segunda-feira, 11 de junho de 2018

Marcante pela batucada entoada pelo movimento das costas das mãos dos brincantes ao tocar nos pandeiros, o sotaque tem origem em Cururupu e possui um ritmo mais lento que os bois de matraca. Os tambores-onça e os maracás também complementam a sonoridade desses grupos. Quanto aos personagens, destacam-se os vaqueiros campeadores e de cordão, os tapuias (uma espécie de estrangeiro que não pertence a tribo), os tocadores e as índias.

Quem conta um pouco da luta e da história do sotaque costa de mão é um dos conservadores do estilo, o cantador e proprietário do Boi Sociedade de Cururupu em Tagipuru, Umbelino dos Santos Pimenta, conhecido pelos mais íntimos como Belo.

Nesse período, em 1953, ele já quebrava todos os protocolos, e além de brincar nos boizinhos infantis, por volta dos seus 8 anos, ele também acompanhava os adultos nos bois oficiais da época.Com 75 anos de idade, ele relata que mais de 60 deles foram intensos dentro das brincadeiras. Umbelino está entre os nomes mais fortes e resistentes dessa cultura, e não é à toa. Ele mantém o seu próprio boi há 40 anos. Belo conta que a paixão pelo bumba meu boi começou quando ainda era garoto, por volta dos 10 anos, quando seu pai de criação custeava as apresentações dos bois nos festejos de São João, na cidade de Cururupu.

“Quando acabava as apresentações das crianças, eu pegava meu maracazinho e ia pro boi de gente grande. Sempre gostei. Com isso, eu peguei o costume… Eu brincava era de vaqueiro e tinha, como ainda tenho, muito orgulho do que fazia, representando minha cultura e minha origem. Sempre tive na minha consciência de que o bumba meu boi é um brinquedo que traz diversão, mas é um brinquedo sério”, conta.

De volta

Quando se fala da tradição do boi sotaque Costa de Mão, seu Belo se emociona e relata que durante estes 40 anos em que realiza a brincadeira, como proprietário, muitas perdas aconteceram.

“Às vezes eu paro e penso que já foi a época do costa de mão. Ele já esteve no páreo entre as melhores brincadeiras do nosso estado, mas com o tempo foi se perdendo. Eu lembro que tínhamos por volta de 18 bois neste sotaque. Era o meu, do meu irmão, tinha uma senhora que tinha um na Vila da Conceição, entre outros.  Tivemos que lutar muito para sair do grupo C do São João, e nos tornar do grupo A. Penei muito para levar o nome do costa de mão e tomara que agora a gente possa levantá-lo”, diz Belo.

Umbelino atrela o risco de extinção do sotaque costa de mão ao desestímulo dos jovens da atualidade. “Hoje tem muitos sotaques de bois, e esses outros que surgem vêm tirando a nossa atenção. O povo que nasce agora não quer saber de tradição, então vai se perdendo, vai se deixando de lado. Esses jovens querem saber daquela boniteza, que mostra o corpo, mas não querem saber das raízes, do que ficou lá atrás. E é isso que está acabando com a nossa brincadeira. E nós não podemos ficar de braços cruzados, temos que criar uma forma que eles enxerguem a gente para que essa tradição seja eternizada”, diz.

Informação: Ma10

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