quinta-feira, 22 de outubro de 2020

No Dia do Enólogo, MTur destaca um dos segmentos que pode ser priorizado por visitantes no retorno às atividades turísticas

Seguindo a tendência da retomada das atividades turísticas no Brasil, que aponta para a preferência por viagens curtas e com natureza, o segmento de enoturismo está em plena recuperação. E otimista. O turismo associado à cultura, tradição e apreciação de vinhos tem se fortalecido no país, juntamente com a estrutura de atendimento ao turista com hotéis, pousadas, bares e restaurantes. O cenário fica ainda mais promissor com a chegada da vindima, que é a época de colheita das uvas. E, em homenagem ao Dia do Enólogo, celebrado nesta quinta-feira (22.10), a Agência de Notícias do Turismo conversou com representantes de um dos segmentos que mais crescem no país.

Os números mostram que o enoturismo foi responsável por muitas viagens pelo Brasil. De acordo com a Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), antes dos impactos da pandemia de coronavírus, o número de “enoturistas” vinha crescendo de 10% a 15% ao ano. Apenas a cidade de Bento Gonçalves (RS) recebeu mais de 1,5 milhão de turistas em 2019, sendo 500 mil somente no Vale dos Vinhedos. A expectativa é que em 2021 o setor possa retomar a mesma performance.

O presidente da Uvibra, Deunir Argenta, destaca que grande parte das vinícolas são pequenas e familiares, com uma dependência muito significativa do enoturismo. “A venda direta ao consumidor no próprio varejo da vinícola, o contato do produtor com o turista, as experiências em torno da cultura da uva e do vinho são fundamentais para o desenvolvimento do setor”, disse. Argenta explica também que, a partir do crescimento do enoturismo, surgiu também uma estrutura para atender os visitantes. “Um exemplo é o Vale dos Vinhedos, única região do país com Denominação de Origem (DO) de vinhos”, afirmou.

O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura ressaltou ainda que, com o turismo de proximidade, que deve aumentar muito em razão das viagens para o exterior ainda estarem distantes, o enoturismo só tem a ganhar. “O que será ótimo para recuperar as perdas do período em que as vinícolas precisaram estar fechadas, o que impactou também todo o trade turístico”, declarou. “Estamos às vésperas de mais uma vindima, período que vem ganhando maior procura por parte dos turistas. A expectativa é grande”, apostou.

EXPERIÊNCIA - Dependendo da época do ano, o turista pode viver experiências diversas no enoturismo, mas é só de janeiro a março que ele vive a vindima no Sul do país. É possível, inclusive, participar da colheita numa programação turística pensada especialmente para esta finalidade. As experiências contemplam, ainda, piqueniques, almoços e jantares harmonizados, cursos rápidos de degustação, visitas guiadas com degustação, passeios de trator no meio do vinhedo, colheita noturna, cinema entre os vinhedos, entre outras opções.

E a retomada já começou. Bento Gonçalves, por exemplo, foi pioneiro no Selo Ambiente Limpo e Seguro que capacitou e avaliou os estabelecimentos do segmento. A iniciativa é do governo local baseada nos protocolos de segurança do Ministério da Saúde que prevê a disposição de com álcool em gel 70%, uso e disponibilização de máscaras, distanciamento controlado, diminuição da capacidade de atendimento, limpeza geral a cada 3 horas, sinalização para conscientização, treinamentos.

O enoturismo, de acordo com a Uvibra, é o grande responsável pelo sustento das pequenas vinícolas familiares que são maioria no setor. Além disso, apostando em experiências sensoriais capazes de criar memórias para uma vida inteira, as vinícolas não medem esforços para criar novos atrativos em torno da cultura do vinho. “E é justamente isso que vem fidelizando os apreciadores que, além de um bom vinho, buscam vivências únicas”, concluiu Deunir Argenta.

GUIA VALE DOS VINHEDOS – Uma das mais famosas opções de enoturismo no Brasil, o Vale dos Vinhedos se localiza no centro do triângulo formado pelas cidades de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Garibaldi. O roteiro, que recebeu meio milhão de turistas no ano passado, ganhou um guia completo, elaborado pelo site Vida Sem Paredes, que relata experiência de viagens e turismo consciente e de qualidade. Acesse o guia AQUI.

O Vale dos Vinhedos é a primeira região brasileira oficialmente reconhecida como Indicação Geográfica e a ter Denominação de Origem (DO), uma classificação exclusiva e que garante que os vinhos e espumantes produzidos ali tenham qualidades únicas. “Por isso fizemos este guia, para incentivar que mais pessoas conheçam este lugar tão especial”, explicou Nange Sá, jornalista e co-fundadora do site Vida Sem Paredes. “Passamos uma semana no Vale dos Vinhedos, conhecendo e explorando todo tipo de atração. Percorremos a estrada do Vinho e a Via Trento, visitamos Garibaldi e conhecemos o Roteiro Caminhos de Pedra, tudo para levar a melhor experiência aos nossos leitores”, relembrou.

Nange afirmou que este é um ano atípico e todos os setores do turismo precisaram se readequar. Para ela, o enoturismo é capaz de aliar atividades com temas ligados à gastronomia e outras práticas a céu aberto, como piqueniques e caminhadas. “Em um momento em que as pessoas buscam por experiências ao ar livre, turismo rural e gastronomia, o vinho entra como um importante objeto de desejo, pois dá a oportunidade ao viajante de viver algo totalmente diferente do seu dia a dia”, disse.

A jornalista salientou ainda as vantagens de curtir esse tipo de turismo para, também, conhecer a história do nosso país. “Tanto para quem ama vinhos, quanto para quem não tem o hábito de consumir a bebida, visitar o Vale do Vinhedos é uma imersão à história do vinho, à história dos imigrantes e, de certa forma, à nossa própria história”, opinou. “Para mim, é muito válido conhecer vinícolas famosas, mas algo imprescindível é visitar também as vinícolas familiares, conversar com as pessoas e conhecer suas histórias. Só assim você vai conseguir entender a importância do vinho, o que vai muito além de ser uma bebida deliciosa e romântica”.

DIA DO ENÓLOGO - Celebrado neste 22 de outubro, o enólogo é o profissional capaz de transformar a uva em vinho, espumante e suco de uva. Ele é um profissional que conhece todos os procedimentos relacionados ao processo de produção da bebida com um determinado padrão. O seu trabalho de elaboração de vinhos está intimamente ligado à ciência e à tecnologia. Tudo para compreender o terroir de cada região (solo, clima) extraindo dele o que tem de melhor para fazer o melhor vinho de sua vida.

Para o presidente da ABE (Associação Brasileira de Enologia), Daniel Salvador, o enólogo também ocupa outras posições nos dias de hoje, atuando no marketing do vinho, no turismo e na gestão. “Ao abrir uma garrafa de vinho ou espumante e degustar, não nos damos conta de que por trás dele tem sempre um enólogo, independente de marca comercial. Afinal, a bandeira do enólogo brasileiro é o vinho brasileiro”, explanou. “Um dos lemas da Associação Brasileira de Enologia é: Todo vinho tem marca. A marca da dedicação de um enólogo”, pontuou.

Informação: Ministério do Turismo 

0 comentários:

Postar um comentário