segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Museu Nacional da História e Cultura Afro-americana é o primeiro sobre o assunto dos EUA

WASHINGTON - O Museu Nacional da História e Cultura Afro-americana (NMAAHC), do Smithsonian Institution, que foi aberto no último dia 24 de setembro em Washington DC, mostra a experiência da população negra no país, expondo seus conflitos. Os organizadores do local acreditam que muitos visitantes ficarão abalados com o que vão ver e ouvir.

Alguns desses itens chocantes são as algemas de escravos, expostas em uma caixa de vidro ao som de canções que falam sobre o triste passado. Ao redor, estão exibidos artefatos de um navio de escravos que transportava homens, mulheres e crianças para uma vida de servidão, além de um chicote usado para puni-los.

Funcionários treinados para auxiliar visitantes emocionados

O novo museu tem 250 funcionários para ajudar os visitantes a processar suas emoções. Eles estão sendo ensinados sobre o que fazer se alguém ficar com raiva, perturbado ou deprimido com as exposições.

Espalhados por todo o museu também estão "cabines de gravação", onde os visitantes inspirados por aquilo que viram poderão desabafar e compartilhar suas próprias histórias,que serão coletadas e armazenadas.

Inspiração em coroas africanas

O prédio foi concebido pelo arquiteto David Adjaye, nascido em Gana, e o exterior é inspirado em coroas utilizadas em alguns países da África ocidental. A construção é composta por um painel em três camadas na cor bronze, em homenagem ao trabalho de ferro forjado feito por escravos no sul dos Estados Unidos.

"As pessoas poderão expressar os seus pensamentos", disse Lonnie Bunch, diretor fundador do museu.

O museu transporte as pessoas para um tempo de horrores que poucos sabem fora de livros de história ou através de imagens higienizadas da televisão e de filmes. A tecnologia e o ambiente do museu se combinaram para proporcionar uma experiência mais "íntima", para maior compreensão e, quem sabe, reconciliação com o passado.

Museu vai estimular os sentidos

Na galeria "Escravidão e Liberdade" tudo é projetado para estimular os sentidos: o teto baixo, os quartos escuros e opressivos e as paredes, que serão cobertas com citações dos escravizadores e dos escravos.

Alguns dos itens espalhados pela exposição são de cortar o coração, como as algemas de escravos usadas em uma criança, o bloco de um leilão de escravos, e os lastros de um navio negreiro português que afundou em 1794 transportando centenas de escravos africanos.

"Você vai sair realmente pensando nas pessoas que experimentaram essa época", disse Nancy Bercaw, curadora desse galeria. "Será realmente quase como uma espécie de espaço memorial que você pode ir e prestar homenagem àqueles que foram mortos e aqueles que sobreviveram".

"Um dos objetivos do museu é humanizar a história dando uma narrativa em primeira pessoa", disse.
Outros itens emocionalmente desgastantes incluem o caixão de Emmitt Till, um adolescente negro brutalmente morto por assobiar para uma mulher branca no Mississippi, cacos de vidro da explosão da Igreja Batista, que matou quatro meninas durante o movimento de direitos civis e uma célula da prisão estadual da Louisiana, chamada Angola.

"Se nós fizermos nosso trabalho direito, eu acredito que o museu será um lugar para que todos os americanos possam refletir, aprender, colaborar e, finalmente, aprender com as lições da história", disse Bunch.

O Museu Nacional de História e Cultura-Afro Americana é o último museu que será construído no National Mall.

Fonte: O Globo

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