quarta-feira, 25 de outubro de 2017
SÃO LUÍS - O forte da culinária do Maranhão são os frutos do mar, mas, para quem vive no Litoral; pois nas outras regiões, a carne de sol, típica do Nordeste brasileiro, é um dos pratos mais apreciados no Estado. 

E lá da Mata dos Cocais, mais precisamente, no município de Codó, nasceu uma cozinheira de mão cheia, que tornou-se especialista em Carne de Sol, e carne de caça (tatu, paca, por exemplo, mas sobretudo, atualmente, é bem escassa, por necessitar de autorização para criar e comercializar animais silvestres através de órgãos públicos como o IBAMA). 

Dona Raimunda Menezes de Aguiar veio para São Luís, e montou seu restaurante na capital em 1948, funcionando ali na Rua João Luís, Diamante (subindo pela Avenida Camboa). Falamos do tradicionalíssimo “A Diquinha”. O local é um achado! Modesto, de terraço amplo e arejado, à primeira vista, parece que não está funcionando, devido ao portão gradeado está sempre passado com cadeado, mas é só para garantir segurança e privacidade aos seus clientes, cativos. 


É lá que há a saborosa e inigualável Carne de Sol, servida com cuxá, arroz branco, feijão mulata gorda com toucinho, farinha biriba, farofa, pimenta murici, e para completar, é só pedir um ovo frito de gema mole. Nunca foge ao padrão, da textura, ao tempero e ao clássico modo de servir. Delícia! 

No seu cardápio, há também outras iguarias típicas, ao gosto do cliente, como a tripinha de porco, torresmo, capão, galinha caipira, moela, sururu e sarnambi. 

Diquinha tem 84 anos, completos no último dia 10 de agosto. Teve um único filho, já falecido, e oito netos. Um dos netos tem 20 anos, chama-se Bruno e está na faculdade, um orgulho para avó, e grande companheiro, pois, veio do interior para morar com ela, para concluir seus estudos. 

Hoje em dia, Diquinha conta também com Dona Flor, que cuida da organização e da cozinha do Restaurante. Para ela, Diquinha passou alguns de seus segredos, como o modo de preparo da Carne de Sol, feita de filé, em corte especial, curtido com sal fino e especiarias por pelo menos duas horas em ambiente fresco, depois assada na brasa, com pinceladas de azeite e manteiga Real. 

Diquinha é, acima de tudo, um grande exemplo de mulher, batalhadora, de personalidade forte, e que nunca perdeu sua ternura. Gosta de um bom dedo de prosa, às vezes, reclama da saúde mas continua firme e lúcida, e adora degustar um bom uísque ou aquela dose de aguardente Pitú, para alegrar o seu dia...Uma Mestra que merece todo o respeito e reconhecimento, pois é um capítulo na história de nossa Cultura Popular. 

O Restaurante A Diquinha funciona diariamente, mas, para garantir é bom fazer uma reserva, através do telefone: 98 3232 5655, 3221 9803. 

Texto e Fotos: Vanessa Serra

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