – O Turismo é um ator de articulação entre executores. A nossa relação com SEINFRA e CAEMA, por exemplo, tem sido muito profícua e tempo de resposta aos nossos pleitos tem sido muito bom.

9) Parceria com as entidades e o trade turístico?

HV- O principal canal de diálogo com o trade e as entidades que o representativas é o Conselho Estadual de Turismo, que já fora retomado em nossa gestão. Assim que passar pela provação do Secretário Diego, apresentaremos ao trade e abriremos para contribuições, mirando numa construção coletiva, dentro das nossas possibilidades.

10) Parcerias com o Ministério do Turismo. Como será costurada a parceria com o MTur?

HV- Em julho (após o São João) enviaremos uma missão técnica para fazer imersão no MTUR e EMBRATUR, a fim de fomentarmos, ações/projetos que possam ajudar a alavancar o turismo no nosso Estado. As tratativas já foram iniciadas.

11) Nossa cultura local é diferenciada e as ações de divulgação do turismo, nos últimos anos, vêm reforçando esse viés, enaltecendo nosso patrimônio cultural, como é o caso do São João e Carnaval dentro do universo da cultura popular. A Sectur pretende trabalhar outras vertentes? 

HV- Temos uma das capitais mais antigas do Brasil com mais de 3.500 casarões coloniais de arquitetura lusitana, temos um ecossistema único no mundo com dunas que avançam em direção ao mar e a um grande rio, entrecortado por lagoas de águas doce e cristalina, possuímos uma chapada que possibilita o acesso mais facilitado entre as demais chapadas do país às suas variadas cachoeiras. Nosso maior diferencial é a cultura (patrimônios materiais e imateriais, gastronomia, artesanato), porém temos ativos naturais únicos como os Lençóis Maranhenses e a Chapada das Mesas. A ideia é promover esses diferencias de forma casada, fazendo com que mais pessoas se sintam atraídas pela variedade e unicidade de nossa oferta de produtos turísticos.

12) Eventos. Há pretensão em fazer uso desse nicho?

HV- O segmento MICE é um segmento muito importante, ajuda bastante a movimentar a economia local e a combater a sazonalidade. Hoje temos um problema ligado ao Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, mas que já iniciamos algumas conversas para sanar este entrave. Estamos também avaliando alternativas, como por exemplo, a UFMA tem condições de atender eventos com uma boa estrutura, além dos hotéis. Neste momento aguardaremos a definição em relação a situação do SLC&VB, para junto ao Secretário Diego decidirmos quais políticas nesse ínterim iremos seguir.

13) Há perspectivas de dias melhores para o turismo do Maranhão?

HV- Acredito fortemente que haja. O Secretário Diego tem nos dado todo apoio na medida do possível (e da atual realidade econômica supracitada). Com anuência do Secretário Diego, estamos estabelecendo cooperações técnicas com UFMA, IFMA, UEMA e UEMA NET, SEBRAE, SENAC dentre outras, além das PPP’s. Trabalhando em sintonia com Trade, tendo como base o diálogo para a construção coletiva, não vejo como não conseguir bons resultados.

14) Como esta formada a equipe da Sectur, especialmente no que tange ao turismo?

Convidamos para fazer parte da Assessoria de Turismo duas professoras da UFMA, com vastas experiências em Turismo e Hotelaria (experiências tanto de mercado, como acadêmica e pública) que muito estão nos ajudando no planejamento da Secretaria Adjunta de Turismo. Ainda com alinhamento do Secretário Diego, chamamos um talento que mapeei quando professor do curso de Turismo da UFMA e sem esquecer dos bons e experientes quadros que a Secretaria possui. Essa mescla tem tudo pra dar certo e trazer novos e bons ventos ao turismo do Maranhão.

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