quarta-feira, 30 de maio de 2018
Os recentes problemas de abastecimento dos postos de gasolina em várias cidades do país, motivados pela greve dos caminhoneiros iniciada na última semana, têm levado consumidores a adquirirem combustível a qualquer custo. Mas é preciso cuidado: o uso de embalagens inadequadas para coletar gasolina ou etanol pode acarretar sérios riscos de vazamentos e incêndios, tanto nos postos quanto fora deles. Possíveis adulterações, mais frequentes em tempos de escassez, também podem ser um risco à saúde, exigindo cuidados na hora do manuseio.

Em primeiro lugar, o consumidor deve adquirir uma embalagem adequada. Segundo a Resolução 20/2014 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os postos estão autorizados a comercializar combustíveis (etanol, gasolina e diesel) fora dos tanques dos veículos somente se forem utilizados recipientes certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Esses recipientes vêm com selo da instituição e podem ser adquiridos nos próprios postos. São embalagens rígidas, que podem ser metálicas (com dispositivo corta fogo no bocal) ou plásticas (as chamadas bombonas), cuja comercialização depende de uma série de ensaios relacionados à resistência mecânica e à estanqueidade, tudo para garantir a segurança dos usuários no manuseio do combustível.

“É importante que o bico injetor da bomba seja inserido no bocal e o produto direcionado para a parede do recipiente, que deve estar apoiado no piso, de forma a minimizar a geração de eletricidade estática – uma fagulha poderia facilmente causar um incêndio”, explica Mara Siqueira Dantas, pesquisadora do Laboratório de Embalagens e Acondicionamento do IPT. “Além de proibido, o uso de uma embalagem qualquer pode levar a improvisos, como o emprego de funis, aumentando o risco de gerar eletricidade estática. O risco de vazamento cresce, já que as tampas dos recipientes não passam por ensaios tão rígidos de estanqueidade”, avalia.

A pesquisadora recomenda que o consumidor mantenha-se afastado durante o enchimento do recipiente, que deve ser feito pelo frentista, e verifique se a tampa foi bem fechada ao recolher a embalagem. Por serem líquidos inflamáveis e perigosos, ela também indica que sejam mantidos em locais abertos, arejados e frescos (ver infográfico).

E NA HORA DE ABASTECER? – Mais frequente com os atuais problemas de abastecimento, a chamada ‘pane seca’ – ou seja, o combustível acabar antes de o motorista chegar ao posto – exige cuidados na hora de lidar com o combustível. Tomadas todas as precauções durante o armazenamento, é preciso lidar com outro problema: a adulteração.

Embora a ANP tenha programas de fiscalização, atualmente boa parte dos combustíveis – gasolina e etanol – é adulterada com a adição de metanol, substância economicamente mais vantajosa do que as demais e legalmente proibida como combustível no Brasil. Com a escassez, a situação tende a se agravar. Renato de Franca, pesquisador assistente do Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes do IPT, explica que se trata de um produto extremamente tóxico, que pode provocar irritações na pele e nos olhos, dificuldades de respiração, se inalado, e até a morte, em caso de ingestão.

“Muitas pessoas costumam utilizar mangueiras de plástico ou borracha e fazer a sucção com a boca, mas isso é perigoso. O ideal é utilizar o bico para bombona, dispositivo que já é comercializado com a embalagem certificada e consiste em uma espécie de tampa acoplada a uma mangueira rígida”, diz Franca. “Se possível, a pessoa também deve utilizar luvas e óculos apropriados, para evitar o contato com os olhos e a pele. Se isso ocorrer, ou mesmo a ingestão, deve-se lavar a área afetada abundantemente e chamar um médico”, finaliza.

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