sábado, 9 de dezembro de 2017
Narra a história do poeta e compositor maranhense e seu amor tão poético quanto etéreo e platônico pela música verdadeiramente saída das entranhas de suas experiências como homem da roça. 

Beleza verbal do espetáculo 

Como forma de homenagear o teatro Arthur Azevedo pelo seu bicentenário, o espetáculo João do Vale – o musical teve uma estreia glamourosa, que nem mesmo João nos seus melhores dias como artista popular, ousaria imaginar. 

O espetáculo - uma ideia de Celso Brandão, diretor do teatro Arthur Azevedo, leva a assinatura de Vinícius Arneiro; com dramaturgia de Felipe Correa - foi impecável. Além da trilha musical de Luiz Junior, que passeou pelo universo “valeando”, numa trilha sonora minimalista, casando perfeitamente com as interpretações dos artistas no palco e dentro da cabeça dos espectadores que viajaram nas interpretações, em um show de imagens e beleza verbal da obra do poeta maranhense do século XX. 

João, filho de Pedreiras, adorava ter os pés no chão e cantar descalço, nascido em 11/10/1934 nos deixou aos 62 anos . No último dia 06, fez 21 anos de sua partida para cantar sua poesia em um palco maior e mais iluminado, numa história de um amor por sua terra, sua gente de maneira tão singela, como nenhum outro artista ousou cantar. 

O musical

O palco do teatro Arthur Azevedo ficou pequeno para tanto talento.  O elenco se esmeirou em mergulhar nas vivências de João, numa encenação simples, limpa e sem rebuscamento, como era o universo do compositor descalço. 

O papel do poeta coube como uma luva a Vicente Melo, que de maneira sublime, acompanhou diversas faces e fases de João do Vale ao longo de sua história, de maneira simples e cativante, em um belo trabalho do começo ao fim do espetáculo. 

De outra maneira não tem como desmerecer o trabalho de Gisele Vasconcelos, James Pierre, Millena Mendonça, Juliana Cutrim, Marcone Rezende, Victor Silper e Tiago Andrade. Interpretaram personagens tão marcantes que permearam a vida de João, que se torna quase impossível olhar para algum destes astros e querer destacar entre os demais. Mas, eu ousarei! Millena Mendonça me encantou na interpretação de Oricuri "O segredo do sertanejo" "Ouricuri madurou ô é sinal, que arapuá já fez mel / Catingueira fulôro lá no sertão / Vai cair chuva granel / Arapuá esperando / Oricuri "maduricer...", nesse momento a emoção que ja era contida, não consegui mais segurar. Foi divina.

É a arte, é João, depois de 21 anos expressando novamente seus sentimentos, através de um trabalho tão primoroso, retoma a comunicação poética tão esquecida nos dias de hoje e estabelece a comunicação entre personagens tão ricos e tão bem interpretados. 

Parabéns ao governador Flávio Dino, que de maneira silenciosa constrói e redimensiona o novo fazer cultural do Maranhão. Com apoio do IPHAN, devolve a cidade o teatro Artur Azevedo, que até bem pouco tempo era um espaço para poucos e hoje é um espaço democrático, totalmente reformado em todas as suas faces, resultando em uma casa a altura do universo cultural do Maranhão, fazendo da mais bela casa de espetáculo do Brasil, um lugar de arte, primoroso, digno e agregador.

O espetáculo "João do Vale: o Musical", marcou esse novo momento da produção teatral maranhense, com apoio imprescindível do governo do Estado, na pessoa do Secretário Diego Galdino que, de maneira inteligente, dissemina esse fazer cultural e fica na história da cultura do Estado como um Secretário dinâmico que de maneira forte e profissional tem atuado em todas as frentes. E Viva João!


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