terça-feira, 4 de junho de 2019

Por meio da literatura, adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa estão descobrindo o prazer da leitura, no Centro Socioeducativo de Internação de São Luís, unidade da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac). Nesta semana, eles participaram do 1º Café Literário com o tema “Descobrindo leitores na Socioeducação”, que teve a presença dos escritores maranhenses Antônio Guimarães de Oliveira e Raimunda Frazão e professores e da comunidade socioeducativa.

Em um bate papo descontraído, os socioeducandos conheceram um pouco da trajetória de vida dos escritores, de como foi o processo de escrita das suas obras, e sobre como a leitura pode apresentar novos e prazerosos caminhos de vida.

Para o historiador e escritor Antônio de Oliveira, que integra a Associação Maranhense de Escritores Independentes (Amei), o Café Literário foi uma atividade muito interessante.

“Compartilhar conhecimento com esses adolescentes foi fantástico. A leitura e a educação são o caminho e a possibilidade de reconstruir vidas, por isso fiquei tão feliz em colocar este sentimento de leitura e de falar sobre minha experiência enquanto escritor para eles”, destacou o escritor, que também leciona nas unidades socioeducativas da Funac.

A cordelista Raimunda Frazão compartilhou do mesmo sentimento. “Foi uma grande satisfação trocar ideias com estes jovens e poder falar das minhas obras. Os livros aproximam as pessoas e pude me conectar com eles”, disse a escritora, que declamou suas obras com originalidade e chamou muito a atenção dos adolescentes.

“Eu comecei a ler na unidade para me desenvolver e interagir melhor com as pessoas. Daí eu fui lendo todo tipo de livro e neste ano já li seis livros”, contou um dos socioeducandos que desenvolveu o gosto pela leitura. “Enquanto puder, quero ler ainda mais e eu gostei de conhecer os escritores, vê como se escreve um livro”, afirmou.

Para outro socioeducando, o Café Literário foi um incentivo à escrita. “Aqui na unidade passei a escrever em um diário sobre a minha vivência na medida socioeducativa. Conhecer os escritores me incentivou ainda mais, quero melhorar minha leitura e continuar a escrever. Quem sabem, um dia, publicar meu livro também”, disse animado.

Os escritores também doaram algumas das suas obras para a biblioteca da Unidade e os livros foram recebidos com muito entusiasmo pelos adolescentes.

Mais leitura

No eixo da escolarização, no âmbito das medidas socioeducativas, desenvolver o processo contínuo de leitura e escrita dos adolescentes é um desafio constante, por causa da baixa escolarização dos adolescentes. Ao chegar nas unidades, eles possuem, em média, até a 9ª série do ensino fundamental concluída, de acordo com os dados do Sistema de Dados da Funac (Sidaf).

“Por isso, a necessidade de buscar formar criativas e diversificadas de incentivo à leitura, para que eles possam melhorar seu desempenho escolar e avançar na conclusão dos estudos”, explicou a pedagoga da unidade, Lígia Saraiva. “Disso surgiu a proposta do café literário, como um momento de ampliação da aquisição de vocabulário, para o contato com diferentes formas de escrita, e a percepção das estruturas dos diferentes gêneros literários”, acrescentou.

A presidente da Funac, Sorimar Sabóia, participou do evento. “Foi uma excelente oportunidade para os socioeducandos conhecerem os escritores, as obras literárias que temos, abrir a mente e adquirir novos conhecimentos através da leitura”, parabenizou a gestora. “Destaco, também, o envolvimento dos professores e dos membros da comunidade socioeducativa nesta ação concreta, que aliou a teoria com a prática, reforçando a mensagem de que a leitura é fundamental para vida”, concluiu.

“A avaliação do Café Literário foi muito positiva, conseguimos disseminar a importância da leitura a partir da apresentação dos autores, da narrativa de como eles se inseriram na lógica de produção textual. Na rotina da escolarização, já é possível observar maior interesse dos adolescentes nas atividades e na busca por livros, embora ainda tenhamos desafios a superar”, avaliou a diretora do Centro, Josenilde Sales.

Mais livros

No Café Literário, a unidade recebeu cerca de 49 títulos, de gêneros variados, como incentivo à leitura. O material foi doado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), como resultado da campanha de arrecadação de livros, realizada em 2018. Até o final deste mês, as demais unidades receberão as doações.

Para reforçar essa prática, os adolescentes produzirão textos sobre a importância da leitura para vida em sala de aula, atividade que será conduzida pelos professores de língua portuguesa. Brevemente, será realizada um exposição com o material produzido.

O incentivo à leitura segue em outras unidades como o Centro Socioeducativo do São Cristóvão, que está realizando o projeto Caixinha da Leitura. Os interessados em contribuir com a iniciativa podem fazer a doação de livros paradidáticos na própria unidade, localizada no bairro do São Cristóvão, durante todo o ano.

Fonte: MA.gov

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